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É POSSÍVEL ESCREVER UMA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA GERAL TENDO EM PERSPECTIVA CULTURAS QUE SE RELACIONAM COM DIFERENTES CONSCIÊNCIAS HISTÓRICAS?

Por:   •  9/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.521 Palavras (7 Páginas)  •  322 Visualizações

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É possível escrever uma História da historiografia geral tendo em perspectiva culturas que se relacionam com uma consciência histórica diferente?

 Dentro deste questionamento é necessário evidenciar as diferentes formas de pensar o tempo, a relevância que o passado possui dentro da sociedade. Algumas culturas vão valorizar a sua consciência histórica através da oralidade como a indígena, a chinesa através de tradições milenares como o confucionismo, e a tradição ocidental, que dará uma ênfase maior no processo de musealização.

A forma como os gregos pensavam o tempo é divergente da contemporânea, atualmente a historiografia possui a influência judaico-cristã de pensar o tempo, de uma forma linear. O tempo tem um início e terá um fim para a sociedade judaico-cristã.

E possível identificar conforme a bíblia é estabelecida de Gênesis ao Apocalipse, ideologia escatológica que mantem a projeção no futuro, a expectativa no retorno do messias se tratando do cristianismo, ou a libertação dos israelitas escolhidos por Deus que esperam ainda a chegada do messias. Mantendo assim projeções confiantes no futuro.

Embora não significa dizer que gregos e romanos tinham concepção de tempo a-histórico, mas tem um aspecto primeiro somente uma pequena parcela da população, aqueles que liam, homens de estado, sábios e historiadores é que tinham uma concepção de tempo mais próxima a nossa, a maioria da população a concepção de tempo deles estavam regidas pelo mito.

A relação da sociedade chinesa com o tempo não há um levantamento de questão existencial como no ocidente, não há um ponto de partida como um modelo judaico-cristão de um criacionismo, consequentemente não há um fim do mundo esperado.      

Mantendo uma concepção do pensamento histórico filosófico de Karl Löwith o cristianismo universaliza a noção de tempo no ocidente, de tal influencia que mesmo após um historicismo no fim do século XVIII e inicio do XIX que vão proporcionar novas interpretações de uma história secularizada, mas a estrutura de um tempo linear estabelecendo apostas em um futuro melhor é mantida, o passado é julgando como retrogrado insatisfatório.

“Dada a nossa preocupação com a história e a historicidade, somos levados a acreditar que a consciência histórica moderna se iniciou com o pensamento hebraico e cristão, ou seja, com perspectiva escatológica em direção a uma realização futura. Também nós temos vindo a insistir ao longo deste estudo que o nosso sentido histórico deriva do futurismo hebraico e cristão.” [1]

A partir das perspectivas apresentadas de diferentes consciências históricas voltemos ao questionamento anteriormente proposto, da possibilidade de uma escrita da história da historiografia universal, para tal hipótese tentarei trabalhá-la a partir de conceitos propostos Jörn Rüsen  de uma historiografia comparativa.

Na concepção de Rüsen a comparação, ou modo de uma analise intercultural é mais que uma simples junção de diferentes histórias das historiografias. “É necessário saber que campo de coisas deve ser levado em consideração e de que maneira as descobertas nesse campo devem ser comparadas.”[2] 

É proposta então uma analogia das divergências e uniformidade da historiografia. É preciso uma cautela de em se fazer essa paridade intercultural, a partir dos historiadores manterem uma observação de historiografias diferentes, mas mantem uma pensamento histórico da sua cultura. Sendo capaz de ocasionar conflito politico também.

Rüsen propõem uma prudência em se manter essas comparações, quando mantemos uma comparação de historiografias distintas da sua cultura.

     

“Por exemplo, pode-se perguntar: como devemos tratar com elementos de ficção e imaginação poética na representação do passado? Se avaliamos esses elementos como a-históricos, não históricos ( mesmo anti-históricos), ou como essenciais para entender a história, vai depender do conceito de pensamento histórico e historiografia dado pela nossa cultura. Outro exemplo é a questão da importância de uma linguagem escrita. Por causa de uma convicção acriticamente assentada sobre o papel constitutivo de uma linguagem escrita.” [3]

A importância do método comparativo é também destacado por Rüsen para não cometer erros metodológicos, como anacronismo, interpretações etnocêntricas e analises superficiais em historiografias.

“Mas a própria tipologia transgredi essa linha fronteiriça com um passo decisivo  para indicar um modo de pensamento que não emerge necessariamente de um código cultural. Uma tipologia das diferenças culturais, uma construção necessariamente heurística, tem de evitar caracterizar culturas como entidades ou unidades preestabelecidas.”[4]

Rüsen coloca em perspectiva um relevante conceito, para uma analise de uma teoria geral da memoria cultural, que possibilita comparações de consciências históricas diferentes. Sociedades diferentes quando relembram o seu passado tem por objetivo compreender o presente, e ter expectativas individuais e coletivas para o futuro.

“Uma teoria que explica esse procedimento fundamental e elementar de dar sentido ao passado consoante à orientação cultural no presente é um ponto de partida para comparação intercultural. Tal teoria tematiza a memória cultural ou a consciência histórica que define o objeto de comparação em geral. Ela serve como definição categórica do campo cultural no qual a historiografia toma forma.” [5]

Princípios de sentido expostos pelo autor determinam como as analises historiográficas podem ajudar no sentido de suportar as mudanças durante o tempo, a eventualidade, o acaso, a contingencia.  São princípios como “simbolismo orientador”, “uma interpretação geral da vida e do mundo”.  “Esse simbolismo esta relacionado a três fatores principais: o eu, a sociedade e o cosmos.” [6] 

Rüsen levanta questionamentos sobre as comparações interculturais, a respeito do método comparativo como devem ser estabelecidos, cuidando para não atribuir historiografia europeia  como dominante, e contribui para uma tentativa de resposta a indagação da proposta inicial do trabalho.  

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