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A Didática no Ensino Superior

Por:   •  10/12/2021  •  Artigo  •  1.743 Palavras (7 Páginas)  •  82 Visualizações

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Didática do ensino superior: enfoque psicopedagógico
Aprendizagem e dinâmica de grupo

        Iniciemos nossas discussões deste trabalho refletindo a respeito de seu título com base naquilo que foi internalizado e reconstruído/reestruturado de Pichon Rivière e outros autores estudados na disciplina de didática, colocando em situação a seguinte questão: O que é aprendizagem e qual a sua relação com a dinâmica de grupo?

A aprendizagem é um complexo processo que ocorre continuamente ao longo da vida todo e cada ser humano. É o processo por meio do qual o ser humano constrói conhecimentos que o possibilita se apropriar da realidade e se adaptar ativa, interativa e criativamente e agir sobre seu meio de maneira saudável, transformando-o e transformando-se. Processo esse que ocorre sempre socialmente e em grupo, uma vez que o meio humano é sempre social e organizado em grupos. O grupo da família, o grupo da sala de aula, o grupo de amigos, o grupo do trabalho, grupo cultural etc. A unidade básica de interação humana é o grupo. Mesmo nos momentos em que se encontra só e distante de um grupo, os grupos dos quais um ser humano já fez parte em algum momento da vida, internalizados, nele permanecem e o constituem, influenciando o modo como apreende a realidade e se relaciona com seu meio.

A aprendizagem, na medida que é esse processo por meio do qual o ser humano constrói conhecimentos que o possibilita se apropriar da realidade e se adaptar ativa, interativa e criativamente e agir sobre seu meio de maneira saudável, transformando-o e transformando-se[a], deve buscar uma visão do todo, uma vez que qualquer objeto que se possa conhecer é sempre parte de um todo. Um todo que é sempre maior e mais amplo do que a soma das partes, no qual as partes interagem e se relacionam, modificando-se mutuamente, modificando assim, o todo, que por sua vez, influenciará o modo como um ser humano aprende, constrói novos conhecimentos e se relaciona com seu meio. Trata-se de um processo dinâmico e dialético que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, mas é sempre dado situacionalmente pelo conhecimento que o sujeito constrói em determinada situação em relação – mediada pelos conhecimentos construídos sobre objetos – com objetos. Um objeto é sempre mediado por outros, tem sempre uma história e um contexto, uma dimensão mediata. Nesse sentido, pensando nessa dimensão mediata, nenhum conhecimento sobre aspectos da realidade humana pode ser construído isoladamente.

Dizemos que a aprendizagem é um processo dinâmico e dialético sempre situacional, pois ocorre a partir do que está colocado no presente, a partir do que emerge no aqui e agora. Trata-se de um jogo dialético que surge por meio da relação entre o ser humano constituído pela internalização dos grupos e situações já vividas e a situação que se coloca no presente, aqui e agora. O foco, mais do que um produto, é o próprio processo. É por isso que há sempre o potencial para a aprendizagem, porque ser humano é ser aberto, sempre se constituindo. Constituição humana que ocorre com grande diversidade e de acordo com o estilo cognitivo-afetivo individual e grupal, que por sua vez influenciam na aprendizagem.

O todo comporta contradições, assim como a visão do todo e as internalizações dos grupos e dos vínculos que neles construímos também comporta e é permeada por elas.

Toda aprendizagem implica em um contato mediato com o novo, o diverso, o diferente, uma parte do todo que ainda não se conhecia ou ainda não estava integrado, colocando o ser humano em um movimento crescente que envolve estruturações – teses –, desestruturações – antíteses – e reestruturações – sínteses – constantes, que podem gerar tensões.

Assim sendo, nem sempre a aprendizagem ocorre de maneira adequada e efetiva. Nesse complexo processo podem aparecer obstáculos, dificuldades de lidar com o novo, o diferente ou diverso – outros estilos cognitivo-afetivos, por exemplo. Ansiedades e medos básicos da perda – da situação já conhecida, perder parte de si para o espaço – e do ataque – da situação nova, desconhecida, ser invadido pelo espaço externo – associados ao novo, diferente e diverso – que carregam uma dimensão de grupo, ou de um terceiro internalizados –, não elaborados e mantidos implícitos, manifestam-se no explícito como defesas que disfuncionais podem se enrijecer e se cristalizar em estereotipias, fechando-se em um círculo vicioso que não opera e dificulta a aprendizagem. Desintegra-se, projeta-se no externo parte interna de si que não se quer olhar ou com a qual não se quer lidar, na tentativa de excluí-la, evitá-la. O novo e a diversidade, importantes aspectos da aprendizagem acabam, assim, sendo vistos muitas vezes como negativos e ameaçadores.

No grupo, as ansiedades ou os medos de entrar em contato com o novo, o diferente, o diverso e a possibilidade da mudança podem gerar resistências, manifestando-se, por exemplo, por meio da projeção dos medos ou deposição das ansiedades sobre um integrante do grupo, ao qual é atribuído e assumido o papel de bode expiatório. Integrante esse que poderia ser um porta voz que já captava algo implícito no grupo e o anunciava. Podem surgir também sabotadores e líderes de resistência que direcionam suas energias para a manutenção da situação estabelecida e já conhecida.

Um grupo começa a ser operativo e proporcionar uma aprendizagem efetiva e adequada quando as questões emergentes nas situações são socializadas, manejadas e elaboradas, quando passam à olha-las e lidar com elas, distribuindo-se a lida entre o grupo, que a contém, de modo que cada um possa perceber sua responsabilidade e a parte que lhe cabe, rompendo com as estereotipias e o circulo vicioso, que passa a ser aberto em espiral. O implícito elaborado, passa a ser mais bem esclarecido o explicito. Possibilita-se o contato com o novo, o diferente e o diverso, possibilitando-se também, a integração grupal na qual cada um com seu estilo cognitivo-afetivo, contribui como pode para uma tarefa comum. O novo e a diversidade tornam-se positivos e ganham força. Surgem líderes de mudança que contribuem com a mobilização grupal.

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