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Por:   •  31/3/2013  •  1.939 Palavras (8 Páginas)  •  1.062 Visualizações

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Introdução á linguística II: princípios de análise/ José Luiz Fiorin, (org.). - São Paulo: Contexto, 2003.

José Luiz Fiorin explica o conceito de teoria da enunciação, partindo da teoria linguística do francês Émile Benveniste que define a enunciação como a colocação em funcionamento da língua por um ato individual de utilização. Podemos assim entender o que enunciador é o autor e o enunciatário é o leitor. A enunciação em primeiro lugar é a instância (conjuntos de categoria que criam um determinado domínio) de mediação entre a língua e fala. Os dois conjuntos em um texto a enunciação enunciada, são um conjunto de marcas que remetem a uma instância de enunciação.

O autor ainda nos diz que é pela linguagem que o homem se constitui um sujeito, dado que no momento do ato da fala ele se constitui como o eu. O eu é quem fala e o tu oque escuta. O tu, por sua vez se for falar o eu. E de estrema importancia à categoria de pessoa para que a linguagem se torne um discurso. A pessoa enuncia num dado espaço e num determinado tempo, todo espaço e todo tempo organizam-se em torno do “sujeito”, tomado como ponto de referencia. Assim o espaço e o tempo estão na dependência do eu, que neles se enuncia. O aqui é o espaço do eu e o agora é o momento da enunciação. A partir desses dois elementos, organizam-se todas as relações espaciais e temporais.

Benveniste descreve que a enunciação é a instância do ego, hic e nunc, que são termos latinos que significam: eu, aqui e agora. Esses três elementos constituem a categoria da enunciação. Benveniste quis por os termos em latim, pois queria mostrar para nós que estas categorias não eram uma particularidade de uma língua ou de uma linguagem, mais que pertencia a todas as línguas, todas as línguas tem categorias de espaço, tempo e pessoa oque difere é a forma como eles vão expressar essas categorias. O segundo nível da hierarquia é constituído do eu e do tu instalados no enunciado, são chamados narrador ( quem conta a história) e narratário. O terceiro nível da enunciativa instala-se, quando o narrador dá voz a um personagem, em discurso direto, o eu e tu desse nível são chamados de interlocutor e interlocutório.

O aparelho formal da enunciação é constituído pelas categorias de pessoa, espaço e tempo.

Na categoria da pessoa Benveniste mostra que ha diferenças nas três pessoas. Há traços comuns na 1ª e na 2ª pessoas, que são diferentes da 3ª. O eu e o tu sempre são participantes da comunicação o ele designa qualquer ser ou ser nenhum. Usamos a terceira pessoa quando a pessoa não é determinada (chamada expressão impessoal) em que um processo e relatado como puro fenômeno cuja produção não está ligada a qualquer agente ou causa. Para entendermos um pouco mais os significados de pessoa segundo o autor são:

Eu: quem fala, eu quem diz eu;

Tu: aquele com quem se fala aquele a quem o eu diz tu, que por esse fato se torna o interlocutório;

Ele: substituto pronominal de um grupo nominal, de que tira a referencia; participante do enunciado; aquele de que tu e falam;

Nós: não é a multiplicação de objetos idênticos. Mas a junção de um eu com um não eu, há três nos: um nos inclusivo, em que ao eu se acrescenta um tu (singular ou plural); um nos exclusivo, em que ao eu se juntam ele ou eles (nesse caso o texto deve estabelecer que sintagma nominal o ele presente nós substituísse) e um nós misto, em que ao eu se acrescentam tu (singular ou plural) e ele (s)

. Eles: pluralização de ele.

Vós: um vós é o plural de tu e outro é um vós, em que ao tu se juntam ele ou eles; (Fiorin, pg165).

A outra categoria do aparelho formal da enunciação é o tempo. Em relação ao tempo precisamos distinguir três coisas diferentes, o tempo físico é o intervalo entre o inicio e o fim de um movimento, normalmente é marcado o tempo pelo movimento dos astros, o tempo cronológico é o que se marca determinado momentos do tempo físico a partir daí se estabelece uma sucessão dos acontecimentos. Já o tempo linguístico tem de singular é que ele é ligado ao exercício da fala, pois ele teu seu centro no presente da instância da fala. (Benveniste, 1974,73), ele é estabelecido em função do momento da enunciação, no momento que se toma a palavra, instaura-se um agora, portanto o primeiro momento relevante pra marcação do tempo e o momento da enunciação. Há enunciação estabelece um agora e a partir desse agora podemos localizar os acontecimentos. O tempo é, portanto a categoria linguística pela qual localizamos os acontecimentos em função do momento da enunciação.

O espaço linguístico ordena-se a partir do hic, ou seja, do lugar do ego. Todos os objetos são assim localizados, sem que tenha importância seu lugar físico no mundo, pois aquele que os situa se coloca como centro e ponto de referencia da localização. O espaço linguístico é aquele onde se desenrola a cena enunciativa. O espaço pode ser marcado em um texto por um pronome demonstrativo, um advérbio de lugar ou um adjunto adverbial de lugar, ao contrário das categorias de pessoa e de tempo, que não podem estar fora de um texto, o espaço pode ser implícito.

Segundo Fiorin o pronome demonstrativo atualiza um ser do discurso, situando-o no espaço. Segundo inúmeros linguistas essa classe de palavras tem duas funções distintas: uma de designar ou mostrar (dêitica) e uma de lembrar (anafórica). O demonstrativo partilha com o artigo função de designar seres singulares, mas não tem como este a função de generalizar. A função anafórica é um dos mecanismos de coesão textual e ao lado dessas também tem a função catafórica, ou seja, de anunciar oque vai ser dito.

Em função dêitica este e esse indicam o espaço da cena enunciativa e aquele oque está fora dela. Este, por sua vez, marca o espaço do enunciador, isto é, oque está próximo do eu; esse o espaço do enunciatário, ou seja, oque está perto do tu. Em função dêitica, no português moderno, esta havendo uma neutralização da oposição este/esse. Em função coesiva, a doutrina tradicional ensina que este é emprego do em função catafórica: esse em função anafórica, indicado oque acabou de ser dito e aquele, também em função anafórica, marcando oque foi dito há algum tempo em outro contexto. São enuncivos os marcadores de espaço linguístico, quando se ordenam em relação ao lugar da enunciação. Portanto o aqui é enunciativo porque é o espaço do enunciador. Por sua vez, o lá é determinado em

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