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A Síria será o novo Iraque

Por:   •  22/4/2015  •  Artigo  •  3.752 Palavras (16 Páginas)  •  151 Visualizações

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PROFESSOR: WALLACE MOTA

A Síria será o novo Iraque?

A guerra civil que assola a população síria assumiu um estado crítico nas últimas semanas em virtude de um suposto ataque com armas químicas que teria sido determinado pelo regime do ditador Bashar Al-Assad. O atentado nos arredores de Damasco, capital do país, atingiu cerca de 1.300 pessoas, vitimando mulheres e crianças.

O governo sírio nega tanto a autoria do fato quanto o uso de armas proibidas durante os conflitos, que se iniciaram em 2011 no auge da Primavera Árabe.  A revolta popular que exige a renúncia de Bashar Al-Assad, no poder desde 2000 como sucessor de seu pai, ditador por mais de 30 anos, endureceu com o passar dos meses e gerou um verdadeiro estado de guerra. As forças governamentais sempre responderam com violência às manifestações, tornando a crise a mais longa da região.

Os indícios da deflagração de armas de gás sarin chamaram a atenção da comunidade internacional e dos EUA, que não perdem uma oportunidade de lançar mão de seu aparato bélico em países produtores de petróleo. Representantes da ONU visitaram o país para colher provas do uso de armas químicas e aguardam os laudos competentes para levar a questão ao Conselho de Segurança. Barack Obama, por sua vez, já tem certeza de que se tratou de uma grave violação dos direitos humanos, deslocou um porta-aviões para os arredores da Síria e aguarda apenas o aval do Congresso estadunidense para atacar – independentemente do que disser a ONU. Já o país árabe conta justamente com a organização internacional para impedir retaliações comandadas não só pelos EUA, como também pelos tradicionais aliados Inglaterra e França.

De toda essa balbúrdia, saltam aos olhos dois fatos importantes: o primeiro é a contínua, e pelo visto interminável, instabilidade do mundo árabe, que mesmo enquanto busca avançar rumo à democracia sofre com retaliações violentas e duradouras pelos eternos ditadores. Comprovada a ordem para o ataque com armas químicas pelo regime de Assad, a luta pelo poder no Oriente Médio certamente terá atingido o ápice da insanidade.

O segundo é a delicada situação na qual Barack Obama se colocou ao determinar o avanço militar sobre a Síria. A uma, porque não é certo que consiga apoio do Congresso ou de seus cidadãos – e então ou ele volta atrás, deixando os ditadores árabes com maior vigor, ou ataca mesmo assim e cria uma crise institucional um tanto severa. A duas, porque uma de suas maiores plataformas de campanha foi justamente a retirada das tropas do Iraque e a suspensão das ações militares iniciadas nas gestões anteriores. Será que a todo-poderosa indústria bélica norte-americana conseguiu dobrar mais um presidente? Ele se apressou em afirmar que “a Síria não é o Iraque e não é o Afeganistão”. Esclareceu que não enviará tropas nem tentará destituir Assad do poder: somente ataques pelo mar e aviões não tripulados para bombardear áreas controladas pelo presidente sírio…

A três, porque sequer o uso da arma química está comprovado ainda. Se os laudos vierem negativos, Obama terá muito o que explicar para a comunidade internacional e repetirá o vexame de George Bush.

Mais Médicos de Cuba

O polêmico projeto do Governo Federal para a ampliação do atendimento nos postos de saúde no país, denominado “Mais Médicos”, entrou em efetiva operação nesta semana, com a chegada dos primeiros grupos de médicos estrangeiros para o curso de formação. Nessa etapa, eles serão instruídos sobre o Sistema Ùnico de Saúde (SUS), a realidade social brasileira e teerão aulas de Língua Portuguesa.

O progrma integra a agenda proposta pela Presidência da República como resposta às manifestações populares que espalharam-se pelo país no mês de junho. Segundo o Palácio do Planalto, uma das principais razões para o parco atendimento à população é a falta de médicos nos hospitais públicos. Daí a ideia de trazer esses profissionais do exterior, os quais poderão suprir essa lacuna. Surgiu, também a partir daí, um grande impasse. Antes, contudo, vale lembrar qual a proposta do Governo.

Em uma primeira fase, na qual foi dada prioridade para os médicos brasileiros, os profissionais deveriam inscrever-se espontânea e individualmente no programa. Foram oferecidas mais de 15.000 vagas, porémpouco mais de 10% delas foram preenchidas. Para evitar o naufrágio da ideia, o Ministério das Relações Exteriores buscou firmar convênios internacionais para a remessa de estrangeiros. Cuba foi o primeiro país onde esse acordo foi firmado, no qual ficou prevista a chegada de 4.000 médicos até o final do ano.

Uma vez aqui, os cubanos e demais estrangeiros inscritos foram alvo de hostilização por seus colegas brasileiros.

Tudo gira em torno, a nosso ver, de uma questão de mercado. O programa do Governo Federal não atraiu o interesse dos médicos nacionais porque, segundo eles, as condições de trabalho oferecidas são precárias (o que aumenta o risco de responsabilização pessoal em caso de resultados negativos) e/ou o salário é baixo (cerca de R$10.000,00 por mês).

No geral, os grandes centros urbanos realmente oferecem uma condição financeira melhor do que essa para os médicos. O livre exercício da profissão, garantido pelo art. 5º, XIII, da Constituição Federal, e o princípio dalivre iniciativa, insculpido no art. 170 da Lei Maior, asseguram que o profissional pode optar por trabalhar onde seja mais interessante para ele, seja por questões financeiras, pessoais ou vocacionais. É direito da classe assim agir diante da realidade do mercado. Criticar os médicos chamando-os de “mercenários” e “almofadinhas”, além de soar pueril, envolve alinhamentos políticos mais profundos que escapam à emergência imposta para a solução do problema da saúde pública no país.

Por outro lado, igualmente não podemos compreender a revolta desses mesmos médicos com a chegada dos estrangeiros. Ora, há necessidade de médicos nos rincões do território nacional. Foram oferecidas as vagas de trabalho aos médicos brasileiros. Eles não quiseram. Foram chamados médicos de fora, que vieram. Agora o problema é a presença deles em nosso território? Realmente, o raciocínio utilizado por esses profissionais da saúde peca pela falta de lógica.

Estivessem os médicos brasileiros preocupados com as condições do atendimento que será dado à população (segundo eles, pela formação profissional insuficiente dos cubanos, pela barreira do idioma, entre outros), por que não aceitaram a proposta de trabalhar nos postos de saúde do interior por R$10.000,00? A questão é vocacional ou financeira? Buscam aplicar o Juramento de Hipócrates ou exercer livremente sua profissão com base nas leis do mercado?

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