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RACISMO NA INFÂNCIA: AS MARCAS DA EXCLUSÃO - SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA

Por:   •  28/10/2018  •  Abstract  •  4.942 Palavras (20 Páginas)  •  291 Visualizações

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“RACISMO NA INFÂNCIA: AS MARCAS DA EXCLUSÃO”: SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA

Luciana SANTOS DE MATOS (G)

Orientadora: Zoraide Magalhães Felício

Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar uma reportagem, com base nas abordagens teórico-metodológicas estabelecidas pela Análise de Discurso Crítica – ADC a partir de uma concepção tridimensional do discurso: texto, prática discursiva e prática social. Tal reportagem é titulada “Racismo na infância: marcas da exclusão” publicada na revista “Forum”, no dia 11 de Outubro de 2013 e trata de um assunto voltado a casos sociais, que é o racismo na escola. A análise teve uma abordagem crítica explanatória, tendo em vista as práticas particulares da produção desse texto e a constituição de redes de práticas interligadas. Buscou-se aqui trazer alguns conceitos referentes à ADC, suas devidas definições e características, relacionando-os com os aspectos presentes no texto escolhido para a análise, tais como os significados de práticas sociais e categorias analíticas. As ideias e opiniões estabelecidas por Ramalho e Resende (2003 – 2006), seguindo a linha da ADC proposta por Fairclough, serviram como suporte teórico e nortearam este trabalho. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, assim, como exige a própria teoria utilizada para o estudo. Os resultados da pesquisa mostram que a partir das práticas particulares, é possível perceber a relação do discurso e poder, considerando que todo discurso provém de uma ideologia e tais ideologias podem ser materializadas como textos, que acontecem através de gêneros discursivos. Concluiu-se, portanto, que o discurso racista apresentado na reportagem analisada, se trata de uma luta hegemônica, que infelizmente é algo que acontece com muita frequência e acaba se naturalizando, e isso foi identificado considerando a dialética entre discurso e sociedade.

Palavras-chave: ADC. Hegemonia. Mudança social. Prática Social

 

1 INTRODUÇÃO

A língua é utlizada pelo ser falante como elemento de comunicação e interação, sendo que tal modo de comunicar e interagir pode acontecer por meio de textos (orais e escritos). Esses aspcetos, portanto, auxiliam no grande crescimento que vem tendo os estudos de práticas discursivas em contextos específicos. Diante disso, alguns estudiosos consideram a lingua(gem) como uma forma de prática social, assim como Fairclough (2003) (citado por VIEIRA e RESENDE 2006, p.11) que “se baseia em uma percepção da linguagem como parte irredutível da vida social dialeticamente interconectada a outros elementos sociais”.

As práticas discursivas, portanto, são elementos estudados pela Análise do Discurso Crítica que é uma abordagem teórico-metodológica que tem como conceitos principais os de discurso e prática social. A ACD critica algumas vertentes linguísticas, assim como a estruturalista e a sociolinguística. A crítica relacionada os estruturalistas, justifica-se pelo fato de que para Saussure (1857-1913) a fala se trata de uma atividade individual, já os sociolinguístas consideram que o uso da linguagem é moldado socialmente e não individualmente, ou seja, a língua varia de acordo com a natureza da relação entre os participantes em interação. No entanto, a sociolinguística somente descreve e não específica mudança.

A ADC estabelece tais criticas sobre essas vertentes, porque, primeiro, para ela o discurso nunca será algo individualizado e, segundo, ao considerar que o uso da linguagem é moldado socialmente ela procura trabalhar com a perspectiva de mudança. Portanto, a ADC busca analisar a situação real do uso da linguagem, e é importante ressaltar que para a abordagem da ADC, o discurso não está ligado somente a fala, liga-se também a texto, pois a mesma considera que todo discurso terá uma parte estrutural.

Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo analisar uma reportagem, através das abordagens teórico-metodológicas estabelecidas pela ADC, tal reportagem é titulada “Racismo na infância: marcas da exclusão” e foi publicada na revista “Forum”, no dia 11 de Outubro de 2013, pela repórter “Maíra Streit”.

Em geral, os conteúdos expostos nessa revista tratam-se de assuntos voltados a casos sociais, como por exemplo, a própria reportagem a ser analisada, nela é retratado: o sofrimento de uma criança após ser vítima de racismo em sua escola, a atitude da direção e claramente o efeito que esse tipo de preconceito pode provocar em uma pessoa, quando ainda está em seu processo de construção de identidade.

Esse trabalho terá uma abordagem crítica explanatória, tendo em vista as práticas particulares da produção desse texto e a constituição de redes de práticas interligadas. Tal estudo justifica-se pela melhor compreensão da percepção da linguagem como forma de ação e mudança social. As ideias estabelecidas por Ramalho e Resende (2003 – 2006), seguindo a linha de ADC proposta por Fairclough, serão utilizadas para nortear esse trabalho.

Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, tendo com elemento empírico um texto (reportagem). Conforme Denzin & Lincoln (2006, p. 17) (citado por Ramalho e Resende 2003 p. 74) a pesquisa qualitativa consiste em “um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo”, tal conjunto abarca tipos de práticas interpretativas que permitem transformação nos “aspectos do mundo em representações por meio das quais podemos entendê-los, descrevê-los e interpretá-los”. (RAMALHO E RESENDE 2003, p. 74).

Esse artigo está assim dividido: Referencial teórico, com os conceitos centrais que norteiam a ADC e análise da reportagem.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

De início é importante falar sobre a definição de ADC, que de acordo com Resende e Ramalho (2003, p. 12) “refere-se a um conjunto de abordagens científicas interdisciplinares para estudos críticos da linguagem como prática social.” Dessa forma, a Análise do Discurso Crítica se caracteriza por estudar o uso da linguagem a partir de um âmbito social, ligado a práticas particulares e não se pode ser associado a uma interpretação, pois esta analisa apenas o que é visto, enquanto a ADC levanta o está oculto procurando uma mudança.

De acordo com Chouliaraki & Fairclough (1999, p. 21) (citado por Ramalho e Resende 2003, p. 15) “as práticas sociais são maneiras recorrentes, situadas temporal e espacialmente, pelas quais agimos e interagimos no mundo”. Pode-se considerar que na vida de qualquer indivíduo há ação e interação, relações sociais, pessoas (com crenças, valores, atitudes, histórias etc.), mundo material e discurso (FAIRCLOUGH, 2003a), ou seja, esses elementos são práticas particulares que permitem agir e interagir.

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