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Libras Que Lingua é Essa

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Por:   •  19/1/2015  •  1.955 Palavras (8 Páginas)  •  478 Visualizações

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No primeiro capítulo, a autora inicia questionando sobre a universalidade da língua de sinais. Audrei percorre por questionamentos sobre a gramática e a origem da Língua de Sinais, que semelhante a língua oral, só que através de gestos; nos levando a ver que os surdos falam a mesma língua em qualquer parte do mundo, além de explanar sobre a constante comparação entre a língua de sinais brasileira e a língua portuguesa falada, também sobre a forma escrita de sinais.

A ideia de que LIBRAS, ou outra língua de sinais de outros países (como, por exemplo, ASL, American Sign Language; LSF, Langue des signes française; BSL, British Sign Language; AUSLAN, Australian sign language etc.) é uma língua própria, viva, com suas especificidades e singularidades, assim como a língua falada no Brasil, transcorre por todo o primeiro capítulo do livro.

Há três parâmetros constituintes na língua de sinais: configuração da mão, ponto de articulação ou locação e movimento (CM, PA ou L e M). A mesma configuração da mão em espaços diferentes representará palavras e conceitos distintos. A língua de sinais não é pantomima, datilologia, isto é, representações mímicas da realidade, o que tornaria muito difícil certos termos. Essa visão da língua de sinais como mímica, tem a ver com a forma que os ouvintes veem os surdos, tratando-os de forma exclusiva e pejorativa. É preciso entender que os surdos têm sua própria língua e que se comunicam como qualquer outro ser humano ouvinte, expressando até conceitos abstratos. Embora exista um grau elevado de sinais icônicos é importante destacar que essa característica não é exclusiva das línguas de sinais. Os surdos foram privados de se comunicarem em sua língua durante séculos. As escolas forçavam o uso da língua oral e leitura labial, eram castigados, tendo até as mãos amarradas para que não se comunicassem através dos sinais. Os surdos tiveram que recorrer a asilos e escolas internas para receberem educação já que a perseguição e a exclusão eram explícitas. No Brasil a história não foi diferente, a língua de sinais era vista como um “código secreto”, eram usadas às escondidas, pois era proibida. Na perspectiva de tantos outros, a língua era vista como algo exótico, obsceno e extremamente agressivo, já que que o surdo expunha demais o corpo ao sinalizar. Mas mesmo com toda essa implicação a língua de sinais não morreu e não morrerá porque enquanto houver dois surdos, haverá sinais.

A língua de sinais não é um alfabeto manual, pois não é limitada. A língua de sinais tem uma linguagem própria , é autônoma, independente de qualquer língua oral em sua percepção linguística. Cada país possui o seu alfabeto, configurando com especificidade de sua própria cultura.. É importante que se diga que o alfabeto manual tem uma função na interação entre os usuários da língua de sinais. Lança-se mão desse recurso para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas, e algum vocábulo não existente na língua de sinais que ainda não tem sinal. Soletrar não é um meio com um fim em si mesmo. Palavras comumente soletradas podem e são substituídas por um sinal. Cada formato da mão corresponde a uma letra do alfabeto do português brasileiro. Existe também o alfabeto manual para surdo-cegos, onde se utilizam as duas mãos para soletrar as palavras, sendo que é necessário tatear a mão do interlocutor. Cada língua de sinais tem suas influências e raízes históricas a partir de línguas específicas. Embora os sinais americanos tenham raízes nos sinais franceses, a ASL também sofreu influências dos sinais dos índios locais, formando a ASL moderna. Entretanto, é importante dizer que a coabitação da maioria das línguas de sinais com as línguas orais faz com que haja empréstimos, alternância e trocas linguísticas, mas isso não quer dizer que as línguas de sinais tenham as suas origens ou raízes históricas nas línguas orais.

Em 1855, um surdo francês chamado Ernest Huet chegou ao Brasil com o apoio do Imperador dom Pedro II, para criar a primeira escola para surdos brasileiros, e o fato se deu no mês de setembro em 1857. Hoje, esta escola é conhecida como: Instituto Nacional de Educação de Surdo (INES), localizada no Rio de Janeiro, e no mesmo endereço até os dias atuais. Por questões culturais, no Brasil não há unidade plena da Libras. De acordo, com Parâmetros Curriculares Nacionais, a língua portuguesa é “uma unidade que se constitui de muitas variedades’’, então, dizer que todos os brasileiros falam o mesmo português é uma inverdade, na mesma proporção em que é falso afirmar que todos os surdos usam a mesma língua de sinais. Afirmar essa unidade é negar a variedades das línguas, quando de fato nenhuma língua é uniforme, homogênea, a variação pode ocorrer nos níveis fonológico (pronúncia), morfológico (palavras) e sintático (sentenças) e estão ligadas aos fatores sociais de idade, gênero, raça, educação e situação geográfica. A língua de sinais não é uma língua ágrafa, embora, exista nos Estados Unidos um sistema de escrita para promover a alfabetização, conhecido como SignWriting. O Brasil é principiante neste método e encontra-se em fase de experimentação, pois há um processo de padronização da grafia da Libras. A comunidade dos surdos não aceita os termos: deficiente auditivo e surdo-mudo.

Quanto ao “deficiente auditivo” é um termo médico, isto é, clínico. O termo surdo-mudo é incorreto, pois a maioria, não tem problemas com o aparelho fonador, podendo ser oralizados, ainda que a língua materna seja a Libras. Esses termos carregam na historicidade dos surdos preconceitos, que os fizeram sofrer muito. Então, o termo aceito pela comunidade dos surdos, simplesmente é surdo. No passado, achava-se que a surdez era acompanhada por algum tipo de déficit de inteligência. Com a inclusão dos surdos no processo educativo compreendeu-se que eles em sua maioria não tinham a possibilidade de desenvolver a inteligência em virtude dos poucos estímulos que recebiam e que isso era devido à dificuldade de comunicação entre surdos e ouvintes. Com o desenvolvimento das diversas línguas de sinais e o trabalho de ensino das línguas orais permitiram aos surdos os meios de desenvolvimento de sua inteligência. Quando eles discutem sua surdez, usam termos profundamente relacionados com sua língua, seu passado e sua comunidade. Infelizmente, o povo surdo ainda é tratado com preconceitos, mas esse paradigma precisa ser quebrado, pois, os surdos tem os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos, como qualquer outro ser humano. O intérprete tem tido uma importância valiosa nas interações entre surdos e ouvintes. A necessidade de intérprete em espaços institucionais em que as pessoas não

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