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A Presença do Nome do Animal Gato em Expressões Fixas do Português

Por:   •  13/9/2018  •  Artigo  •  5.026 Palavras (21 Páginas)  •  189 Visualizações

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A presença do nome do animal gato em expressões fixas do português

The presence of the animal name cat in fixed expressions of  portuguese

Luciana Massai do Carmo[1]

Resumo: Tomando como base a teoria da Gramática de Construções e o conceito de expressão fixa inserida no âmbito da fraseologia, este artigo se propõe a analisar algumas expressões fixas do português retiradas do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa[2] e do Dicionário Aulete Digital[3] que contenham o nome do animal “gato” em seus itens lexicais constitutivos e sua possível relação com a simbologia desse animal, que são: “à noite todos os gatos são pardos”;“gato escaldado tem medo de água fria.”;“gato morto”;“gatos pingados.”;“gato por lebre”; “fazer de gato e sapato”;“quem não tem cão, caça com gato.” e “viver como cão e gato”. Para tal análise, foram coletados exemplos autênticos de uso dessas expressões no Corpus[4] do português.

PALAVRAS-CHAVE: fraseologia, expressão fixa, nomes de animais, Gramática de construções, simbologia.

Abstract: Based on the Grammar Constructions theory and the concept of fixed expressions, this article proposes an analysis in Portuguese for some expressions that brings up word “cat”, the animal name, in its lexical constitutions and their possible relationship with the symbolism of this animal shown in the dictionaries, Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa and Dicionário Aulete Digital: “a noite todos os gatos são pardos”; “gato escaldado tem medo de água fria.”; “gato morto”; “gatos pingados.”; “gato por lebre”; “fazer de gato e sapato”;“quem não tem cão, caça com gato.” e “viver como cão e gato”. For this analysis, were collected a set of authentic usage examples defined in the portuguese Corpus.

KEYWORDS: phraseology, idiomatic expressions, animal names, Constructions Grammar, symbology.

1 Introdução

As expressões fixas (EFs) merecem uma maior atenção e devem ser integradas de modo sistemático no inventário dos elementos lexicais que constituem construções da linguagem. Para este trabalho foi adotada a definição de EF de Fulgêncio (2008) que coloca o termo como uma sequência de palavras que é memorizada em bloco pelos falantes sem a necessidade da aplicação de regras gerais da língua, de forma idiossincrática e não-composicional.

As EFs são extremamente usuais e podem representar um obstáculo à compreensão, oral ou escrita,  mesmo entre falantes nativos de um mesmo idioma. A presente análise representa, pois, relevante objeto de investigação, envolvendo a maneira como um povo se expressa e também sua cultura. As EFs que contêm animais domésticos são mais recorrentes em uma determinada língua, devido sua maior proximidade com o homem. Especificamente as EFs aqui analisadas, que contenham o nome do animal “gato”, podem ter surgido a partir de referências relativas à simbologia desse animal, conforme será abordado posteriormente neste artigo.

As (EFs) analisadas neste trabalho foram retiradas do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa e do Dicionário Aulete Digital que apresentam o nome do animal “gato” em suas estruturas e os exemplos autênticos de uso das referidas expressões foram retirados do Corpus do Português de DAVIES e FERREIRA, (2006).

2 O conceito de expressão fixa

No âmbito dos estudos da fraseologia, estuda-se as sequências fixas, ditas EFs, tais como as expressões idiomáticas ou idiomatismos, provérbios, colocações, dentre outras. De forma a delimitar o trabalho, este artigo se deterá apenas nas expressões idiomáticas (EIDs) e nos provérbios (PROs), ambos presentes no conjunto de EFs.

As EFs aqui analisadas já se encontram cristalizadas em sua forma e significado, assim, pela sua fixidez e pela sua amplitude de uso, as EFs passam a ser analisadas como uma unidade, e como tal, merece mais detalhamentos por parte dos estudos da linguagem, sendo objeto de estudo da fraseologia.

 Nesse sentido, a teoria da Gramática de Construções mostra-se eficaz para a análise das EFs, uma vez que ela se preocupa com a relação entre forma e significado e com a natureza da competência linguística do falante, o que deve ser levado em conta ao se analisar uma EF em uma língua.  

Muitas vezes as EFs de uma língua são tidas como algo à parte, ou seja, uma listagem que não entraria dentro dos princípios de uma gramática tradicional. Isso é considerado um equívoco, pois tais expressões são frequentes e altamente estruturadas, portanto dignas de uma análise mais detalhada. Com isso, pretende-se analisar as construções das EFs que contenham o nome “gato” sob a ótica da Gramática de Construções.

3 Expressões idiomáticas e provérbios

Este artigo endossa o conceito de EID  da teoria da Gramática de Construções, aliado a definição proposta por Xatara (1998, p.170): uma “lexia complexa indecomponível, conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural”. Assim, as EIDs são sintagmas complexos que não devem ser analisados separadamente (teoria construcional), já que Ferrari (2011, p.129) afirma que “léxico e sintaxe não constituem módulos separados, mas um continuum de construções”.

        Fulgêncio (2008) define EID como uma expressão tipificada pela convencionalidade do tipo semântico, ou seja, o significado global da setença não é formado a partir da somatória do significado das palavras que compõem a expressão. Assim, as EIDs são aprendidas como um todo e memorizadas globalmente. Outra característica de uma EID é que sua interpretação não é previsível.

        Fillmore (1988) afirma que uma EID é uma locução que possui uma interpretação por parte de um falante competente da língua. A teoria de Fillmore trata uma EID como uma construção que faz parte do saber coletivo e que é semanticamente convencionalizada, de forma que, para compreender o significado de uma EID, não basta saber o significado das partes (análise componencial), mas sim o todo (conhecimento pragmático).

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