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CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: ESTIMULAÇÃO E ANÁLISE DAS UNIDADES SILÁBICA E INTRASSILÁBICA EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES

Por:   •  22/3/2017  •  Artigo  •  2.270 Palavras (10 Páginas)  •  1.310 Visualizações

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CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: ESTIMULAÇÃO E ANÁLISE DAS UNIDADES SILÁBICA E INTRASSILÁBICA EM CRIANÇAS

PRÉ-ESCOLARES

        

Fabiele L. Spohr1

 Gilmárcia S. Picoli2

Grasiela K. Bublitz3

Iniciamos nosso discurso considerando a linguagem como uma faculdade cognitiva inata que nos é, em grande parte, ainda inescrutável, e é no desejo de conhecer esse objeto e seu funcionamento que os estudiosos da área se dedicam a examinar o que está ao alcance: a fala, a interpretação do outro, o sentido dado ao que expressamos e, por fim, o pensar sobre a língua. Sabe-se, muito devido ao linguista Noam Chomsky, que toda língua existente é representada por um sistema convencional de signos que é inerente ao ser humano: a linguagem. Essa habilidade nasce conosco e a desenvolvemos e aperfeiçoamos ao longo do tempo, entendendo e criando outros sistemas de comunicação. A estrutura de nossa língua é representada por um sistema de escrita, que é o alfabético (representado por sílabas e fonemas).

A escrita é uma habilidade criativa que se constrói a partir do conhecimento do alfabeto, porém, exige habilidades que vêm antes dela e que facilitam sua compreensão. Uma delas é a consciência fonológica. Segundo Freitas (2004), a Consciência Fonológica é uma habilidade que o ser humano possui de “refletir conscientemente sobre os sons da fala”. Essa reflexão envolve: analisar, manipular e produzir unidades de linguagem (palavras, sílabas, fonemas), logo, a consciência fonológica é um fator impulsionador base da escrita e leitura.

Através de estudos, constatou-se que a consciência fonológica se desenvolve em uma escala e é possível subdividi-la em três níveis: Nível das sílabas: capacidade de dividir as palavras em sílabas e de manipulá-las, o que não é difícil para a maioria das crianças. A outra subdivisão seria a do nível das unidades intrassilábicas: capacidade de identificar e produzir rimas e o terceiro nível é o dos fonemas: habilidade em que há percepção de que as palavras são construídas de sons que podem ser modificados, apagados ou reposicionados.

        Crianças pré-escolares demonstram algumas dessas habilidades, mas têm que ser ensinadas a perceber os sons das letras; isso significa que crianças de 5 a 6 anos, possuem consciência fonológica, no entanto, a consciência do fonema é adquirida mais tarde e facilitada quando a criança estiver na hipótese alfabética de escrita.

         A esse respeito, Freitas (2004, p. 190) afirma:

A consciência fonológica desenvolve-se gradualmente e a partir de algumas habilidades que já existem antes do início da aquisição da escrita e são aprimoradas, contribuindo para o surgimento de novas habilidades metafonológicas. Ela parte de um nível implícito para um nível explícito de análise dos sons da fala, que é necessário no momento da descoberta da relação entre fonemas e grafemas.

Estudos brasileiros verificaram que crianças de 1ª série, com baixo desempenho em consciência fonológica, tiveram melhoras e outras pesquisas têm apontado que atividades metalinguísticas (músicas, poemas e pistas letra-som) colaboram muito para um maior desempenho da consciência fonológica e, posteriormente, melhor desempenho na leitura e ortografia, ou seja, é um processo gradativo que quanto mais for estimulado mais será aperfeiçoado.

Neste trabalho optou-se por estimular e analisar esta habilidade fonológica em crianças pré-escolares de 4 a 5 anos de idade, no âmbito da consciência silábica e intrassilábica (capacidade de separar sílabas e reconhecimento de rimas, respectivamente). Segundo Lundberg, Olofsson e Wall apud Lamprecht e Costa (2012, p. 143),

Para a maioria das crianças, a capacidade de identificar e produzir rimas parece se desenvolver sem instrução formal. [...] as pesquisas demonstram que a sensibilidade a rimas é um excelente indicador de um nível inicial, básico, de consciência fonológica. [...] Embora uma sensibilidade [...] à rima não leve [...] diretamente à consciência fonológica, sua ausência sugere problemas e exige uma reação em termos de ensino.

À vista disso, cabe ao professor aplicar atividades que desenvolvam essas habilidades a fim de verificar e acompanhar o processo de desenvolvimento e constante aperfeiçoamento da consciência fonológica da criança e, em casos que demonstrem a ausência dessa sensibilidade, que se possa intervir de modo adequado.

Considerando a importância de se expandir o conhecimento sobre a CF na idade pré-escolar e visando contribuir para a literatura da área, o objetivo deste estudo é aperfeiçoar e estimular o que é inerente à criança, mas que deve ser trabalhado para que habilidades posteriores sejam melhores desenvolvidas, pois antes de as crianças aprenderem a ler e a escrever, o desempenho nas tarefas de manipulação fonológica é influenciado por essa capacidade de refletir sobre a língua. Procurou-se verificar, também, a fase do realismo nominal nos alunos; característico do pensamento infantil em que a criança encontra dificuldades em dissociar o signo da coisa significada (Piaget, 1962). O sujeito que, em determinado momento do desenvolvimento cognitivo, apresenta este pensamento realista nominal, tende a conceber a palavra (significante) como parte integrante do objeto (significado), atribuindo ao signo características do objeto ao qual se refere. Um exemplo disso é quando se pergunta à criança qual palavra é maior: “boi” ou “formiguinha”? E a resposta é a de que “boi” é maior, pois ela tem dificuldade de desvincular o significado do significante.

Aplicação das atividades-teste

Deu-se continuidade ao trabalho com a realização da parte prática, que consistiu na aplicação de atividades/ testes, que visam desenvolver o reconhecimento de rimas e a capacidade de separar sílabas, em crianças pré-escolares de idade 4 a 5 anos de idade, de uma escola infantil da rede privada do município de Lajeado. As atividades foram retiradas do livro “Consciência fonológica em crianças pequenas” de Adams et al., adaptado à língua portuguesa por Lamprecht e Costa (2006).

Primeiramente foi explorada com as crianças a ideia de que duas palavras rimam quando têm sons semelhantes no final, sendo que foram citados vários exemplos de palavras que rimam. Por exemplo: “cola - bola”, “balão – sabão”, “bala – mala”.

        A seguir, a professora mostrou a página de demonstração e as crianças foram questionadas sobre o nome das figuras sendo instigados a responder a seguinte pergunta: “Vocês conseguem achar alguma imagem que rime com bola?”; sendo assim, relacionaram com a mola e a professora desenhou uma linha entre as duas figuras para exemplificar. Após, com a imagem caracol, foi feita a mesma abordagem: “Aqui está a figura de um caracol, vocês veem outra que rime com caracol?” e então relacionando com a imagem “anzol”, a professora desenhou uma linha entre as duas figuras.

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