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VENHA VER O POR DO SOL E BARRIL DE AMONTILLADO

Por:   •  5/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  908 Palavras (4 Páginas)  •  484 Visualizações

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VENHA VER O POR DO SOL E BARRIL DE AMONTILLADO

 O conto de Lygia Fagundes Telles, "Venha ver o pôr do sol", e a obra de Edgar Allan Poe, "O barril de Amontillado", há uma multiplicidade de semelhanças e diferenças. Entre as semelhanças, as que se sobressaem são tom, simbologia, espaço e ambiente. Já as diferenças de  tempo e foco narrativo  se destacam entre os muitos aspectos em que há dissemelhança entre as obras.

        Uma espécie de simetria que há entre as obras é o tom em que as personagens Ricardo e Montresor se expressam em relação às suas vítimas, Raquel e Fortunato, respectivamente. Ambas as personagens tratam-nos com ironia, pois o sentimento de ódio que preenche suas mentes não é compatível com a máscara de afeto, gentileza e polidez aparente para suas presas, o que realça o caráter dissimulado dos dois. Outra homogeneidade é a simbologia presente nas obras. Ela pode ser percebida pelos nomes das personagens Ricardo, cujo significado é príncipe forte, príncipe corajoso – significado irônico – e também senhor poderoso – ele manipulou Raquel, teve poder sobre ela. Já o nome Raquel tem significado de ovelha – pois a personagem se deixou levar por Ricardo, como uma ovelha, um sacrifício –, mulher mansa ou pacífica – significado irônico. Fortunato, italiano para afortunado, é uma das formas que o autor utilizou da ironia, afinal ele demonstra ter ausência de fortuna, sorte  ao ser trancado nas catacumbas para definhar. E Montresor, francês para "meu tesouro" se refere à história do protagonista, que foi algo cuidadosamente guardado por ele, e que foi mencionada somente às vésperas de sua morte, e seja para quem seja que ele esteja contando, essa memória preciosa pode ser comparada a uma herança.  Outro simbologismo que Edgar Allan Poe usou foi o fato de que o nome de um dos vinhos oferecidos a Fortunato, cujo nome era "De Grâve", o  que seria  como uma escrita fonética para "The Grave", ou "A Cova",  "O Túmulo" em inglês, o que remete à morte. Podemos perceber isso no conto de Lygia Fagundes Telles pela estátua de anjo com a cabeça decepada. Anjos representam proteção, e a cabeça decepada desse  pode ser interpretada tanto como a vulnerabilidade de Raquel, quanto como presságio de morte, além do fato de Raquel ser chamada de anjo o tempo todo. Há ainda o simbologismo que Poe inseriu em sua obra, por meio do brasão e divisa da família Montresor:  o brasão consiste de "Um enorme pé humano, de ouro, em campo azul; o pé esmaga uma serpente rampante cujas presas estão ferradas no calcanhar" e a divisa é "Nemo me impune lacessit", ou ninguém provoca-me com impunidade. O sentido do brasão é dúbio, pela razão de que não sabemos se os Montresors são equivalentes à cobra ou ao pé que a esmaga. Já a divisa espelha o que acontece no enredo, pois Fortunato implica com Montresor, o ofende, e não terá impunidade.

        Outra afinidade entre as obras é o espaço. Ambos os enredos acontecem em catacumbas, lugares subterrâneos com escadas caracol e que são familiares para os malfeitores. "Venha ver o pôr do sol" é em um cemitério abandonado – "Cemitério abandonado, meu anjo" –  e "O barril de Amontillado" é nas catacumbas –"Quando chegámos ao fim da descida encontrávamo-nos ambos sobre o chão úmido das catacumbas dos Montresors" –, locais que são para a mesma finalidade. O ambiente de  "Venha ver o pôr do sol" é análogo ao conto "O barril de Amontillado" por ambos apresentarem características sombrias, são locais ermos, abandonados, carcomidos.  

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