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A Poesia De Antonio Brasileiro

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Por:   •  17/6/2014  •  1.608 Palavras (7 Páginas)  •  362 Visualizações

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O DISCURSO POÉTICO EM ANTONIO BRASILEIRO

Sandra Kelly Souza Santos

RESUMO:

Palavras-chaves: Ritmo. Imagem. Poesia

As palavras são termos autônomos e a escrita poética é dominada pelo ritmo das palavras. Assim, o ritmo não são os produtores, mas as palavras que movem diante da poética literária. A poesia é a arte do conhecimento, pois comunica com o mundo, com os seres e com seu próprio existir. É através das palavras que é permitido a comunicação para com os leitores. Ela passa a transmitir o belo, tornando-se única, irrepetível e diferenciada.

A literatura é arte do encontro e desencontro, capaz de produzir sentidos quel talvez fosse inexistente. Assim, as palavras postas nas obras literárias surgem do “nada” para representar o mundo subjetivo e imaginário, na tentativa de evocar imagens construídas pela musicalidade do encontro de fonemas que formam as palavras dentro do discurso.

Na contemporaneidade, a literatura possui um vasto grau de heterogeneidade, caracterizada por mostrar uma diversidade de temáticas e estilos, a partir dos conhecimentos estéticos de períodos passados e a continuidade através do caráter renovador, ao fazer do velho um espaço de apoio para os novos talentos.

É por meio da cultura literária contemporânea que se destacam as relevantes manifestações artísticas na poética de Antonio Brasileiro, homem multifacetado, assim com sua produção poética fincada no bojo da modernidade. Estreou na ficção com o romance Caronte, tendo também uma atuação destacada como agitador cultural, responsável por iniciativas como as revistas Serial e Hera e as Edições Cordel, a que se deve boa parte de publicações de jovens autores baianos. Brasileiro, constrói uma lírica-filosófica que refletem de forma moderna o sentido (ou falta de sentido) da vida humana.

RETRATO

Este retrato não passa

este sorriso não acaba:

serei eu mesmo este, agora,

aqui, desfotografado?

(no tempo inscrevo meu rosto

qual fotografia lenta;

volto ao que fui, sou o mesmo:

estampa amarelecido)

Este eu será o eterno:

sorriso sestro na boca-

o tempo estraga a película

as traças roem o papel.

Na primeira estrofe há um questionamento em relação a sua identidade na fotografia. QUEM REALMENTE É ESTE EU NA FOTO?

Seria o eu lírico?

Podemos observar que “este retrato não passa/ este sorriso não acaba”. É como se tivesse parado no tempo.

Na segunda estrofe o eu lírico enfatiza suas deduções usando os parênteses. Para talvez confirmar ou responder seu próprio questionamento. Simplesmente, que ele se reconhece na fotografia ao dizer “volto ao que fui, sou o mesmo”.

E necessariamente afirma no ultimo verso da segunda estrofe, que ele é a mesma estampa amarelecido. Então este sujeito é um ser acabado, destruído como as estampa de um papel velho.

E na ultima estrofe, o eu lírico confirma sua identidade ao dizer que ele será o eterno. As coisas mudam, mas ele continua sendo aquele velho papel.

Comparando com o retrato amarelecido: o tempo estraga a película / as traças roem o papel.

Há um questionamento entre a fotografia e o físico deste sujeito.

Podemos perceber a presença de passado e presente, quando o eu lírico trata do agora e do que fui.

Podemos perceber no geral, que este eu lírico expressa que o tempo passa e a fotografia amarela-se, e o eu continua sendo o mesmo. Então há um reconhecimento identitária através das imagens projetadas pelo retrato e a si mesmo.

Dentre estas características citadas, pode-se perceber que a poesia ,como bem diz Paz (1982) é construída pela “inspiração”, que convida o leitor a uma viagem condensada pelo inconsciente. O sujeito leitor embarca no passado através de um presente e inventa um futuro a partir das ações do “exercício espiritual,” que é “um método de libertação interior”.

Segundo Paz (1982, p. 15), o poema é “ um caracol onde ressoa a musica do mundo e a métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal.” Assim, constata-se no poema de Antonio Brasileiro, que revela a dança a partir das palavras que se formam e todo diálogo e monologo construído dentro da poesia.

Paz (1982) traça um diálogo entre poesia e poema, entre as formas e os significados. Assim, ele diz que poema não é apenas as métricas e rimas, mas sim, uma harmonia universal que transcorre pela grandeza humana. É feito e palavras, de cor, de ritmo que também são significados.

Já a poesia é arte do encontro, é o desencontro, é o ser e o não ser. É a libertação interior que inspira, expira, respira. Poesia é a imitação, é a copia, é o novo, é uma criação.

Como diz o autor (p.16): “A unidade da poesia só pode ser apreendida através do trato desnudo com o poema”. Isto é, a poesia precisa do poema para ser poesia. Para poetizar é preciso constatar que: “o poético é poesia em estado amorfo; o poema é criação, poesia que se ergue[...]” (PAZ, 1982, p.17).

Observe o poema Cem anos de Brasileiro:

CEM ANOS

Vejo mãos que me folheiam

buscando-me a fisionomia —

mas já passei, agora

sou apenas poesia.

Vejo rostos que me amam

tentando saber quem fui —

sou um retrato, miragem

que o tempo dilui.

Vejo braços que me acenam

chamando-me

...

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