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Cultura E Natureza

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Por:   •  4/6/2014  •  3.639 Palavras (15 Páginas)  •  453 Visualizações

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A DEMANDA EXTRÍNSECA DO ESTUDO DA LITERATURA

Renné Wellek e Austin Warren

1) LITERATURA E BIOGRAFIA

A mais óbvia causa determinante de uma obra é seu criador, o autor; daí que uma explanação da literatura em função da personalidade e da vida do escritor tenha sido um dos mais antigos e mais radicados métodos de estudo literário.

A biografia é um gênero literário antigo. Faz parte da historiografia.

Aos olhos do Biógrafo, o poeta é um homem como outro qualquer, cuja evolução moral e intelectual, carreira exterior e vida emocional podem ser reconstituídas e avaliadas pelo confronto com padrões normalmente colhidos num sistema ético ou código de procedimento.

Assim concebidos, os problemas de um biógrafo são simplesmente os de um historiador (interpretar documentos e ouvir testemunhas oculares).

Duas questões de biografia literária são, porém, cruciais no nosso contexto. Até que ponto é suscetível de justificação o uso pelo biógrafo, para os seus objetivos, das obras em si mesmas como processo de prova? Até que ponto são relevantes e importantes para uma compreensão das próprias obras os resultados da biografia literária?

A relação entre a vida particular não é uma simplista relação de causa e efeito.

A investigação biográfica, atualmente, afigura-se fácil, porque podemos comprovar a vida com a obra e vice-versa. Acontece mesmo que o próprio poeta convida e solicita a esta investigação, especialmente o poeta romântico, que escreve sobre si próprio e acerca de seus sentimentos mais íntimos.

É preciso distinguir dois tipos de poetas, os objetivos e os subjetivos. Os que mostram sua personalidade concreta (novele italianas, romances de cavalaria, romances naturalísticos e a maior parte da poesia do povo) e os que cujo intuito é exibirem a sua personalidade, desenharem auto-retratos, confessarem-se a si próprios.

Mesmo quando uma obra de arte contém elementos que possam com segurança ser identificados como autobiográficos, tais elementos estarão de tal modo reelaborados e transformados na obra que perdem seu significado especificamente pessoal e se tornam apenas material humano concreto, partes integrantes da obra.

Pode demonstrar-se que é falsa a própria concepção de que a arte é auto-expressão pura e simples, a transcrição de sentimentos e experiências pessoais.

A obra de arte não é mera cópia da vida do autor.

CRÍTICA

O método biográfico esquece-se de que uma obra de arte não é apenas a incorporação da experiência; é sempre a mais recente obra de arte numa série de obras de arte. E toda obra é determinada pela tradição e pela convenção literárias.

O método biográfico obscurece a devida compreensão do processo literário, uma vez que quebra a ordenação da tradição literária com vista a substituí-la pelo ciclo de vida do indivíduo.

Ignora também os fatos psicológicos elementarmente simples. Podendo a obra figurar mais o ‘sonho’ de um autor do que sua vida real, ou que a ‘máscara’, o ‘antieu’ atrás do qual sua personalidade se esconde.

Além disso, o artista pode “experimentar” a vida por forma diferente, em função da sua arte; as experiência reais são por ele encaradas em função da sua utilização em literatura e chegam até ele já em parte informadas por tradições e preconceitos artísticos.

E também a obra de arte não é um documento biográfico.

Exemplo: Life of Traherne de Miss Wade. Ela toma todas as afirmações contidas no poema desse autor como verdades biográficas literais.

RELEVÂNCIA

O método biográfico tem utilidade quando usado sem perder de vista que há a personalidade do autor por trás da obra. Existe uma pessoa atrás da obra, um Dante, Goethe ou um Tolstoi.

Tem valor exegético, podendo explicar alusões ou palavras na obra de um autor.

O enquadramento biográfico possibilita estudar o crescimento, a maturidade e o possível declínio da obra de um autor.

É perigoso atribuir-lhe qualquer importância crítica.

2) LITERATURA E PSICOLOGIA

O estudo do escritor como tipo e como indivíduo. Estudo do processo da criação, ou estudo dos tipos das leis que estão presentes dentro de obras literárias. Ou ainda o estudo dos efeitos da literatura sobre os leitores (psicologia do público).

O que leva um artista a criar uma obra? Que fatores provocam a criação de uma obra? A natureza do gênio literário sempre provocou especulações. Na Grécia essa natureza é aparentada com a ‘loucura’, neurose, possessão.

Também, os antigos atribuem ao artista o ‘dom’, como compensação. Assim, a cegueira era compensada pelo dom da profecia. Mas sendo compensação ou neurose, o fato é que o artista é visto como diferente.

No caso do escritor a neurose fornece-lhe temas para sua obra ou apenas motiva-o? Freud concebia o escritor com como um neurótico, que se afasta da realidade e vive no mundo da fantasia. Assim, a obra é uma fantasia publicada. Não se reconhece a obra como um agir no mundo exterior.

A teoria da arte como neurose levanta a questão da imaginação em relação à crença. Será o romancista uma criança que conta histórias, confundindo realidade e fantasia? Dickens ouvia vozes e via suas personagens. O romancista é um sinestésico com alteração da vista e do ouvido?

T.S. Eliot entende que a mentalidade pré-lógica, subsiste no homem civilizado, mas só é acessível ao poeta ou por intermédio dos poetas.

O homo scriptor não pertence a um tipo único. Há os artistas que tendem para a esquizofrenia e os que tendem para a personalidade maníaco-depressivo. O poeta da possessão e o poeta artífice, que fabrica sua obra.

Nietzsche polariza a criação artística em apolíneo e dionisíaco.

A inspiração é outro conceito aplicado à criação artística, podendo ser provocada com estimulantes e rituais (levantar cedo, mantras).

1) Estudo psicológico do escritor como tipo e como indivíduo.

2) Estudo do processo da criação.

3) Estudo

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