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Poemas De Sete Faces E Sentimentos Do Mundo

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Por:   •  1/7/2014  •  2.164 Palavras (9 Páginas)  •  609 Visualizações

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1. Breve Bibliografia do Autor:

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.

Diante da insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público. Em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.

Segundo Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade leva consigo um drama pessoal tanto do seu passado até os momentos de elaboração das suas escritas dentro das suas obras, que por fim, reflete a condição da característica do homem moderno. Dentre os aspectos que caracterizam a poesia de Drummond como moderna, é estar bastante voltada para o questionamento do indivíduo, sob diferentes focos e temperamentos, sinal de um sujeito fragmentado.

2. Alguma Poesia:

Publicado em 1930, Alguma Poesia é a primeira obra poética de Drummond que contém quarenta e nove poemas, muitos deles são micro-poemas, reunindo produções do autor, entre 1925 e 1930 e tem sido considerado como elo entre a primeira e a segunda geração do Modernismo, representando a síntese mais perfeita entre elas.

Alguma Poesia foi escrito sob o ímpeto da modernidade de 1922, pratica o poema-piada, utiliza os coloquialismos apregoados pela estética, cultiva a poesia do cotidiano, repudiando e rompendo as tendências parnasiano-simbolistas que dominaram a poesia até então. No entanto, o poema-piada de Drummond é antes um desabafo de um tímido que procura afogar (disfarçar) no humor os sentimentos e as percepções que o amarguram. No prosaísmo esconde a procura de uma expressão de um sujeito poética, autêntica e autônoma e ao se voltar para o cotidiano, transcende o tempo e o espaço em busca do perene e universal.

Drummond seguiu em Alguma Poesia a linha temática que durante sua trajetória poética pode ser identificada várias vezes como um dos elementos centrais que simboliza no Drummond na sua carreira poética, como em muitos momentos, o próprio autor sugere como condução temática de sua obra:

2.1. O Indivíduo – “um eu todo retorcido”

Elemento que investiga a formação do poeta e sua visão acerca do mundo. Com lucidez, sempre discorre com amargor, pessimismo, ironia e como atento observador, capta de si mesmo e das coisas que o rodeiam. Alguns poemas sintetizam a visão do indivíduo, como o Poema de sete faces em que profetiza seu destino. É o primeiro poema de Alguma Poesia do qual transcreve-se a primeira estrofe: Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. Em sentido “figurado, o termo gauche pode significar “acanhado”, ” inepto”, qualificando o ser às avessas, o "torto", aquele que está à margem da realidade circundante e que sucessivamente não consegue se comunica dessa sociedade. Assim, percebe-se a multiplicidade de tons e perspectivas de um sujeito fragmentado (multifacetado), mesmo com a sua tentativa de singularidade, não alcança uma identidade unificada.

2.2. A família – “a família que me dei”

Uma das constantes temáticas de Drummond, presente desde Alguma Poesia até seus versos finais, é a família, sua vivência interiorana em Minas Gerais, a paisagem que marca sua memória. Contrariando o lugar-comum, ao invés de se referir à família como algo que lhe foi atribuído como “benção”, o poeta coloca um "que me dei" a analisa suas relações pessoais, consciente de que se assentam na perspectiva pessoal. De modo muito individual, retrata o escoar do tempo, como é possível observar em Infância, Família, Sesta, alguns dos mais significativos poemas de Alguma Poesia.

Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

- Estás sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando…

E há em todas as consciências, um cartaz amarelo:

“Nesse país é proibido sonhar.”

Analisando a forma e a estética do poema Sentimental, logo percebe que o texto pode ser categorizado como uma poesia modernista, pois os versos não possuem o mesmo número de sílabas, caracterizando-os de versos irregulares ou também chamados de versos livres (típico do modernismo). São três estrofes no total, em que primeira contém cinco versos, segunda estrofe com três versos e a terceira e última com quatro versos. Somando no total, doze versos em que são distribuídos desproporcionalmente entre as estrofes.

No poema Sentimental, o enfoque recai sobre um indivíduo distraído com a refeição. A sopa de macarrão perde seu valor alimentício ante a recordação do nome da pessoa amada.

Ao ler o título do poema e logo em seguida lendo o primeiro verso, reafirma a característica da capacidade de ironia do autor:

“Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e

...

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