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O Sujeito Indeterminado

Por:   •  27/8/2021  •  Artigo  •  1.466 Palavras (6 Páginas)  •  108 Visualizações

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SUJEITO: A COMPLEXIDADE DA INDETERMINAÇÃO

VIEIRA, Francisca Jussara Alves (UFCG)

jussarahalves@hotmail.com.br

SANTOS, Janaine Inácio dos (UFCG)

jana.tome@hotmail.com

GONZAGA, Letícia da Silva (UFCG)

leticialetrasilva@hotmail.com

ALVES, Maria Luiza Freire (UFCG)

marialuizaletras@gmail.com

RESUMO: Este trabalho objetiva refletir sobre a complexidade que envolve a identificação do sujeito, mais especificamente sua indeterminação.  Essa análise tem como respaldo teórico a Gramática do Português Brasileiro (PERINI, 2010) e a Gramática Tradicional, regularidades e divergências. Tais regularidades e divergências reforçam o caráter da complexidade apresentada pela Gramática Tradicional em relação ao Português falado, como esclarece Perini.  Observa-se que algumas lacunas acerca da indeterminação do sujeito são decorrentes da falta de criticidade da língua como algo inerente ao homem, portanto resultante das experiências cotidianas.  Ao confrontar as duas perspectivas teóricas, percebe-se uma distancia abissal entre os pontos de vista, mas, a nosso ver, que se complementam no processo de ensino-aprendizagem. Essa compreensão permite com que o estudante/falante entenda a relação sujeito explicito versus sujeito indeterminado numa perspectiva critica de sujeitos falantes reais.

PALAVRAS- CHAVE: Gramática Tradicional. Ensino. Indeterminação do sujeito. Língua e uso.

  1. INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta uma discussão sobre a complexidade que envolve a identificação do sujeito, confrontado a Gramática do Português Brasileiro PERINI (2010) e a Gramática Tradicional, observando algumas regularidades e divergências que tornam complexa a definição apresentada na Gramática Tradicional em relação ao português falado, como esclarece Perini. Esse estudo suscita a necessidade de se fazer essa relação entre as respectivas Gramáticas para observarmos as lacunas acerca da indeterminação do sujeito.

No decorre do trabalho discutiremos como esse arcabouço é pertinente para o estudo de língua portuguesa, pois a interação entre as duas perspectivas teóricas permite tanto ao professor quanto ao aluno um suporte maior no seu estudo, como também viabiliza um aprendizado mais profundo, além de complementar o ensino-aprendizagem, o que possibilita uma visão mais critica diante da língua como algo inerente ao homem, tornando possível ao aluno/professor compreender a relação sujeito explicito versus sujeito indeterminado de forma critica como sujeitos falantes reais.

  1. CONCEITUAÇÃO DA INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

Em Perini (2010, p. 83); a indeterminação “é o fenômeno que consiste em entender mais ou menos esquematicamente a referência de um sintagma”. Já em Celso Cunha (1986, p.141) na gramática Tradicional “Em alguns casos os verbos na oração não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado”. Em Rocha Lima “a indeterminação do sujeito ocorre quando não pudermos ou não quisermos especificá-lo”.

  1. PERSPECTIVAS DIFERENTES DE CLASSIFICAR O SUJEITO INDETERMINADO

Ao classificar o sujeito indeterminado, Perini segue uma perspectiva contemporânea, decorrente de suas pesquisas sobre o português falado, em que concentra nos fenômenos descuidados pelas gramáticas tradicionais, aos quais nos fazem crer que dão conta de todo uso da língua, porém observam-se ainda algumas lacunas.

