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A FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Por:   •  8/1/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.284 Palavras (6 Páginas)  •  68 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CAMILLE ESTEVES DE MELO  - DRE: 114079339

DAVI  PEDROSA MARQUES - DRE: 119042078

GABRIELA LUNA DE LIMA - DRE: 116021390



 UM RECORTE DO GÊNERO EPISTOLAR SOBRE UMA PERSPECTIVA LITERÁRIA E SEUS REFLEXOS ATUAIS





RIO DE JANEIRO

2021

CAMILLE ESTEVES DE MELO  - DRE: 114079339

DAVI PEDROSA MARQUES - DRE: 119042078

GABRIELA LUNA DE LIMA - DRE: 116021390



 Um recorte do gênero epistolar sob uma perspectiva literária e seus reflexos atuais



Trabalho apresentado ao professor Marcelo Diego como exigência parcial no curso de Literatura Comparada para aprovação na disciplina.




RIO DE JANEIRO

2021

Inicialmente, há de se pensar que as obras cartas, de Madame Sévigné, e Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe, não possuem uma transversalidade em comum. Afinal, situam-se em eixos temporais distantes entre si, sobretudo, ainda mais assumindo a conjuntura e o espírito das épocas. Madame Sévigné foi uma aristocrata do século XVII, e sua escrita, as quais discorrem sobre sua vida e os acontecimentos da camada social à sua volta, ganham notoriedade em um período político absolutista. Por outro lado, Goethe, apesar de seus múltiplos talentos, destacou-se como poeta e romancista alemão do século XVIII, momento que ideias iluministas estão efervescentes a todo vapor (prenúncio das reestruturações das sociedades europeias). Além disso, é evidente que suas obras designam-se como produções literárias que assumem vieses opostos. Entretanto, há um fio condutor, pautado mediante dois aspectos, que os fazem convergir em determinado ponto. Esta interseção baseia-se, primeiro, na forma, no gênero predominante escolhido por ambos em suas determinadas produções literárias: o gênero epistolar. O segundo aspecto pauta-se sobre a projeção individual que ambos fazem, combinadas com as percepções pessoais da vida social de seus respectivos períodos vigentes, em suas escritas. E essa combinação dos sentimentos compartilhados aliados aos acontecimentos do cotidiano, provenientes do dinamismo das relações sociais, constroem uma intimidade, uma atmosfera de familiaridade. Por conseguinte, acabam provocando uma identificação do leitor, uma espécie de catarse, cada qual dentro do seu viés literário e da época correspondente. Nesse sentido, ao estabelecer a intersecção desses dois aspectos, considerando o momento da concepção dessas obras, é possível   analisar o desenvolvimento epistolar dentro de uma perspectiva literária. 

O primeiro parâmetro, do qual é possível estabelecer uma transversalidade, versa a respeito da escolha do gênero epistolar que ambos optaram para dar forma às suas produções. A carta que era usada como forma predominantemente de comunicação, com o passar do tempo ganha outras dimensões sob o viés literário. Nesse sentido, ao se tratar sobre as composições de Madame Sévigné, inicialmente, suas cartas circulavam em esfera privada, para três interlocutores diferentes. Primeiro, para seu amigo, Messiê de Pompone; segundo, para seu primo; e terceiro para Madame Grignan, sua filha. Dessa forma, uma série de fatores levaram a divulgação das suas cartas. Seu letramento, seu toque intimista, por meio do qual retratou seus sentimentos e a relação com sua filha, a maneira como noticiava os acontecimentos da esfera política, bem como os recortes dos modos e gestos da aristocracias da qual fazia parte, geraram um aguçamento, uma curiosidade de quem lê sua escrita pela primeira vez, muito por conta da atmosfera familiar contida no conteúdo de suas cartas. Com isso, a amálgama desses fatores formam uma fórmula perfeita para um rápido prestígio e sua notoriedade. Além disso, é interessante notar que por constituir-se em uma leitura leve, empolgante, podemos traçar um paralelo com uma espécie de crônica e/ou folhetim. E o folhetim é uma narrativa literária, seriada dentro dos gêneros de ficção e romance. Eram romances de periodicidade semanal publicados em jornais e revistas, com semelhança às novelas. E suas cartas tinham muito esse caráter, esse espírito seriado. Dessa forma, percebe-se que a Madame Sévigné legitima a prática de uma literatura epistolar, não só conquistando novos leitores, mas abrindo margens para o impulsionamento de novos escritores ressignificarem e ampliarem as possibilidades literárias.

Quando avançamos no tempo, e vamos para o século XVIII, analisar a obra de Goethe, “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, nos deparamos com uma outra perspectiva sobre o uso da forma do gênero das cartas. E o que diz muito sobre o desenvolvimento da concepção desse gênero em um viés literário, pois temos um romance epistolar ficcional. Ou seja, não são mais as cartas que tem um sujeito biográfico, escrevendo para outro interlocutor biográfico e que ganharam uma publicidade. Gothe explora o gênero carta por tratar-se de uma ficcionalização baseada a partir da sua experiência pessoal a respeito de um amor não-correspondido pela noiva de seu amigo. A essência da forma continua, com um certo tipo de aprimoramento, e o conteúdo é totalmente modificado. Goethe escreve sobre os sentimentos arrebatadores da época, mergulhando na mentalidade da juventude do século XVIII, em uma esfera pública, para “uma geração que queria forçar uma existência mais plena”, segundo o editor Erlon José Paschoal em sua tradução. É interessante ressaltar, que o Romance em folhetim abriu portas para narrar uma narrativa de forma fragmentada. Ou seja, cada manifestação literária de alguma forma influencia em outros fazeres literários em algum nível.

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