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Banco de palavras redação

Por:   •  5/5/2016  •  Exam  •  2.031 Palavras (9 Páginas)  •  338 Visualizações

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A educação norteada por planos: limites e fragilidades

A articulação do Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) são importantes para alavancar a educação brasileira, porém insuficientes para atender as necessidades da educação brasileira. O PNE é um conjunto de vinte metas elaboradas para os anos de 2014 a 2024 e objetivam melhorar a educação do país no que diz respeito à formação, estrutura, políticas e investimentos. O PDE, não obstante, é um programa que colabora com a formação dos professores em um período de dois anos para o aprimoramento profissional, com vista a melhoria do ensino.

Conforme já assinalado, o PNE possui um conjunto de metas a serem atingidas, todas com estratégias referentes ao desenvolvimento de ações para seu integral cumprimento. Algumas metas são arrojadas, e se referem a modificações nas finanças da educação pública brasileira, objetivando atingir o investimento de 10% do Produto Interno Bruto do País na educação pública básica. A importância deste investimento, até maior que muitos países desenvolvidos, se dá por causa da necessidade educacional brasileira precária, na qual os recursos financeiros são fundamentais.

Outra questão importante que este documento sinaliza, é a universalização da educação infantil para crianças de quatro e cinco anos até 2016. Conforme a primeira meta, o atendimento as crianças pequenas deve ser ampliado em larga escala, visto que, na atualidade, apenas 5% deste público é atendido na rede pública de ensino. O incentivo ao atendimento às crianças que o PNE destaca deve ser feito em período integral, atendendo as crianças e suas famílias quanto a tratamentos odontológicos, médicos, sociais etc.

Assim, o PNE prevê diversas metas relacionadas a alfabetização, assistência, avaliação da educação básica, investimentos, formação de professores, dentre outras ações, mas não analisa os pilares político-filosóficos em que essas ações foram assentadas. Para o pesquisador Dermeval Saviani, a política do PNE está ancorada em uma perspectiva assistencialista e que adia seus compromissos. Também é fragmentada e tem por base a improvisação e adaptação ao invés de estruturar de forma adequada as condições de realização de uma educação de qualidade.

Seguindo a mesma direção, o PDE também apresenta elementos que merecem reflexão, visto que apresenta ações de formação de professores relacionadas aos conteúdos, metodologias e resoluções instantâneas de problemas escolares. A política do PDE, por sua vez, concebe ao docente uma pseudo-pesquisa, feita em um tempo demarcado e acelerando, com o objetivo de encontrar formas de resolucionar questões educacionais e elaborar materiais para suprir as dificuldades de sua instituição.

De acordo com o filósofo da educação Paulo Giraldelli, de fato, o professor precisa de uma formação mais asseverada, como o PDE salienta, mas ela não se dá de forma pragmática e muito menos superficial. Também para este pensador a valorização do professor contribui para o desenvolvimento de um trabalho eficaz, sendo necessário que a profissionalização docente seja concebida de forma diferente das demais instituições. O professor é o intelectual de seu tempo, e por isso deve ter os recursos necessários para a ampliação de seu capital cultural e uma formação mais elaborada para as licenciaturas.

 Por todos estes aspectos, faz-se necessário transcender a ideia de que as soluções rápidas e formações aligeiradas resultam em mudanças significativas, dado que se configuram em planos e metas, meramente, superficiais. O movimento de elaboração de planos para a educação são interessantes, mas se assentam sobre uma política e filosofia educacional frágil, assemelhando-se mais a tomadas de medidas rápidas do que propriamente documentos norteadores. Assim, para que, de fato, a educação pública brasileira avance, é necessário uma releitura das políticas e documentos até hoje elaborados e uma profunda consideração com as especificades locais de cada região, formação e valorização docente.


Juventude, trabalho e educação: pode o trabalho (des)alienar o jovem?

A articulação entre juventude e trabalho se efetiva por meio da educação profissional mediada pela perspectiva de uma trabalho transformador e não alienável. Entende-se juventude como sendo uma categoria histórico-social localizada entre a infância e a adultez, com especificidades, cultura e interesses próprios. Já a educação profissional é uma modalidade de educação destinada a formar habilidades para o mercado de trabalho atendendo aos arranjos produtivos locais de cada comunidade. A segunda é realizada de forma a atualizar historicamente os sujeitos de forma a se apropriarem dos saberes culturalmente produzidos em torno de uma área do conhecimento.

Em linhas gerais, a educação brasileira dos jovens passa por um momento crítico, especialmente no ensino médio, último nível da educação básica. De acordo com os estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), cerca de 50% dos jovens estudantes deste nível de ensino não estão em idade adequada de acordo com sua série por causa das evasões constantes, ocasionadas pela falta de condições adequadas, ausência de estímulos, reprovação e acesso limitado a escola.

Outro fator que agrava esta realidade, é que a escola, de modo geral, não dialoga com os interesses dos jovens, muito menos com a cultura da juventude. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, na verdade, a cultura escolar colabora para a exclusão explícita e branda dos estudantes. Os discentes são acometidos de exclusão explícita, quando saem da instituição, e de exclusão branda, quando permanecem na escola e não aprendem, pelo fato da escola desconsiderar seus saberes, suas especificidades, necessidades individuais e sociais.

A partir dessa premissa, a escola precisa articular seus saberes elaborados com a realidade dos alunos, a fim de estabelecer uma relação significativa entre os conteúdos e a vida social dos jovens. Neste sentido, a educação profissional é uma possibilidade relevante, dado que integra o processo de formação dos jovens ao mundo do trabalho gerando em um currículo mais significativo. A necessidade de profissionalização e inserção no mercado de trabalho, desde cedo, é condição atual dos jovens, especialmente nas classes menos favorecidas e a escola deve considerar essa realidade.

Conforme o artigo 205 da Constituição Federal, um dos pilares da educação é o preparo para o trabalho como parte de uma formação integral dos sujeitos. O trabalho é atividade humana, conforme Marx, é essência de vida e constituição de identidade e deve ser realizado de forma não alienável. Corroborando com essa perspectiva, Sposito destaca que “o trabalho também faz juventude”, visto que constitui cultura juvenil. De fato, o mercado de trabalho não pode ser baliza mestra para a educação, mas os processos educacionais não podem deixar de considerar que a relação entre juventude e trabalho estão atreladas. No entanto, esta relação deve acontecer de forma a emancipar os sujeitos para o trabalho emancipado, libertando-os dos modos de sujeição capitalista.

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