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PRIMEIRO CONTATO E ENTREVISTA INICIAL: SUA IMPORTÂNCIA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Por:   •  9/8/2019  •  Resenha  •  1.840 Palavras (8 Páginas)  •  344 Visualizações

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 Aluna: Cristina Paltiano Mendelski

Processos Clínicos II – Psicanálise

PRIMEIRO CONTATO E ENTREVISTA INICIAL: SUA IMPORTÂNCIA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Resumo: Esse artigo versa sobre a importância do primeiro contato com o analista e da imprescindível entrevista inicial. O contato precede a entrevista e proporcionará uma primeira impressão de que tipo de paciente o analista terá a sua frente. A entrevista inicial é uma ferramenta muito importante utilizada pelo analista psicanalítico pois, será através dela que irá conhecer o paciente e seu histórico no âmbito biopsicossocial. A razão do seu acontecer é inicialmente conhecer a queixa principal do candidato a análise psicanalítica.

“Não importa qual seja a razão de sua demanda, esse encontro entre analista e analisando sempre será ansiogênico. O fato de ter de dirigir-se a alguém que por mitos e crenças irão resolver sua problemática de vida, por si só, gera imensa expectativa. Inicialmente, acredita numa técnica mágica, que irá realizar algumas sessões e tudo estará resolvido. O que ele ainda não sabe, não tem entendimento é que, ali, na presença do analista, encontra-se um bebê, alguém que busca o colo, a compreensão, o que não foi lhe dado por direito infantil, quiçá, uma maternagem que não aconteceu e ou falhou. ” (Cristina, 2017).

        A palavra contato remete ao encontro de dois corpos que se tocam. No contexto que será abordado a usarei como sinônimo de ligação e relação.

        O primeiro contato normalmente acontece através de um telefonema, seja falando diretamente ou através de uma mensagem solicitando retorno através de WhatsApp, sms ou até e-mail. Ocorre que, advinda dessa atitude inicial, concebe-se a ideia de uma vinculação que se inicia e que poderá permanecer ou não. A conduta, atitude e linguagem utilizada por esse possível paciente nesse primeiro contato já mostrarão um jeito singular de ser e, essa comunicação expressa pode ser em âmbitos verbal e não verbal.

        Alguns aspectos dessa comunicação vão indicar que tipo de paciente teremos a nossa frente. Aquele que de longa data “protela” a primeira sessão, seja de quem for que tenha recebido essa indicação (amigo, médico, colega, ex- paciente desse analista, etc.) pode sinalizar motivação insuficiente ou temores próprios fóbicos ou indecisão obsessiva. O paciente que emprega linguagem “excessivamente tímida, repleta de pedidos de desculpas” (como se estivesse incomodando ou atrapalhando) pode revelar uma personalidade melindrosa e temerosa de rechaços. Como em tudo na vida, existe um outro lado extremo e aqui não seria diferente, então, eis que surge alguém que ao falar e se comportar denota comportamento “arrogante, dominante e condicionante”, por exemplo: Só tenho disponibilidade nas terças-feiras no final da manhã. Seu comportamento pode denotar defesa frente suas angústias através de uma personalidade que se configure narcísica. Ainda outros podem evidenciar natureza paranoide (desconfiados e defensivos), depressivos (sua tonalidade vocal é quase inaudível), dependentes (induzem outros a contatar o analista por eles, por exemplo: pai, mãe, esposa, irmão, amiga, etc.), aquele que mesmo à distância já desperta empatia ao analista e outras tantas possibilidades personais e comportamentais.

        Alguns aspectos relevantes devem ser considerados e isso independe se o tratamento será de acordo com o modelo clássico de análise e suas parametrizações mínimas ou se de base psicanalítica, importante é, que o analista tenha a consciência de suas condições psíquicas e doutrina filosófica e igualmente da condição psicológica do paciente, pois, juntos, irão travar uma longa caminhada como par analítico. Essa trajetória terapêutica incidirá em questões de magnitude econômica ao paciente, o tempo que levará, a não garantia de sucesso, sofrimentos, imprevisibilidades, o quão disposto ele estará para investir na análise, incertezas, recompensas exitosas de progressos em solucionabilidade, dentre outras.

        No primeiro contato com o paciente já se estabelece uma “pré-transferência”, ou seja, uma troca de sentimentos, emoções e impressões e por isso, poderá haver uma evolução empática ou de repulsa. Em se tratando de uma primeira impressão, seja ela por idealização extrema ou por desacreditação, poderá ou não se asseverar na consecução da terapia psicanalítica.

        A entrevista inicial é uma nomenclatura contemporânea, mas no início da psicanálise, Freud usava “análise de prova” e “tratamento de ensaio”. De acordo com Freud (1913), para que o processo de análise aconteça e se atinja um determinado objetivo, torna-se necessário um período que o antecede, no qual seja possível traçar um caminho para que o analista possa cumprir sua promessa de cura.

        Nem sempre uma única entrevista é suficiente para darmos início ao contrato analítico, isso quer dizer que, existe a possibilidade de o analista necessitar de mais algumas entrevistas para uma real avaliação. Também há de se considerar as circunstâncias de encaminhamento desse paciente pois, ele pode já ter algum conhecimento de como funciona a análise, de já ter sido avaliado previamente por outro colega ou ainda querendo apenas livrar-se de sintomas indesejáveis e o fato de desconhecer totalmente o processo analítico. Em determinadas circunstâncias o analista já consegue prever que não terá disponibilidade para atendimento de um certo paciente por razões que variam de indisponibilidade de horários ou até mesmo por questões de ordem pessoal. Ainda assim, deverá o analista se mostrar solícito sempre que o paciente insistir em seu atendimento independente de já ter sido claro quanto a não o atender constantemente. Na impossibilidade de permanecer com esse paciente, poderá mediante solicitação do mesmo, realizar indicações e ou encaminhamentos para suprir a necessidade de análise.

        Além de conhecer a queixa principal do paciente, cabe uma análise completa sobre suas condições de ordens: emocionais, funcionais, sociais, econômicas e circunstanciais. A partir disso, avaliará riscos e benefícios, hipótese diagnóstica, graus de complexidade, efeitos contra transferenciais despertados a pessoa do analista. É já na (s)  entrevista (s) inicial (ais) que o analista constituirá suas primeiras impressões diagnósticas e para isso acontecer, necessário é levar em consideração diferentes e importantes aspectos e de acordo com Zimmerman (M.T.P. 2008), há que se considerar:  Nosológico – aspectos classificatórios de uma determinada patologia, uma categoria clínica; Dinâmico – a lógica do inconsciente; Evolutiva – com referência as fases evolutivas do desenvolvimento humano onde surgem carências, vazios, defesas obsessivas e implica em alguma adequação clínica específica; Funções do Ego – Ex. “capacidade sintética do ego”; Configurações Vinculares (dentro da família ou fora dela e outros grupos); Comunicacional; Corporal (cuidados, auto imagem, presença de hipocondria, etc.) e Manifestações transferenciais e contratransferenciais.

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