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A ESCRITURA DE CLARICE EM RELAÇÃO AO CONTO

Por:   •  13/8/2018  •  Resenha  •  1.346 Palavras (6 Páginas)  •  231 Visualizações

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  1. A ESCRITURA DE CLARICE EM RELAÇÃO AO CONTO

A escritura Clariceana, de acordo com muitos críticos, análises e maiores aprofundamentos em seu trabalho, foca, principalmente, na busca interna do ser, no descobrimento, na revelação do íntimo do ser humano e sua condição que, sobretudo, é provocada por eventos cotidianos.

Outro recurso muito utilizado na escritura de Clarice é o monólogo que as personagens fazem em suas obras. Por meio deles é que a maioria dos questionamentos se tornam premissas para a crítica da condição humana. Suas obras distinguem-se das obras de outros escritores brasileiros da época (colocar nome dos autores), pois ela conseguia expressar a linguagem na sua forma mais crua. Usava e abusava do silêncio para gritar o que alma queria revelar.

De acordo com Moisés (1967, apud SÁ, 1979, p. 37): “Tudo isso, expresso numa linguagem plástica, maleável, forte a ponto de não perder aprumo e ser capaz de insinuar os subjetivismos duma retina atenta para os mínimos gestos, são as qualidades de Laços de Família.

A linguagem de Clarice, em especial na obra referida, é o ato de tentar extingui-la. Buscar no silêncio estático o que a alma quer dizer. A escrita de Clarice propõe-se a impor a grandezas que a alma esconde. Dar uma carga pesada e intima palavra, bem como fazer nos fazer senti-la dentro do seu significado mais extremo. Ela faz com que olhemos para dentro de nós usando apenas da passagem da ótica exterior para ótica interior do personagem. Ela inferioriza o total para engrandecer as pequenas coisas.

Na obra Laços de Família podemos traçar um perfil mais objetivo para determinar a escrita Clariceana, que se mantém similar com outros livros, em especial com a temática de contos, tal como A Legião Estrangeira. Ainda com embasamento profissional, Moisés (1970, apud SÁ p. 39) destaca os aspectos mais presentes na escrita de Clarice Lispector dentro dessas obras.

Começando pelo perfil dos personagens que, inicialmente parecem manter uma vida comum, sem muitas surpresas e obsoleta. Até que, de repente, um fato tão comum quanto suas próprias vidas sem aprofundamento, o colocam para dentro e geram um grande questionamento ou reflexão para que, então, possam fugir da banalidade.

A autora apresenta esses personagens introspectivos como um reflexo dela mesma. Seu modo de criticar vai além de símbolos externos que afetam a humanidade. O seu objetivo é afetar o ser humano mostrando-lhes o seu interior, tal como ela mostra a si. Os hábitos diários da sociedade são tão banalizados ao ponto em que o homem necessita inconscientemente de algo tão pequeno, que se faz maior que ele para instigá-lo a viajar dentro de si. O submundo é tão maior quanto o mundo real.

Nesse momento de viagem é que muitos personagens iniciam um diálogo direcionado a algo ou alguém que lhes provocou isso, entretanto, essa comunicação é interna e exclusivamente do personagem para si mesmo, como uma busca profunda do entendimento próprio em relação ao resto do mundo e de suas ações.

O inconsciente é relacionado à vida do personagem, como se essa inconsciência fosse o mistério do homem, seu segredo, é disso que ele depende para alcançar seu ápice e seu descobrimento, ao passo que se torna também sua dificuldade. Por isso, em muitas dos contos de Clarice, vemos a presença dos animas, pois eles, desprovidos da fala, conseguem ao mesmo tempo fugir desses aprofundamentos e provocar o mesmo nos seres humanos. Os bichos não correm o risco que o homem corre de recorrer a própria consciência para buscar o significado  de sua existência diante do vazio que o cerca.

Em alguns contos, Clarice usa da religião para expressar a angustia do ser junto com sua descoberta de que, para ele, não há livramento. A busca da culpa e da cura sobrenatural não são o bastante para que homem possa se redimir.

Ao somar tudo isso, Clarice nem sempre tenta decifrar o mundo por dentro do ser, mas também busca refletir de que forma isso afeta sua própria existência. Ela se aprofunda e se afasta enquanto mantém a vontade de imaginação ativa. Quer que o oculto do ser sobreponha-se ao exterior para que o homem possa entender o mundo, as pessoas e a si mesmo. E faz com que a arte seja responsável por essa visão.  

Agora, especificamente no conto O crime do professor de matemática, nos deparamos com alguns desses traços Clariceanos.

O narrador é onisciente, o foco narrativo dá-se em boa parte, em 3ª pessoa, entretanto em determinada parte o narrador se intromete parte para 1ª pessoa, transporta-se para dentro do personagem permitindo a transformação do eu-narrador a fim de dar peso e sentido ao seu estilo de escrita que, muitas vezes, dá-se na forma de monólogo como ocorre no conto, no momento em que o homem revela seus sentimentos e confissões. O autor inicia em 3ª pessoa, passa a 1ª pessoa, e depois retorna como 3ª. Isso mostra como o processo se iniciou de fora de uma forma fria e crua, foi para dentro para expressar as angustias do homem, com a fala do próprio homem, e depois volta para fora, de uma forma totalmente diferente.

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