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Dialogo Fernando Pessoa E Heteronimos

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Por:   •  26/2/2015  •  663 Palavras (3 Páginas)  •  2.405 Visualizações

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Quando Fernando Pessoa se desdobra, encontra-se

Fernando Pessoa sentia-se muitas vezes atormentado pelo turbilhão de pensamentos que lhe ocupavam a mente, de cada vez que executava a mais simples das ações. Decidido a encontrar, pelo menos a causa de tamanha angustia, reuniu-se com os seus colegas de vida, para com eles debater este tão desesperante problema.

Pessoa -Como consegues olhar tão serenamente para essa flor, Caeiro? Sem seres inundado por inúmeras inquietações e desejos. Ah! Desejos de ser ela sem pensar no que se é! Gostava de ser assim, florir sem razão aparente e não procurar uma razão para florir! De ser como o rio e correr só porque correr é bom! De ser criança e nadar nesse rio, sem pensar! Mas o meu coração está diretamente ligado ao meu cérebro, não me permitindo viver sem pensar em todos os passos que dou!

Caeiro – Meu amigo, tu pensas demais e é por isso que estás cheio de inquietações, desejos e dúvidas! Ignora tudo isso e deixa para trás a matéria! Ser feliz é sentir! É ter olhos para ver o mundo e tudo o que ele nos dá! Mas sem procurar um sentido oculto nas coisas, pois a verdade é que elas não o têm. Devias experimentar deitar-te na relva e fechar os olhos e aí sim, irias sentir-te absorvido pela realidade.

Pessoa (angustiado por se acreditar incapaz de fazer o que o amigo aconselhava) – Pensas que não passei toda a minha vida atormentado com o desejo de ser inconsciente, de poder cheirar uma flor sem pensar no porquê de ela ali ter nascido, no porquê do seu aroma me fazer sentir uma tão grande calma? Não consigo viver sem intelectualizar tudo o que experiencio! O que em mim sente está pensando! Por isso é que vivo tão atormentado.

Reis – Se me permitem interromper, caros senhores, gostaria de vos dar a minha opinião relativamente a este tópico. Respeitado criador, tenho a dizer-lhe que toda essa busca de um sentido oculto das coisas me incomoda bastante, uma vez que vai completamente contra a filosofia de vida que pratico e defendo. Deveria conservar-se à parte das agitações do mundo o mais que pudesse, para conseguir então gozar de um estado de completa ausência de perturbação, numa ataraxia pura e simples. Além disso, caro mestre, tenho a dizer-lhe que não posso viver aproveitando o momento, sem pensar no que isso me trará no futuro. É necessário viver com precaução até que chegue a hora de levarmos o óbolo ao barqueiro sombrio.

Campos (que se intrometeu na conversa com a energia habitual de quem tudo quer experimentar) – Com certeza que sim, mas deixe-me dizer-lhe que não deve conservar-se a um ponto em que fique à margem daquilo que se passa por essa Europa fora e que atingiu também o nosso querido Portugal. Vivemos na época do progresso e das máquinas e a elas devemos unir-nos como se fossemos um só! Apreciando esta beleza totalmente desconhecida dos antigos! Todo o futuro está já dentro de nós! Eia! Vamos vivê-lo e sentir tudo de todas as maneiras! Vamos para o futuro, vamos! Eia!!!

Pessoa (já convencido que não seria aquela conversa que o iria levar a descobrir a solução do seu problema) – Não sei até que ponto todas estas perspetivas tão opostas me podem ajudar a deixar de ver um mundo tão complicado! Olho para uma pobre ceifeira que canta e não

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