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Sermão De Santo Antônio Aos Peixes

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Por:   •  23/4/2014  •  11.395 Palavras (46 Páginas)  •  419 Visualizações

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Sermão de Santo Antônio aos Peixes, de Pe. Antônio Vieira

O Sermão de Santo Antônio aos Peixes foi pregado em 13 de Junho de 1654 em São Luís do Maranhão, em 1654, três dias antes de embarcar escondido para Portugal no auge da luta dos jesuítas contra a escravização dos índios pelos colonizadores, procurando o remédio da salvação dos Índios. O sermão revela toda a ironia, riqueza nas sugestões alegóricas e agudo senso de observação sobre os vícios e vaidades do homem, comparando-o, por meio de alegorias, aos peixes.

Critica a prepotência dos grandes, que, como peixes, vivem do sacrifício de muitos pequenos, os quais "engolem" e "devoram". O alvo são os colonos do Maranhão, que no Brasil são grandes, mas em Portugal "acham outros maiores que os comam, também a eles".

Censura os soberbos (= roncadores); os pregadores (= parasitas); os ambiciosos (= voadores); o hipócritas e traidores (= polvos).

Na abertura do Sermão de Santo Antônio aos Peixes, a apresentação do tema de extração bíblica (Vos estis sal terrae) oferece oportunidade para o questionamento das causas da ineficácia da oratória sacra. A argumentação conceptista apóia-se no paralelismo sintático, na repetição anafórica das alternativas que servem de eixo básico do raciocínio: "Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra não se deixa salgar".

Alguns recursos estilísticos de Pe. Antônio Vieira neste sermão

1. Antíteses

"Tanto pescar e tão pouco tremer!"

"No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas (...)"

"(...) deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima (...) e outros dois que direitamente olhassem para baixo (...)"

"A natureza deu-te a água, tu não quiseste senão o ar (...)"

"(...) traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras."

"(...) António (...) o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano."

"Oh que boa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar!"

2. Comparações

"Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de Santo António."

"O que é a baleia entre os peixes, era o gigante Golias entre os homens."

"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;

com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;

com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"

"As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia (...)"

"(...) e o salteador, que está de emboscada (...) lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas?"

"Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!"

3. Paralelismos e anáforas

"Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...

Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes...

Ou é porque o sal não salga, e os pregadores...;

ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes..."

"Deixa as praças, vai-se às praias;

deixa a terra, vai-se ao mar..."

"Quantos, correndo fortuna na Nau Soberba (...), se a língua de António, como rémora (...)

Quantos, embarcados na Nau Vingança (...), se a rémora da língua de António (...)

Quantos, navegando na Nau Cobiça (...), se a língua de António (...)

Quantos, na Nau Sensualidade (...), se a rémora da língua de António (...)"

"(...) com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge;

com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela;

com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura (...)"

"Se está nos limos, faz-se verde;

se está na areia, faz-se branco;

se está no lodo, faz-se pardo (...)"

4. Ironia

Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos peixes."

"E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa (...) o dito polvo é o maior traidor do mar."

5. Metáforas

"Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador, que também foi rémora vossa, enquanto o ouvistes; e porque agora está muda (...) se vêem e choram na terra tantos naufrágios."

"(...) pois às águias, que são os linces do ar (...) e aos linces que são as águias da terra (...)"

"(...) onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?!"

" (...) vestir ou pintar as mesmas cores (...)"

"(...) e o polvo dos próprios braços faz as cordas."

6. Trocadilhos

"Os homens tiveram entranhas

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