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A Análise Comparativa Entre a Obra de J. de Alencar

Por:   •  8/3/2023  •  Resenha  •  626 Palavras (3 Páginas)  •  50 Visualizações

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        O Romantismo se estabeleceu como manifestação literária em meados do século XVIII e durante o século XIX o seu apogeu com grande repercussão na Europa e também no continente americano. Um dos pilares dessa proposição artística era a constituição de uma literatura de fantasia e promovida por meio de elementos artificialmente elaborados. Portanto, é fundamental para compreender o texto literário do período que a idealização de personagens , narrativas, costumes e valores está presente na produção romântica. O contexto de produção também corrobora para esse objetivo, sendo a ascensão da burguesia um dos elementos que compõem tal cenário.

No Brasil do século XIX, especificamente após o ano de 1822, há uma necessidade de construção identitária de valores nacionalistas, apoiado na exaltação da natureza, bem como da cultura dos povos originários. Sendo assim, o indígena é escolhido o representante dos valores heroicos que remetem a esse intento. Com uma maior circulação dos textos a partir desse período, alguns escritores se firmaram como relevantes para a compreensão do período de produção de prosa romântica no Brasil. O cearense José de Alencar é um referencial a partir de sua trajetória literária.

O projeto literário alencarino é evidenciado pelo próprio autor, pois com a publicação da obra Como e porque sou romancista (1893) se refere a suas ambições com a produção e suas referências, a partir das quais desenvolveu obras que identificam significativamente a literatura brasileira romântica. Cabe ressaltar, a produção do que pode ser considerada uma trilogia indianista em sua obra. Com a publicação de O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874), o autor forja a construção do mítico herói nacional. Sob a influência da perspectiva filosófica de Jean Jacques Rousseau, identificada no “mito do bom selvagem”, no qual o filósofo argumenta que os indivíduos são originalmente puros, porém corrompidos pelo meio, há uma idealização do homem primitivo. Tal percepção encontra ressonância no contexto histórico abordado por Alencar, o processo de chegada e colonização dos europeus e seu contato com os povos originários no Brasil.

Contudo, cabe ressaltar ainda que essa construção idealizada por José de Alencar tanto dos valores quanto dos aspectos físicos do indígena está sob intensa influência do resgate romântico dos valores do cavaleiro medieval, enquanto herói, sendo a representação do ser humano justo, fiel, corajoso, forte e ético. Esse estereótipo pode ser observado com muita clareza no personagem Peri, de O Guarani, no qual o mesmo é apresentado com tais características.         

Logo, é possível estabelecer uma análise sobre a produção literária romântica e a influência que essa sofreu de obras europeias, que agregam valores pertinentes àquele continente. A mesma visão eurocêntrica está evidentemente presente no primeiro documento escrito em língua portuguesa no que mais tarde viria a ser denominado Brasil: a carta de Pero Vaz de Caminha.

O escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral enviou ao rei de Portugal, D. Manuel I, suas impressões acerca do lugar em que aportaram as embarcações lusitanas. No texto é possível observar que há um deslumbramento com a fauna, a flora e também com os habitantes locais. No que se refere aos povos originários, Pero Vaz descreve-os fisicamente bem como por suas atitudes. Nesse segmento da carta é possível estabelecer uma semelhança de percepção quanto aos indígenas com a noção de indivíduos ingênuos e primitivos, que está presente na reflexão de Rousseau e que seria fundamental para a elaboração do ideal de herói romântico de José de Alencar.

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