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Tendencias Pedagogicas Luckesi

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Por:   •  1/10/2013  •  8.302 Palavras (34 Páginas)  •  1.876 Visualizações

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SEMINÁRIO DE TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL

PROFª PATRICIA MANESCHY (2012)

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR

Cipriano Luckesi

Nos capítulos anteriores, fizemos um esforço para compreender a relação existente entre Pedagogia e Filosofia, mostrando, de um lado, que pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica definida; e, de outro lado, compreender as perspectivas das relações entre educação e sociedade. Verificamos que são três as tendências que interpretam o papel da educação na sociedade: educação como redenção, educação como re¬produção e educação como transformação da sociedade.

Neste capítulo, vamos tratar das concepções pedagógicas propriamente ditas, ou seja, vamos abordar as diversas tendências teóricas que preten¬deram dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história humana. Desse modo, estaremos aprofundando a compreensão da articulação entre filosofia e educação, que, aqui, atinge o nível da concepção filosófica da educação, que se sedimenta em uma pedagogia. Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas.

Essa discussão tem uma importância prática da maior relevância, pois permite a cada professor situar-se teoricamente sobre suas opções, articu¬lando-se e autodefinindo-se.

1 O presente capítulo de autoria de José Carlos Libânco é a reprodução do capítulo 1 - "Tendências Pedagógicas na Prática Escolar" - do livro Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985, autorizada pela Editora e pelo autor, aos quais agradecemos. Foram introduzidas modificações na Introdução do capítulo para articulá-lo com o conteúdo deste livro.

Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas utilizamos como critério a posição que cada tendência adota em relação às finalidades sociais da escola. Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois grupos, conforme aparece a seguir:

l. Pedagogia liberal

1.1 tradicional

1.2 renovada progressivista

1.3 renovada não-diretiva

1.4 tecnicista

2. Pedagogia progressista

2.1 libertadora

2.2 libertária

2.3 crítico-social dos conteúdos

É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras nem mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos as tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula.

A exposição das tendências pedagógicas compõe-se de uma caracte¬rização geral das tendências liberal e progressista, seguidas da apresentação das pedagogias que as traduzem e que se manifestam na prática docente.

1. Pedagogia liberal

O termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aber¬to", como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organi-zação social baseada na propriedade privada dos meios de produção, tam¬bém denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade.

A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinqüenta anos, tem sido marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Evidentemente tais tendências se manifestam, concretamen¬te, nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se dêem conta dessa influência.

A pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de con¬dições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tra¬dicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa), o que não significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.

Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por acen¬tuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as reali¬dades sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras im¬postas, do cultivo exclusivamente intelectual.

A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. Mas a educação é um pro¬cesso interno, não externo; ela parte das necessidades e interesses indivi¬duais necessários para a adaptação ao meio. A educação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. A escola renovada propõe um ensino que valorize a auto-educação (o aluno como sujeito do conheci¬mento), a experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino cen¬trado no aluno e no grupo. A tendência liberal renovada apresenta-se, entre nós, em duas versões distintas: a renovada progressivista2, ou pragmatista, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada não-diretiva orientada para os objetivos de auto-realização (desenvolvi¬mento pessoal) e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers.

A

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