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Memorial De Aries

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Por:   •  25/8/2014  •  3.865 Palavras (16 Páginas)  •  350 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS

Análise das Personagens na obra Memorial de Aires

Mônica Maria da Silva

João Pessoa

JULHO/2014

Mônica Maria da Silva - 11123825

Análise das Personagens na obra Memorial de Aires

Artigo apresentado à disciplina de Literatura Brasileira III, sob orientação da Prof.ª Zélia Bora, como requisito para avaliação.

João Pessoa

JULHO/2014

Introdução

A intenção deste estudo é analisar as personagens da obra Memorial de Aires, de Machado de Assis, enfocando suas características e evoluções dentro da narrativa através do narrador. Para isso, será vista a posição crítica de Antonio Candido em A Personagem de Ficção; tendo como base a forma direta de um diário.

Todavia, há uma diferença básica entre uma posição e outra: na vida, a visão fragmentária é imanente à nossa própria experiência; é uma condição que não estabelecemos, mas a que nos submetemos. No romance, ela é criada, é estabelecida e racionalmente dirigida pelo escritor, que delimita e encerra, numa estrutura elaborada, a aventura sem fim que é, na vida, o conhecimento do outro. Daí a necessária simplificação, que pode consistir numa escolha de gestos, de frases, de objetos significativos, marcando a personagem para a identificação do leitor, sem com isso diminuir a impressão de complexidade e riqueza. (CANDIDO, 1968, p. 53).

Candido (1968) nos fala que o escritor delimita, numa estrutura elaborada, o conhecimento do real para criar o fictício, escolhendo as ações e objetos significativos da personagem, a fim de distingui-la fazendo com que o leitor a identifique.

Graças aos recursos de caracterização (isto é, os elementos que o romancista utiliza para descrever e definir a personagem, de maneira a que ela possa dar a impressão de vida, configurando-se ante o leitor), o romancista é capaz de dar a impressão de um ser ilimitado, contraditório, infinito na sua riqueza; mas nós apreendemos, sobrevoamos essa riqueza, temos a personagem como um todo coeso ante a nossa imaginação. (CANDIDO, 1968, p. 54).

Encetando com estas características Candido nos apresenta a tipologia proposta pelo teórico E. M. Forster (1879-1070) na obra Aspectos do Romance, que diferencia as personagens em duas categorias:

• Personagem plana:

Personagem estabelecida ao redor de uma única qualidade ou defeito, não apresenta profundidade psicológica e não modifica seu comportamento no decorrer da narrativa. Pode ser definida em poucas palavras, por um traço ou por um elemento característico básico, que a acompanha durante toda a estória.

• Personagem esférica:

Personagem complexa; apresenta comportamentos imprevisíveis, cheia de contradições; estabelecida por vários traços diferentes que vão sendo definidos ao decorrer da narrativa, evoluindo e, frequentemente, surpreendendo o leitor.

Estas duas categorias remetem a evolução das personagens dentro da narrativa, e, é a partir destas que iremos desenvolver nossa análise.

Memorial de Aires

Publicado em 1908, o romance Machadiano Memorial de Aires, é escrito em forma de diário. A obra compõe dois anos da vida de um sexagenário e traz como tema os idílios amorosos e as futilidades das personagens inseridas à elite brasileira do fim do século XIX. O conselheiro Aires narra em primeira pessoa, entre 1888 e 1889, na cidade do Rio de Janeiro, período histórico da abolição da escravatura e da mudança do sistema monarquista para o republicano.

A narrativa se dá início com a descrição do Conselheiro Aires a respeito de seu retorno da Europa ao Brasil, expondo que na presente data, nove de janeiro de 1888, completa-se um ano do seu regresso. Ele e Rita, sua irmã, se encontram no cemitério, onde principiam uma aposta acerca da fidelidade da viúva Fidélia a seu falecido esposo.

Formosa, jovem e viúva, Fidélia, é uma espécie de filha postiça de Aguiar e D. Carmo. Afilhado deste mesmo casal, Tristão, viajara para Portugal quando criança com os pais, e agora, retorna ao Rio de Janeiro para visitar seus padrinhos. Tristão e Fidélia apaixonam-se, e prontamente, casam-se, mudando seus destinos para Portugal, deixando as lembranças como companhia para o velho casal Aguiar.

Conselheiro Aires

Com 62 anos, viúvo, aposentado, bom ouvinte e narrador do romance, Aires é diplomata, e não tem filhos. De caráter cordato e cético, é um observador da natureza humana, sempre escrevendo em seu caderno (diário de lembranças). Tem domínio para comentar, questionar e avaliar o assunto narrado. Descreve os acontecimentos em 1ª pessoa (quando escreve a respeito de si) e 3ª pessoa (quando escreve a respeito de outras personagens), atribuímos este então a categoria narrador-testemunha, do foco narrativo de Friedman (2002), visto que o narrador não é capaz de conhecer a mente das outras personagens, ou seja não é onisciente, conta os episódios por ele narrados como personagem secundária, observando como comparsa as personagens principais e tem um ponto de vista limitado já que narra da periferia dos acontecimentos. Sobre o foco narrativo narrado-testemunha Friedman disserta que:

A consequência natural desse espectro narrativo é que a testemunha não tem um acesso senão ordinário aos estados mentais dos outros; logo, sua característica distintiva é que o autor renuncia inteiramente à sua onisciência em relação a todos os outros personagens envolvidos, e escolhe deixar sua testemunha contar ao leitor somente aquilo que ele, como observador, poderia descobrir de maneira legítima. À sua disposição o leitor possui apenas os pensamentos, sentimentos e percepções do narrador-testemunha; e, portanto, vê a estória daquele ponto que poderíamos chamar de periferia

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