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GENESIS RELACIONADA: EPIC POLÍTICA E PREMIUM

Seminário: GENESIS RELACIONADA: EPIC POLÍTICA E PREMIUM. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  1/12/2014  •  Seminário  •  542 Palavras (3 Páginas)  •  199 Visualizações

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GÊNESE DO ROMANCE: UMA POLÊMICA E UM ÉPICO NAUFRAGADO

Produto feliz da convergência de estilos, linguagens, gêneros e modelos literários diversos, Iracema (1865) é a obra-prima do indianismo de Alencar — ou mesmo de toda a sua ficção, incluindo os dois grandes perfis de mulher, Senhora e Lucíola, ao lado dos quais seria um terceiro, superior em inventividade na apropriação tupi do modelo balzaquiano.

Na gênese do romance está o projeto naufragado do épico Os filhos de Tupã (1863), como o próprio escritor trata de atestar no posfácio, alegando, entre outras coisas, a maior flexibilidade e o alcance de comunicação da prosa ficcional. O abandono da épica e a opção pela prosa de Iracema podem ser mais bem compreendidos à luz das duras críticas dirigidas à obra de Magalhães, em famosa polêmica travada por nosso Ig nas páginas do Diário do Rio de Janeiro em 1856 — uma estratégia ousada do então jovem cronista de No correr da pena para se inserir no acanhado mundo das letras nacionais, desafiando a norma da cordialidade que aí também, literalmente, imperava, ao atacar de frente o protegido de Pedro II2.

Dentre as cobranças e sugestões dirigidas por Alencar à "maquinaria pesada e desgraciosa" (Antonio Candido) daConfederação dos Tamoios, é possível reconhecer a prefiguração de algumas das soluções felizes apresentadas anos depois em Iracema, a começar, naturalmente, pela recusa dos moldes da épica clássica em prol de "um verdadeiro poema nacional onde tudo fosse novo, desde o pensamento até a forma, desde a imagem até o verso"3. Não é demais supor que essa "nova forma de poesia" seria concretizada pela prosa poética do livro de 1865, cuja força plástica e musical pretendia responder, igualmente, àqueles que consideravam as línguas indígenas bárbaras, carentes de imagens, mal soantes e pouco poéticas. Para alcançar a expressão viva e o frescor dessa nova forma de poesia, diferentemente do que fez Magalhães, seria necessário, sempre segundo Ig, abandonar a perspectiva do homem civilizado e flagrar as maravilhas da terra toda nova pela ótica de um filho da natureza. Essa cobrança talvez explique o fato de o narrador em terceira pessoa de Iracema "falar a mesma linguagem metafórica de suas personagens, como se a história estivesse sendo narrada desde dentro do mundo indígena, por um de seus membros"4.

Destaque-se, ainda, nas Cartas, a menção à "Eva indiana" que Magalhães não foi capaz de nos dar, através de uma representação convincente da mulher como "símbolo do amor, da virgindade e da maternidade", mas que Iracema saberá encarnar plenamente. Nelas, inclusive, há a evocação daquelas "duas sublimes enfermidades do espírito, a saudade e a nostalgia", que comparecerão em Iracema, na forma de herança legada a Moacir e sua descendência mestiça. Mesmo a estratégia de interlocução presente nas Cartas dirigidas a um destinatário amigo lembra a situação evocada no prólogo e no posfácio do livro, também concebidos na forma de uma missiva endereçada ao dr. Jaguaribe esclarecendo a gênese e a destinação da obra. Em ambos os casos, além do mais, a reportação a um espaço natural figurado como refúgio aprazível, no qual se instalam o emissor das Cartas e o destinatário do prólogo do

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