TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Trabalho de Língua Portuguesa Coesão e Coerência

Por:   •  29/10/2020  •  Trabalho acadêmico  •  8.743 Palavras (35 Páginas)  •  199 Visualizações

Página 1 de 35

INTRODUÇÃO

Do ponto de vista da linguística geográfica, Angola é um país plurilinguístico e multicultural, caracterizado por três grupos linguísticos, nomeadamente: as línguas bantu, as línguas não bantu e a língua Portuguesa. Relactivamente a Língua Portuguesa, seria necessário fazermos uma abordagem socio-historico-linguistica para podermos compreender as diversas nuances que ela foi tendo, e o enquadramento linguístico daí resultante.

Assim sendo, no desenvolver deste trabalho, estarei apresentando de forma sintética uma abordagem para cada um dos quatro temas que se seguem: situação linguística de angola, Variações Linguísticas (Variedades diatópicas, diacrónicas, diafásicas e diastráticas), Coesão e coerência textual e Conjugação de verbos.

  1. SITUAÇÃO LINGUÍSTICA DE ANGOLA

O colonialismo usou a política linguística de implementação da língua portuguesa como língua de unidade e a depreciação das linguais locais, como a sua principal arma durante o processo de colonização. Senão vejamos a seguinte explanação:

“Genericamente, a política colonial portuguesa pautou-se pela tentativa de integrar os angolanos na cultura europeia. Para o efeito, o recurso a um dos principais e mais poderosos meios de aculturação – a língua – era a inevitável. Desta forma, estabelece-se uma acérrima oposição entre a LP e as línguas locais africanas que, na acepção colonial, devido à sua multiplicidade, constituíam um sério obstáculo à unidade, enquanto o português era a língua da cultura e da tecnologia. O governo colonial não hesitou em impor o uso exclusivo desta língua no ensino, hostilizando as línguas africanas” (Miguel, 2014).

Convém precisar que estas políticas linguísticas não eram meras formalidades, eram decretadas oficialmente, com cunho coercitivo. Que se devia escrupulosamente cumprir.

No nosso ponto de vista, isto significa glotofagiar as línguas locais e consequentemente matar a cultura do povo. Os interesses colônias foram tão egoístas e selvagens que não podiam considerar a possibilidade de coabitação linguístico-cultural.

Apesar de todas as investidas e agressões simbólicas levadas a cabo pelo colonialismo português, triunfou o bem, a verdade e o bom senso, a tão esperada independência e, portanto, a sobrevivência das línguas locais.

Política Linguística na era pós-Colonial

Com vista a manter a coesão nacional, o governo angolano adoptou o Português como língua oficial, mais por questões políticas do que culturais. Já o dissemos anteriormente que o plurilinguíssimos acentuado no nosso pais levou a que o povo vive-se em reinos isolados e muitas vezes em conflitos entre si. Tendo os diversos reinos se unido para derrubar um adversário comum, era pois justo, que se gizasse uma política linguística capaz de unir os diversos grupos etnolinguísticos.

Neste viés, a adopção à língua Portuguesa não passava da política viável às circunstancias. Pois, a possibilidade de escolher uma das línguas locais como a língua de unidade nacional, era muito susceptível de conflitos entre as diversas comunidades linguísticas.

Foi criado, em 1985 O Instituto Nacional de Línguas, cujo escopo se circunscrevia nesta nova política linguística já frisada pelo presidente Neto. Pretendia-se difundir as línguas nacionais em todos os domínios da vida pública.

Infelizmente, por vicissitudes históricas, o país foi acometido por uma guerra civil entre irmãos que, não trouxe nenhuma vantagem para a materialização do projecto acima referido, antes pelo contrário, acentuaram-se as divisões étnicas e tribais. Sobretudo, ao nosso entender, um sentimento de desprezo ao que é nacional, a vergonha de termos sido tão ingênuos e não termos sabido tirar proveito da nossa liberdade. Frenamos o desenvolvimento social, econômico, político e cultural do nosso povo, agora com a paz, não basta reconstruir pontes e levantar a economia, temos que pensar a cultura e clarear os conceitos. Retomar a ideia de unidade nacional sob o prisma cultural e linguístico.

3. Valorização e coabitação das línguas nacionais na actualidade

O contacto das línguas nacionais e a língua portuguesa não é de hoje, data do séculoXV. E quando há intercâmbio entre as línguas é compreensível que que surja uma nova língua com amálgama de característica das línguas em contacto. Porém, sabemos que tal não sucedeu em Angola, pelas situações colônias já expostas, tal teria eventualmente acontecido se tal coabitação fosse pacífica e igualitária ou espontânea. Pode-se frisar apenas variantes da língua portuguesa comcaracterísticas das línguas nacionais, sendo que a língua é dinâmica e modifica-se no tempo e no espaço.

É bastante visível que existem interferências variadas do português nas línguas nacionais e destas no português, os especialistas chamam este fenômeno de polissimização. Quanto as interferências, elas podem ser fonéticas, lexicais, morfossintáticas, ortográficas, etc.

Poderíamos ainda falar do surgimento neo-semântico, ou seja, o processo de angolanização da língua portuguesa que reflectiu-se a nível de significação de palavras. Por exemplo, na língua portuguesa a palavra “pentear” tem o sentido próprio de “arranjar o cabelo” no novo sento angolano significa “extorquir dinheiro aos cidadãos”; “Gasosa” que significa “refrigerante gaseificado” no novo sentido angolano significa “gorjeta ou suborno”; etc.

O plurilinguíssimos enriquece a cultura. Pensamos que a questão ainda é dar às línguas nacionais o mesmo nível de funcionabilidade e operatividade que a língua portuguesa tem. A promoção das línguas nacionais não passa de mera conversa, não se dá a importância devida e necessária, não se trabalha com rigor na formação de quadros para o ensino das línguas nacionais, e as instituições vocacionadas para o fazer não estão equipadas, nem motivadas para tal.

Continuamos carregando em nossos subconscientes a mentalidade colonial de desprezo às nossas línguas.

A valorização das línguas nacionais passa pela adopção de medidas, decretos-leis e todos outros mecanismos legais que possam incentivar, até mesmo coagir, nos casos que seja necessário, o uso das línguas nacionais. A mídia, a escola, os serviços públicos, a família, desempenham papeis fundamentais. Temos de ser performativos.

Considerações finais

A semelhança de muitos outros países, não precisamos desprezar ou desaprender a língua portuguesa para valorizarmos as línguas nacionais, não se pode fugir da nossa própria história, precisamos sim, valorizar as nossas línguas e elevá-las ao mesmo nível da língua portuguesa, com políticas linguísticas capazes de fazer coabitá-las pacificamente, de tal forma que todos se sintam inclusos neste vasto e diversos ambiente linguístico e cultural de Angola

...

Baixar como (para membros premium)  txt (29.5 Kb)   pdf (137.6 Kb)   docx (20.8 Kb)  
Continuar por mais 34 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com