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LENDO TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS: Uma Abordagem Semiótica

Trabalho Escolar: LENDO TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS: Uma Abordagem Semiótica. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  21/9/2014  •  4.815 Palavras (20 Páginas)  •  394 Visualizações

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1. Introdução:

Tomada como “teoria da significação”, a semiótica greimasiana (também

conhecida como semiótica francesa ou semiótica do discurso) volta-se para a explicitação das

condições da apreensão e da produção do sentido. Nessa perspectiva, privilegiando a

abordagem do texto como objeto de significação, preocupa-se em estudar os mecanismos que

o engendram, que o constituem como um todo significativo. Em outras palavras: procura

descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz, examinando, em

primeiro lugar, o seu plano de conteúdo, que é concebido sob a forma de um percurso que vai

do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto. Trata-se do percurso gerativo de

sentido, modelo teórico-metodológico que “simula” a produção e a interpretação do conteúdo

de um texto.

Considerando, porém, que o texto só se constitui a partir da junção de um plano

de conteúdo com um plano de expressão, busca, num segundo momento, a partir das

contribuições da semiótica plástica ou visual, analisar também o plano da expressão daqueles

textos em que esse plano faz mais do que expressar o conteúdo; ele cria novas relações com o

conteúdo: as relações semi-simbólicas. É o que acontece em textos com função estética (o

poema, o ballet, a pintura etc). O semi-simbolismo oferece uma nova leitura do mundo, ao

associar diretamente relações de som, de cor, de forma (plano da expressão) com relações de

sentido (plano do conteúdo).

A semiótica greimasiana propõe-se, dessa forma, como uma teoria gerativa,

sintagmática (já que seu escopo é estudar a produção e a interpretação de textos) e geral,

porque se interessa por qualquer tipo de texto, quer se manifeste verbalmente ou não. Assim,

é apenas depois de examinar o plano do conteúdo (sob a forma do percurso gerativo),

fazendo, por conseguinte, abstração da manifestação, que a semiótica se volta para as

especificidades da expressão e sua relação com a significação (FIORIN, 1995, p.2).

Considerando, portanto, a noção de texto em sentido amplo, procuraremos, no

presente artigo, mostrar a produtividade da teoria fundada por Algirdas Julien Greimas – e

acrescida de seus desdobramentos mais recentes – na análise do “Poeminha do Contra”, de

Mario Quintana, e da tela “Ceia”, de Mestre Ataíde. Antes, porém, de examinar essas

telas/textos, discorreremos, brevemente, sobre as categorias de análise dos planos do conteúdo

e da expressão.

2. O plano do conteúdo e o percurso gerativo de sentido

A dicotomia expressão/conteúdo vem de Hjelmslev (1968). Segundo ele, o

sentido ocorre pelo encontro desses dois níveis que, como tais, são suscetíveis de ser

analisados pela mesma metalinguagem descritiva. Começaremos pelo plano do conteúdo.

Como já afirmamos, esse plano é examinado por meio do percurso gerativo de sentido, que

comporta três níveis: o fundamental (mais simples e abstrato), o narrativo (nível

intermediário) e o discursivo (mais complexo e concreto). Cada um desses níveis é dotado de

uma sintaxe, entendida como o conjunto de mecanismos que ordena os conteúdos, e de uma

semântica, tomada como os conteúdos investidos nos arranjos sintáticos, sendo que a segunda

tem uma autonomia maior que a primeira, o que implica a possibilidade de investir diferentes

conteúdos semânticos na mesma estrutura sintática.

Temos, assim, uma semântica fundamental que – ao lado da sintaxe

fundamental – corresponde à instância mais profunda do percurso gerativo. As unidades que a

CASA, Vol.5, n.2, dezembro de 2007

http://www.fclar.unesp.br/grupos/casa/CASA-home.html 3

instituem são estruturas elementares da significação e podem ser formuladas como categorias

semânticas suscetíveis de ser articuladas sobre o quadrado semiótico. Uma categoria

semântica é uma oposição tal que a vs b, sendo esses dois elementos sobremodalizados com

traços de positividade (euforia) e negatividade (disforia). Já a sintaxe fundamental, com suas

duas operações básicas de asserção e negação, possui um caráter puramente relacional e é

logicamente anterior à sintaxe narrativa, formulada em termos de enunciados comportando

actantes e funções (GREIMAS; COURTÉS, 1993).

No patamar seguinte, temos a sintaxe e a semântica narrativas. Esta deve ser

considerada como a instância de atualização dos valores (presentes como sistemas axiológicos

virtuais no nível fundamental), que são, então, assumidos por um sujeito. Nessa perspectiva, a

passagem da semântica fundamental à semântica narrativa consiste essencialmente na seleção

dos valores disponíveis – e dispostos no quadrado semiótico – e na sua atualização pela sua

junção com os sujeitos. É ainda no âmbito da semântica narrativa

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