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Oto Lara Rezende

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Por:   •  9/8/2014  •  793 Palavras (4 Páginas)  •  1.321 Visualizações

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Letras – 2014.2

Disciplina: Sintaxe e estilo

Aluno: Bruna Lobão Evangelista

O conto “Gato gato gato” de Otto Lara Resende narra o encontro de um menino e um gato, ou quem sabe outros gatos, se considerarmos a ambiguidade presente no texto. Ambos se surpreendem e se confrontam, culminando na morte do gato.

Otto Lara Resende descreve impressões, sensações e emoções que constituem os personagens. Tal narrativa traz um enfoque estilístico que intrica e torna tortuosa a sintaxe: “Menino e gato ronronando em harmonia com a pudica intimidade do quintal. Muro, menino, cacos de vidro, gato, árvores, sol e céu azul: o milagre da comunicação perfeita. A comunhão dentro de um mesmo barco. O que existe aqui, agora, lado a lado, navegando. A confidência essencial prestes a exalar, e sempre adiada. E nunca. O gato, o menino, as coisas: a vida túmida e solidária. O teimoso segredo sem fala possível. Do muro ao menino, da pedra ao gato: como a árvore e a sombra da árvore.”

No conto, há uma simultaneidade de ações que não fornecem uma linearidade cronológica dos fatos. E implica a lógica discursiva do texto perante o leitor. Do início ao fim, o narrador confunde e provoca o leitor a questionar a autenticidade do que é narrado, considerando que o ser que narra, por vezes está de fora e em outros momentos narra da superfície. O narrador é um observador que divaga diante das ações pelas quais as personagens são descritas.

O conto é marcado pelas frases curtas e pelo uso dos pontos finais. Esse recurso estilístico faz com que o leitor tenha a impressão de ter flashes, indica um sentido completo, finito da frase, além de dar um dinamismo na leitura: “O menino forcejando por nomear o gato, por decifrá-lo. O gato mais igual a todos os gatos do que a si mesmo. Impossível qualquer intercâmbio: gato e menino não cabem num só quintal. Um muro permanente entre o menino e o gato. Entre todos os seres emparedados, o muro. A divisa, o limite. O odioso mundo de fora do menino, indecifrável. Tudo que não é o menino, tudo que é inimigo.”

Em alguns trechos da narrativa tem-se uma espécie de pensamento dos personagens, não diretamente, mas indiretamente, tentando reproduzir um fluxo de consciência: “Ah, o estilingue distante — suspira o menino no seu mais oculto silêncio. E o gato consulta com a língua as presas esquecidas, mas afiadas. Todos os músculos a postos, eletrizados. As garras despertas unhando o muro entre dois abismos.” Nesse trecho pode-se notar que há uma tentativa de expressar que tanto o gato quanto o menino pensavam em algo, mas não o disseram.

Outro recurso estilístico muito frequente no conto é o uso de figuras de linguagem. A personificação pode ser verificada em: “Pezinhos de lado, pezinhos de outro, leve, bem de leve para não machucar o silêncio de feltro nas mãos enluvadas”. Além da personificação, há também a hipérbole, verificada no uso de “marzinho” para representar a quantidade de leite: “O marzinho de leite no pires e a língua secreta, ágil. A ninhada de gatos, os vacilantes filhotes de olhos cerrados.”

O uso de adjetivos é recorrente, sendo utilizados com substantivos que, normalmente,

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