Ele usa o termo indeterminação, em que procura entender a forma esquemática da referencia do sintagma, por exemplo, “Menino dá muito trabalho”, nesse caso o sujeito é indeterminado porque faz referência aos meninos em geral, sem especificação, diferente do sintagma “Esse menino louro” é determinado, pois prover ao receptor meios de identificar o sujeito em questão. Além da indeterminação do sujeito ele discute sobre a indeterminação do objeto, por exemplo, “A criança comeu”, temos nesse caso um objeto paciente indeterminado, pois, não detalha o que a criança comeu, outro caso se refere à supressão do complemento de uma frase passiva, em que não há presença do agente enquanto o paciente aparece como sujeito, exemplo, “Minha casa foi destruída”. Discute também a construção ergativa, exemplo “A vidraça quebrou” nessa construção o agente é indeterminado, pois a mesma pode ter sido quebrada por causa de uma mudança de temperatura. Em se tratando da indeterminação do sujeito ele exprime através dos seguintes recursos: o sintagma nominal sem determinante: nesse caso há presença da entidade a qual faz referencia, mas não identifica o indivíduo, por exemplo, Criança dá muito trabalho, se compararmos ao sintagma Aquela criança dá muito trabalho, pode-se observar que neste exemplo é determinado, pois o sintagma apresenta elementos que identifica a criança em questão; o infinitivo sem sujeito: esse caso é exclusivo do português brasileiro, não ocorrendo no português escrito, logo esta ainda para ser estudado mais especificamente, exemplo “Nadar é bom para a saúde”; outro caso se refere ao uso de alguns itens lexicais que indetermina o sujeito, porém restringe a referencia a seres humanos, entre estes os sintagmas mais usados são a pessoa, o sujeito, o cara, pronomes pessoais como eles, tu, a gente, você, exemplo A pessoa deve limpar a casa diariamente; O sujeito é viciado em drogas; O cara chega, invade a loja e rouba tudo; É muito mais fácil você fazer uma prova do que apresentar um seminário; É melhor a gente ir pela aquela rua; Eles quebraram os pratos; Eles tão indo embora, os dois últimos casos são os mais usados nessa função; tais explanações diferem das gramáticas tradicionais, pois estas não apresentam essas classificações deixando algumas lacunas, daí pode-se perceber que comparação entre as gramáticas é um estudo muito pertinente para a compreensão da classificação de sujeito indeterminado, como também para entender como esse processo se desenvolve.

Entre os pontos semelhantes em Perini o verbo sem sujeito na terceira pessoa do plural, o qual deixa claro que se refere a um ser humano exemplo: Quebraram a porta, percebe-se que existe um sujeito agente indeterminado, mas fica entendido que trata de uma pessoa, pois a mesma não poderia ter sido quebrada por uma ventania; o verbo sem sujeito na terceira pessoa do singular, este também faz referencia ao ser humano exemplo No sítio planta arroz, feijão e milho, Para ir ao centro segue aquela rua até o final, esses dois casos corresponde a uma relação próxima do que diz Cunha, quando o “sujeito não vem expresso na oração nem pode ser identificado, põe-se o verbo”: na terceira pessoa do plural exemplo: Mandaram chamar Maria; Dizem que eles se casaram; o verbo na terceira pessoa do singular, acompanhado do pronome se, exemplo: Precisa-se de padeiro, Falava-se alto, Dormia-se de mais. Da mesma perspectiva segue Rocha Lima (1994, p. 235) o sujeito é indeterminado, quando não é possível identificá-lo. “Para indeterminar o sujeito, vale-se a língua de um dos dois expedientes”: emprega o verbo na terceira pessoa do plural, sem mencionar anterior ao pronome eles ou elas, e a substantivo no plural, exemplo: Falam mal daquele rapaz; Mataram um policial; o verbo na terceira pessoa do singular seguido da partícula se, exemplo: Vive-se alegre aqui; Precisa-se de alunos. Diante disso observa-se que as gramáticas tradicionais apresentam várias lacunas no que diz respeito à classificação do sujeito indeterminado, pois, trabalha apenas com os fatos da língua escritos segundo a norma culta padrão, deixando o português falado, que também é muito importante para compreender a língua, e nos tornamos sujeitos críticos, diferentemente da gramática do português brasileiro de Perini que classifica com uma perspectiva abrangente, deixando explicito a indeterminação, ou seja, trabalha muito bem esses aspectos do português falado.

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