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Ludicidade Na Adolescência

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Por:   •  22/10/2014  •  3.381 Palavras (14 Páginas)  •  1.150 Visualizações

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LUDICIDADE E ADOLESCÊNCIA

Sonia Cristina de Oliveira, Cleomar Ferreira Gomes

A atividade lúdica proporciona um encantamento em crianças, em adolescentes e em adultos. Segundo Chateau (1987), faz parte da natureza humana o ato de brincar, com a vantagem de favorecer o desenvolvimento da criança e mesmo dos adultos. Estes se realizam plenamente, entregando-se por inteiro ao jogo. Já para a criança quase toda atividade é jogo e é pelo jogo que ela adivinha e antecipa as condutas superiores. Portanto, o brincar é uma atividade inerente ao ser humano.

O significado dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras e sua relação com o desenvolvimento e a aprendizagem há muito tempo vêm sendo investigados por pesquisadores de várias áreas do conhecimento com diferentes contribuições. Neste sentido, ao longo desta trajetória tem-se procurado analisar os jogos por intermédio de concepções de ordem psicológica, biológica, antropológica, sociológica e lingüística. As teorias interacionistas que elegem como principais representantes, Piaget (1896-19980), Wallon (1879-1962) e Vygotsky (1896-1934), estes autores preconizam a imitação como origem de toda representação mental e a base para o aparecimento do jogo infantil. (KIHIMOTO, 1996).

Segundo Piaget (apud KIHIMOTO, 1996, p.40), (...) o desenvolvimento do jogo resulta de processos puramente individuais e de símbolos idiossincráticos privados que derivam da estrutura mental da criança e que só por ela podem ser explicados. Assim, como no desenvolvimento infantil, o autor analisa o desenvolvimento do jogo de forma espontânea, ou seja, conforme se organizam as novas formas de estrutura, surgem novas modificações nos jogos que, por sua vez, vão se integrando ao desenvolvimento do sujeito por intermédio de um processo denominado assimilação. Nesta perspectiva, o brincar é identificado pela primazia da assimilação sobre a acomodação, que é o fato de o sujeito assimilar eventos e objetos ao seu "eu" e às suas estruturas mentais.

Para Piaget (apud KIHIMOTO, 1996, 2001) o brincar não recebe uma conceituação precisa, é uma ação assimiladora, aparece como forma de expressão da conduta, cheia de características metafóricas como espontaneidade, prazer, iguais às do romantismo e da biologia. Ao inserir a brincadeira dentro do conteúdo da inteligência e não na estrutura cognitiva, Piaget distingue a construção de estruturas mentais da aquisição dos conhecimentos. Nesse sentido, a brincadeira, enquanto processo assimilativo, participa do conteúdo da inteligência, igual à aprendizagem e também é compreendida como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá. Portanto, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos de acordo com seu nível de desenvolvimento.

Numa outra perspectiva interacionista, Wallon (apud KISHIMOTO, 2003, p.41) ao analisar a origem do comportamento lúdico pressupõe que ele provém da imitação que representa uma acomodação ao objeto. O autor não utiliza o termo acomodação como complemento de assimilação, para explicar a atividade cognitiva, mas sim, percebe na acomodação postural o alicerce do que se tornará a imagem. Wallon vê na imitação uma participação motora do que é imitado e um certo prolongamento da imitação do real. Compreende que a origem da representação está na imitação. Logo, se a representação nasce da imitação, o aparecimento de brincadeiras simbólicas depende do domínio de processos imitativos. Para este autor, a atividade lúdica é uma forma de exploração, de infração da situação presente. Ele analisa, ainda, o psiquismo infantil como resultado de processos sociais. Na origem da conduta infantil, o social está presente no processo de interação das crianças com os adultos que desencadeia a emoção responsável pelo aparecimento do ato de exploração do mundo, portanto, compreende o desenvolvimento da brincadeira a partir do desenvolvimento da imitação que surge como resultado do desenvolvimento infantil que transcorre numa constante dialética com o meio físico e social. (KISHIMOTO, 2001).

Por último, Vygotsky com o desenvolvimento de sua psicologia trouxe contribuições importantes para a pesquisa psicológica sobre o jogo infantil. Através de pesquisas explicitou a influência do contexto social na formação da inteligência, portanto, no desenvolvimento do sujeito. Neste sentido, valoriza o fator social mostrando que nas brincadeiras dos jogos de papéis, a criança cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto cultural adquiridos por meio da interação e da comunicação. Para este autor a questão fundamental do jogo é que ele propicia a zona de desenvolvimento proximal, ou seja, o jogo é o responsável pelo impulso do desenvolvimento dentro dessa zona. As brincadeiras são aprendidas no contexto social, tendo o suporte de seus pares e adultos, esses jogos contribuem para a emergência do papel comunicativo da linguagem, aprendizagem das convenções sociais e a aquisição de habilidades sociais.

Embora as três concepções apresentem divergências conceituais, os autores acreditam que o lúdico parte do pressuposto da imitação. Mesmo ficando explícitos a primazia da maturação para Piaget e o foco das interações sociais para Wallon e Vygotsky, todos demonstram a importância dos processos imitativos para a constituição da representação, e, portanto, para a origem do comportamento lúdico.

Enquanto Piaget, Wallon e Vygotsky (apud KISHIMOTO, 2003, p.45), “referem-se a imitação como a origem de toda representação mental e a base para o aparecimento do jogo infantil", Bruner enfoca que desenvolvimento da atividade simbólica se origina de brincadeiras compartilhadas entre a mãe e a criança, e estas brincadeiras por sua vez conduzem para o aparecimento das atividades motoras e vocais. Bruner analisa o desenvolvimento da conduta da criança, em situação de apontar, sempre na presença da mãe ou do adulto responsável, tentando compreender como esta conduta se torna possível e aponta as interações sociais como fonte de desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significados aos objetos.

O autor menciona que as trocas interativas entre a mãe e a criança auxiliam a aquisição da linguagem, a compreensão de regras e influenciam no desenvolvimento cognitivo, pois a brincadeira permite uma flexibilidade de conduta e conduz a um comportamento exploratório, que por sua vez, contribui para a solução de problemas.

Na seqüência, é interessante notar que a abordagem da antropologia tem realizado contribuições significativas nesta área, como demonstram

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