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A Análise do Corpus

Por:   •  23/2/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.845 Palavras (8 Páginas)  •  215 Visualizações

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A BBC News Brasil em Londres participou, discretamente, por cinco meses de um grupo do whatsapp que fornece medicamentos abortivos para mulheres que não querem prosseguir com a gravidez. 90 mulheres de diferentes regiões do Brasil participam do grupo.

Segundo a BBC Brasil, no dia 22 de março as 0h39 uma das integrantes do grupo mandou uma mensagem dizendo que ter começado a fazer o procedimento, e que estava sentindo calafrios.

“Acho que nunca senti tanta dor na minha vida”, declarou a jovem chorando através de um áudio enviado ao grupo. Algumas mulheres que já fizeram o procedimento se pronunciam para tentar acalmá-la, elas passam a madrugada conversando no grupo. Ana, nome criado para proteger a verdadeira identidade da moça, relata por mensagem tudo que está sentindo e chega a considerar a hipótese de chamar uma ambulância, entretanto, caso isso ocorresse ela se autoincriminaria por aborto, constata a BBC. Além disso, também correria o risco de ter as mulheres que vendem o medicamento denunciadas, considerando que no brasil a prática de aborto é considerado crime, pois o aborto é permitido apenas em caso de estrupo, risco de morte da mãe ou feto com anencefalia.

O remédio abortivo é vendido por uma das administradoras do grupo, e enviados pelo correio. As outras são espécies de “guias” que “ajudam” e instruem as gestantes durante o procedimento, tudo isso virtualmente, por mensagens, vídeos e áudios.

As pílulas vendidas pelo whatsapp custão em torno de R$ 900 e R$1,5 mil, sendo que essas são iguais às usadas legalmente em hospitais. O preço depende do estágio da gravidez. O remédio faz com que o feto seja excretado.

As administradores do grupo aconselham a todas para que após o procedimento, busque um hospital para examinar se é necessário realizar a curetagem, contudo, elas também orientam como as mulheres devem dizer para fazer os médicos acreditarem que foi aborto natural, para não serem denunciadas. No grupo do whatsapp, as grávidas, principalmente, tiram dúvidas e falam sobre os seus medos com as mulheres que já fizeram o aborto.

Tiveram dois casos de no grupo que chamaram a atenção, o de uma menina de 13 anos que engravidou do primo e o de uma jovem que foi vítima de estrupo, mas preferiu um aborto clandestino por medo de ser humilhada e de ter que falar detalhadamente como sofreu abuso. A jovem disse que não queria o bebê por ter medo e vergonha, algumas mulheres tentam fazer com que ela procure um hospital, já que ela é protegida pela lei por ter sido estuprada, e além disso, no hospital o procedimento é legal e grátis.

A médica Alessandra giovanini, coordenadora do núcleo de aborto legal do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, falou sobre os risco de fazer aborto acompanhamento médico.

A médica comentou que acha que as administradoras do grupo até têm a intenção de ajudar, no entanto, as pacientes desse tratamento clandestino correm sérios riscos, inclusive o de morte.

Abortivos pelo correio

A repórter da BBC News Brasil, fingiu ser uma grávida que queria abortar, ela pagou R$ 930 através de depósito bancário, R$ 900 de medicamentos e R$ 30 de frete. Dois dias depois as pílulas chegaram no endereço indicado pela repórter, as seis pílulas vieram dentro de uma caixa de CD, envolta de uma embalagem de papel.

Segundo contas freitas pela BBC  Brasil, a quantidade de grávidas que entram nesse grupo gira em torno de 20 mulheres por mês. E, de acordo com uma das administradoras do grupo, foram feitos mais ou menos 300 abortos durante três anos.

Depois de interromper a gravidez a maioria das mulheres saem do grupo. Elas relatam o que sentiram durante procedimento, mas agradecem o apoio e atenção que as administradora do grupo dão a elas.

Diariamente, são realizados abortos, sob as orientações das administradora. Só no dia 28 de dezembro, foram realizados pelo menos três abortos, segundo as trocas de mensagens observadas pela reportagem.

Para entrar no grupo secreto é necessário ser convidada por uma das administradores, as recém-chegadas são recepcionadas por uma mensagem, na qual, dão as boas vindas e explicam qual é o objetivo do grupo, além disso, explicam os cuidados que as integrantes do grupo devem ter, para que o grupo não seja descoberto e denunciado. Ademais, as participantes devem seguir regras, como a de não fazer julgamento machista e a de não compartilhar mensagens com pessoas que não participam do grupo.

As grávidas recebem um pdf com orientações do procedimento, também recebem o contato para a compra de medicamentos, e o telefone de uma clínica clandestina na grande São Paulo, para o caso de alguém preferir abortar com acompanhamento médico. As administradora enviam também um tutorial em vídeo.

 

Segundo as administradores, o  procedimento na clínica custa de R$ 4,5 mil a R$ 7,5 mil, dependendo do estágio da gravidez. De acordo com uma das gestantes que procurou a clínica, a primeira consulta custa R$ 400, por conta do preço, a maioria das gestantes preferem a clínica virtual, até porque, segundo elas, algumas têm dificuldades até mesmo de conseguir R$ 900 para o medicamento.

Algumas mulheres relatam que tem dificuldades para pagar, mas, as administradoras declaram não fazer nenhum desconto, por correm riscos de serem presas, por vender em medicamento ilegalmente. Além do mais, é difícil conseguir o medicamento para revender.

A venda destes medicamentos abortivo é proibido no brasil desde 2005, o uso destes é restrito a hospitais.

A pena para quem provoca o aborto com o consentimento da grávida é de 4 anos de prisão, de acordo com o advogado criminalista Conrado Almeida Gontijo, as administradoras do grupo também podem ser indiciadas pela venda de remédios não autorizadas pela no Anvisa, a pena vai de 10 a 15 anos de prisão.

Origem do Grupo

A BBC Brasil entrevistou a coordenadora do grupo, a mesma declarou que decidiu criar o grupo para ajudar as mulheres que não querem ter filhos, pois, ela acha que ninguém merece ter um bebê se não quiser, já que a mesma teve filho em decorrência de um estrupo aos 19 anos, quando, segundo ela, ainda não estava pronta para maternidade. Ademais, a mesma não conseguiu abortar legalmente, por conta do pai ser uma pessoa influente.

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