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O PRENCONCEITO LINGUISTICO EM PATATIVA DO ASSARÉ

Por:   •  4/1/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.046 Palavras (17 Páginas)  •  797 Visualizações

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“Navegando nas poesias de Patativa do Assaré: contornando os limites do preconceito linguístico.”

Luiz Felipe Muniz[1]

Willian Ocampos Evangelista[2]

Resumo

Neste artigo analisaremos a questão do preconceito linguístico tendo como base de estudo dois poemas de Patativa do Assaré. No presente texto, além da referida análise, explorar-se-á os impactos da indiferença à variação linguística no âmbito no processo de ensino, ressaltando ao leitor a necessidade de conscientização acerca do assunto que, por ora, apesar de ser latente ainda permanece desconhecido pela maioria dos brasileiros. Partindo-se da informação de que no Brasil há por volta de 180 outras línguas além do português, se torna de suma importância a adequação às inúmeras variações linguísticas. Assim sem que se perca a relevância de todas as regras da gramática normativa, apresentamos como sugestão e como forma de ambientação do aluno com a gramática, a elaboração de metodologias e dinâmicas, pois dessa forma será desenvolvida uma afinidade até então inexistente entre o aluno e a gramática, auxiliando na assimilação e aprendizagem do mesmo.

Palavras chave: Poema, Variação Linguística; Preconceito linguístico; Gramática normativa.


“Navigating the poetry of Patativa do Assaré: by passing the limits of linguistic prejudice.”

Abstract

In this article we will analyze the issue of linguistic prejudice based on two poems by Patativa do Assaré. In this text, in addition to the aforementioned analysis, the impacts of indifference to linguistic variation in the scope of the teaching process will be explored, emphasizing to the reader the need for awareness about the subject which, for now, despite being latent, remains unknown by most Brazilians. Based on the information that in Brazil there are about 180 languages ​​other than Portuguese, it becomes extremely important to adapt to the numerous linguistic variations. Thus, without losing the relevance of all the rules of normative grammar, we present as a suggestion and as a way of acclimatizing the student with the grammar, the development of methodologies and dynamics, because in this way an affinity hitherto inexistent between the student and grammar, helping to assimilate and

learn it.

Keywords: Poem, Linguistic Variation; Linguistic prejudice; Normative grammar.

Introdução 

A variação linguística existente na língua portuguesa falada no Brasil é algo que não se pode contestar, haja vista as dimensões continentais do país e o seu processo histórico de colonização que deu luz a esse enriquecimento do idioma falado em terras tupiniquins. As diferenças culturais existentes no país confirmam a complexidade das diferenças encontradas no idioma. Esse processo de variação é inerente aos mais diversos idiomas e está diretamente ligado ao processo de transformação social vivenciado pela língua.

A diversificação presente no idioma não é um fenômeno aleatório, pelo contrário é uma realidade que acompanha todo o desenvolvimento de determinado idioma e se configura como objeto de estudo intimamente ligado à trajetória que a língua desenvolveu em determinado território geográfico. Seja no meio urbano, rural, nas fronteiras, em cada rincão do país percebe-se um português “manuseado” com contornos específicos em cada região, o que não impede de maneira alguma a principal finalidade da utilização da língua falada ou escrita: sua compreensão.

O poeta Patativa do Assaré por meio de seus poemas torna explícita as influência regionais na língua, tornando-o distinto dos demais poetas de sua época. Fugindo dos adornos dos textos compostos pelos escritores que seguiam tendências inspiradas em literatura estrangeira ou até mesmo nacionalistas mas presas aos requintes da polidez, Patativa fazia as palavras passearem pelos versos de forma livre, deixando nítida a influência regional em sua obra.

O francês Barthes (1977) em seu livro “Aula”, relata que a língua é prepotente, ou seja tem um caráter imperativo. Assim, grande parte da população, as classes subalternas, pela carência de educação e pelo contexto social em que vivem, utiliza-se de variações linguísticas que destoam o corpus linguístico. Por isso o termo do “politicamente correto” assola os que estão à margem da sociedade, pois mesmo sem o domínio jurídico das variedades, almejam serem escutados. A literatura, diz Barthes “Trapaceia a língua com a própria língua”, porque através da licença poética, há rompimento com a normativa e opõem-se às disparidades sociais, atrelado à literatura marginal. Essa última, teve início em 1970 no Brasil, onde os escritores moradores da periferia, expunham suas ideias por meio da literatura, uma vez que a linguagem usada nesses textos, é propositalmente oposta à formalidade da segunda.

Consequentemente, a literatura tem a capacidade de subverter o poder fascista da língua e também de romper com os critérios preconceituosos dentro de uma reflexão negativa da gramática normativa, isso acontece de duas formas: primeiramente, por girar o saber e, segundamente, por representar a sociedade de modo verossímil. Em suma, como é possível interromper a perpetuação doo preconceito linguístico? Para tanto, é necessário ensinar o repertório linguístico, mostrando as variantes presente na língua e todo os estudos voltados ao ramo da ciência da linguagem, tendo consciência que a norma padrão da língua é uma variante do sistema linguístico. É importante ressaltar que não se pode ensinar, de forma absoluta, essa gramática dogmática, fazendo-se juízo de valores, entretanto colocá-la à disposição daqueles que não têm acesso à mesma.

2. A variedade linguística e o papel social da língua nos textos de Patativa do Assaré.

A variação linguística se configura por meio do principal nível da comunicação: a fala. Ou seja, por ser um instrumento de inteiração social a língua se desenvolve no âmbito coletivo e incorpora a si características de determinado povo, sofrendo um preconceito atrelado a questões históricas, étnicas e regionais.

Nas poesias de Patativa observamos a carregada influência regional (nordeste), transportando o leito ao seu nicho social. Aqui observamos a ruptura de uma das barreiras do preconceito linguístico ao observar os vocábulos comuns no sertão passearem pelas vistas de alguém que se quer pisou na região.

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