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VENEZA: UMA CIDADE NA CRISE DO SÉCULO XVII

Por:   •  26/3/2016  •  Resenha  •  1.252 Palavras (6 Páginas)  •  408 Visualizações

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RESUMO: O presente artigo propõe analisar o impacto da crise do século XVII na economia veneziana e suas conseqüências na sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Veneza – Declínio – Crise do século XVII.

Desde sua fundação até o século XVI, Veneza expandia seus domínios territoriais e políticos na Europa e Oriente Médio. Sua forma de governo era singular ao analisarmos as outras potências européias do período, uma República Aristocrática. Possuía grande fama pela sua arquitetura e beleza, e utilizava a diplomacia como instrumento de seus interesses políticos e econômicos através da figura do embaixador e do diplomata.

O embaixador prestava atenção ao número e capacidade das forças armadas do país e a base jurídica que o governava. Mas o diplomata teria de compreender e perscrutar as intenções dos ministros e capacidades dos mesmos, carácter e planos tácticos dos príncipes e conselheiros. (OLIVEIRA, 2000, p. 33)

A nobreza atuava nos assuntos políticos e econômicos e sua distinção “consistia nos cargos que exerciam. Primeiro o doge, depois os procuratori di S. Marco, uma espécie de nobreza para toda a vida e a seguir, os detentores de outros importantes cargos políticos”. (BURKE, 1991, p. 26). Na teoria, Veneza era governada pelo Maggior Consiglio (Grande Conselho), composto por todos os nobres do sexo masculino com mais de vinte e cinco anos, além de poucos integrantes possuírem idade inferior à determinada.

A nova rota para as Índias descoberta pelos portugueses causou impacto na economia veneziana, que perdeu seu controle hegemônico do comércio das especiarias, que a obrigou a se adaptar a nova realidade. Desde esse período uma série de acontecimentos foi aos poucos transformando a economia de Veneza e prejudicando o seu comércio, percebe-se também que muitos membros da elite optaram para o cultivo da terra nas possessões venezianas no Continente.

Havia forças empurrando a elite veneziana para fora do comércio, e forças atraindo-a para a terra. A perda de Chipre, em 1570, foi um golpe no comércio; assim como a presença, no Mediterrâneo e no Adriático, de navios ingleses e holandeses que combinavam comércio e pirataria, aproximadamente de 1580 em diante; e também a aparição dos piratas bárbaros e dos uscocos, que operavam a partir de bases na costa da Dalmácia. [...] Quanto à atração pela terra, há o fato de que os preços do trigo triplicaram em Veneza entre 1550 e 1590. (BURKE, 1991, p. 153)

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¹ graduandos em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Também as guerras que Veneza empreendeu contra o Império Otomano pela disputa de Creta, em meados do século XVII, e pela disputa da Moréia, quase no final do século, e também com outras potências européias, contribuíram para a crise econômica na República, que para obter dinheiro o governo aceitou que novas famílias ingressassem na nobreza pagando o valor de 100 mil ducados, o que gerou uma “inflação de honrarias”. Apesar de o patriciado de Veneza não ter apresentado uma diminuição de riqueza durante o período.

Segundo Burke “a elite não parece estar em decadência econômica; não foi a elite, mas a cidade que entrou em decadência, passando de um porto de importância européia a um porto de importância regional” (1991, p. 148), fato que comprova o argumento de Hobsbawn que enquanto certas cortes e metrópoles administrativas ou centros comerciais adquiriram grandes dimensões “as grandes cidades que haviam crescido durante o século XVI permaneceram estacionadas.” (2006, p. 80), e quando ele fala sobre a península itálica, que algumas áreas se desindustrializaram, passando da região mais industrializada e urbanizada “da Europa a uma zona tipicamente camponesa e retrógrada” (2006, p. 80), isso devido ao Mediterrâneo ter entrado em declínio em razão da nova importância dada ao Atlântico.

Os efeitos da crise do século XVII em Veneza não foram somente econômicos, houve um declínio demográfico, isso devido às pragas que assolaram a cidade, particularmente a praga de 1630-31, e também em razão das guerras que a mesma empreendeu contra outras potências.

Voltando à elite veneziana, Peter Burke cita um comentário de um embaixador britânico, Dudley Carleton, que visitou Veneza por volta de 1612, fez sobre a nobreza veneziana, o que contribui para a noção de que a nobreza não decaiu, mas mudou sua atividade econômica e moral, o que representa a decadência da cidade, pelos nobres terem optado pela terra que pelo comércio marítimo.

Eles aqui mudam as suas maneiras...Seu antigo modo de vida era o comércio; o que está agora totalmente abandonado, pois eles se voltam para a terra comprando casa e terras, equipando-se de carruagem e cavalos, e entregando-se a uma boa vida com mais ostentação e galanteria do que aquela a que estavam acostumados...seu costume era enviar os filhos ao Levante, em galeras, para familiarizá-los com a navegação e o comércio. Agora, enviam-nos em viagens para aprender antes os modos

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