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O Conto de Machado de Assis

Por:   •  17/11/2018  •  Resenha  •  667 Palavras (3 Páginas)  •  328 Visualizações

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ACADÊMICO

Isabela Rosa de Oliveira

R.A

1706866-5

DISCIPLINA

Teoria da Literatura

Curso

Letras

O conto de Machado de Assis – Pai contra mãe – retrata a escravidão de forma chocante e sem subterfúgios. O título do conto é indicativo da luta travada entre Cândido Neves e Arminda a fim de garantir a sobrevivência dos respectivos filhos. O foco narrativo se dá em terceira pessoa, ambientado no Rio de Janeiro, cidade negra e escravagista da metade do século XIX, que serve como pano de fundo para uma narrativa realista.

        Machado inicia o conto contextualizando um pouco sobre a escravatura no Brasil, descrevendo elementos de tortura e castigo usados contra os escravos na época. Algumas pessoas trabalhavam capturando escravos fugidos em troca de recompensas e isto era visto como profissão, destinada em geral aos que se consideravam inaptos para outros trabalhos.

        O protagonista do conto é Cândido Neves, 30 anos, instável, construído por Machado como alguém que tem aversão ao trabalho já que para ele todo ofício é custoso. Sem grandes ambições, gostava da vida fácil, tornou-se caçador de escravos, trabalhava na cidade, seu território de caça eram as ruelas, sua fama de eficiente era conhecida entre os escravos. Cândido se apaixona por Clara, 22 anos, órfã, jovem ingênua e sonhadora que vivia com sua tia Mônica. Eles se casam mesmo diante de opiniões contrárias a relação. Por não terem condições de se manterem por conta própria, o casal vai morar na casa de tia Mônica. Apesar da complicada situação financeira, eles desejavam muito ter um filho e algum tempo depois Clara engravida. As dificuldades que já eram muitas foram se agravando e diante das circunstâncias, Cândido se vê cada vez mais pressionado a encontrar outro ofício, já que a concorrência na captura de escravos havia aumentado e ele já não conseguia conquistar suas recompensas com frequência como de costume.

Tia Mônica é uma mulher alegre, porém estava sempre próxima ao casal, participando de suas decisões e opinando de forma impositiva. Ela tinha consciência da pobreza a que estavam destinados. Com o nascimento do bebe de Clara e Cândido, um menino, Mônica os convence a entrega-lo na roda dos enjeitados para que não passe necessidades e possa receber os cuidados que merece. Ironicamente, Clara não esboça nenhuma reação, nem mesmo em meio a perda do filho, o que evidência sua submissão aos desmandos da tia. A ideia de abrir mão do filho, por quem ele demonstra muito amor, deixa Cândido desesperado. Sem saída e relutante, leva o menino para ser entregue na roda, mas no caminho, decide fazer uma última tentativa para obter dinheiro e manter a criança. Acaba encontrando nos jornais, nas fichas sobre escravos fugidos, a descrição de uma mulata fugitiva chamada Arminda que ele

procurava a tempos e por quem era oferecida uma grande recompensa. Cândido a encontra, a captura e descobre que a mulata está grávida.

        O protagonista é colocado em uma situação bastante irônica, já que para salvar a vida de seu filho, Cândido tem que entregar a mulata Arminda a seu “Senhor”, que no desespero, suplicando por sua liberdade e a do filho que carrega no ventre, acaba sofrendo um aborto. Apesar do nome “Cândido”, o caráter do personagem não revela nenhuma candura. Mostra-se insensível as súplicas da escrava, arrastando-a pelas ruas mesmo grávida pois coloca sua vontade de ficar com o filho acima de qualquer outra coisa, sendo levado a agir com egoísmo. O conto retrata bem os aspectos socioeconômicos dos personagens que beiram a miséria, retratando um pensamento capitalista, destacando a “coisificação” dos escravos, sendo tratados como mercadorias e não como seres humanos. O autor retrata a hipocrisia e a mais profunda sordidez humana, através dos dramas equiparáveis de um pai contra uma mãe, lutando por duas vidas, onde o indivíduo é capaz de atenuar sua consciência, mesmo tendo cometido um crime, justificando uma vida pela outra, por ser “branco e livre”.

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