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ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DE AULAS-ESPETÁCULO DE ARIANO SUASSUNA

Por:   •  9/10/2022  •  Artigo  •  3.490 Palavras (14 Páginas)  •  102 Visualizações

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ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DE AULAS-ESPETÁCULO DE ARIANO SUASSUNA

Maria Raquel dos Santos FELIX (UFPB)

Ariandna Soares de LIMA (UFPB)

Paloma Sabata Lopes da SILVA (UFPB)

RESUMO: A linguagem é um elemento de interação social que propicia, entre outras possibilidades, a comunicação, a criação de laços, a variação e a articulação numa comunidade de falantes. Por isso, a língua apresenta variedades, tendo em vista as diversidades que envolvem uma determinada sociedade. Nesse sentido, objetiva-se identificar os tipos de variação linguística, na perspectiva variacionista da língua, presentes em aulas-espetáculo de Ariano Suassuna, especificamente, descrevendo os traços de variação presentes no discurso do célebre artista e os recursos linguísticos utilizados por ele como estratégias para manter a adesão do público. A análise está embasada no aporte teórico dos estudos de Alkimin (2001), Bagno (2007), Koch e Elias (2008), Silva (2018), entre outros. Metodologicamente, a pesquisa é construída através de uma abordagem qualitativa de cunho exploratório e descritivo, utilizando como base os falares de Ariano Suassuna em duas aulas-espetáculo, uma promovida pelo SINPROSP e a outra, pelo TST. Os resultados da pesquisa indicam que os recursos linguísticos usados na performance comunicativa de Ariano Suassuna estão entre a coloquialidade do falar nordestino, marca da identidade social do falante, e a sutileza e precisão linguística a partir da qual visa à adesão da audiência. As estratégias linguísticas utilizadas por ele em seu discurso enfatizam as diferenças sobre outros falares no Brasil por se tratar de um país de dimensão continental.

        

PALAVRAS-CHAVE: Recursos linguísticos; Ariano Suassuna; Sociolinguística Variacionista.

Introdução

O conhecimento linguístico proporciona a comunicação entre os falantes que compartilham de uma determinada língua, por abranger a significação das palavras, da tessitura do texto, do sentido de acordo com o contexto comunicativo, bem como o reconhecimento das variações presentes nos falares dos mais diversos grupos sociais. É por meio desse conhecimento que os indivíduos desenvolvem a linguagem e se apropriam dos recursos linguísticos capazes de manter a atenção de um público, além de, nos falares, expor sua identidade social, por permanecer na linguagem marcas dialetais que abarcam diversos fatores de ordem social, linguística, variacionista e regional.

        Nesse sentido, o artigo em questão analisará duas aulas-espetáculo do artista Ariano Suassuna, uma promovida pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) e a outra, pelo SINPROSP (Sindicato dos Professores de São Paulo). Ariano (1927-2014) foi poeta, dramaturgo, professor, escritor, romancista, ensaísta e advogado. Seu primeiro contato com a cultura regional aconteceu por meio das apresentações de desafios de viola e os mamulengos. Ele foi eleito pela Academia Brasileira de Letras em 1989. Em 1995 o artista assume a Secretaria Estadual de Cultura, no governo de Miguel Arraes, com isso foi criado o projeto das aulas-espetáculo com o objetivo de difundir pelo Brasil a cultura pernambucana. Ariano Suassuna deixava seu público encantado usando a sua imaginação e seu estilo linguístico próprio.

        A questão-problema norteadora desta discussão foi: quais recursos linguísticos de variação são mobilizados por Ariano Suassuna em suas aulas-espetáculo? Para isso, objetiva-se identificar os tipos de variação linguística, na perspectiva variacionista, presentes em aulas-espetáculo de Ariano Suassuna, especificamente, descrevendo os traços de variação presentes no discurso do célebre artista e os recursos linguísticos utilizados por ele como estratégias para manter a adesão do público. Para embasar essa análise utilizaremos como aporte teórico os estudos de Alkimin (2001), Bagno (2007), Koch e Elias (2008), Silva (2018), entre outros.

Dessa forma, o presente estudo justifica-se por realizar uma pesquisa das aulas-espetáculo de um importante artista paraibano que, por sua vez, valorizava a cultura nordestina por meio de histórias contadas usando a sua imaginação e se apropriando de recursos linguísticos, enfatizando nos seus falares traços dialetais da sua região. Desse modo, a pesquisa realizada é de cunho exploratório e descritivo através de uma abordagem qualitativa, utilizando como base os falares do célebre Ariano Suassuna.

Esta pesquisa é construída por meio de uma abordagem qualitativa, isto é, em uma perspectiva interpretativa e subjetiva. O procedimento utilizado é de cunho exploratório e descritivo, por apresentar como corpus transcrições de trechos dos falares de Ariano Suassuna, artista e escritor nascido na região nordeste, em eventos específicos de comunicação oral pública. Foram analisadas duas aulas-espetáculo (projeto que teve o objetivo de difundir a cultura brasileira) do artista, uma promovida pelo SINPROSP (2011) e a outra, pelo TST (2012), das quais, pela brevidade deste texto, foram selecionadas alguns trechos.

Inserindo-se em uma análise sociolinguística, o presente trabalho está dividido em duas partes, afora a introdução e as considerações finais: a primeira, com o intuito de analisar, a partir de uma perspectiva variacionista da língua, os tipos de variação linguística presentes nos falares de Ariano Suassuna e, a segunda, abordará os princípios de ordem suprassegmental da conversação do artista.

Pressupostos da Sociolinguística Variacionista

O estudo voltado para a relação entre língua e sociedade começou a ser objeto de análise de alguns linguistas desde o século XX, principalmente na busca de contrapor o formalismo. Alkmin (2006) aborda sobre as concepções dos principais linguistas que investigam a língua por essa vertente do âmbito social e cultural. Primeiramente, ele apresenta a análise de Meilet que prioriza como estudo a visão diacrônica, percebendo que a história da língua é inseparável da história da sociedade. Em seguida, aparece Bakhtin, priorizando a noção de comunicação social e o conceito de enunciação, depois são abordados os estudos de Jakobson, apresentando os aspectos funcionais da linguagem no processo comunicativo, dando caminho ao linguista Marcel que investiga as variedades linguísticas presentes de acordo com a diversidade dos grupos sociais. Por último, Alkmin (2006) apresenta as ideias de Benveniste, sendo ele o linguista que aborda as principais vertentes da relação entre língua e sociedade ao considerar a língua como instrumento de análise social.

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