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A influência das línguas estrangeiras que são características da língua brasileira

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Por:   •  25/3/2014  •  Artigo  •  927 Palavras (4 Páginas)  •  590 Visualizações

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O conjunto de expressões que compõem o refrão constrói a imagem do que é a língua portuguesa dentro da nação brasileira: língua nova, composta de aportes, neologismos, estrangeirismos e variedades lingüísticas.

Na segunda estrofe, Caetano insere a primeira pessoa do plural: “Vamos (...)/ Sejamos (...)”, que remete à voz típica daqueles que promovem uma campanha em favor de uma conscientização ou que querem convencer por um outro motivo. Caetano demonstra o objetivo de conscientizar o sujeito interlocutor para que não deixe de valorizar a língua nacional, chamando atenção para “a sintaxe dos paulistas” / “o falso inglês relax dos surfistas”, chamando a atenção

para a influência dos estrangeirismos, que são próprios da língua brasileira.

“Sejamos imperialistas” clama pela participação dos sujeitos interlocutores, trazida pela voz da ideologia de conscientização. Nesse caso, com relação à língua nacional, que deve predominar perante a língua estrangeira. Além disso, essa expressão lembra as exclamações da ideologia de luta de classes, que são manifestadas pela luta de direitos.

Outra marca, que remete ao exterior discursivo nesta estrofe, é a variedade de língua representada nesta estrofe: “Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda”. Uma das grandes tendências do homem moderno é a de reduzir as palavras, transformando-as em neologismos, em virtude da rapidez das informações. Assim, as palavras vão perdendo sílabas, a fim de permitir uma comunicação mais rápida, como no caso de velocidade, representada pela

própria metáfora: “velô”. “Velô” remete também ao nome de família de Caetano Veloso, como forma abreviada.

A citação de “Carmem Miranda” remete também à construção de outro sentido: Carmem Miranda foi a cantora portuguesa que saiu do Brasil, permanecendo nos Estados Unidos. Seu inglês era com sotaque português, a expressão “dicção choo choo” ironiza o sotaque adquirido pela cantora, no qual remanescia, no lugar do som linguodental, o viciado.

Nesta mesma estrofe, Caetano traz o nome de uma emissora de TV que é referência nacional, a “TV Globo”, e pede: “Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo”/ “Sejamos o lobo do lobo do homem”, chamando a atenção para que o sujeito interlocutor não seja mero receptor, mas que analise o uso da língua que é transmitida pela TV.

A expressão “lobo do lobo do homem” permite também construir sentidos relacionados à antropofagia oswaldiana. Ser o “lobo”: ouvir com atenção tudo o que é dito pela TV Globo e assimilar no velho o novo.

Caetano faz citações também dos nomes: “Scarlet Moon”, jornalista e atriz carioca, que acompanhou o nascimento do rock pop; “Glauco Mattoso”, poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias; “Arrigo Barnabé”, compositor singular da Música Popular, com características que vão do dodecafonismo à atonalidade; e “Maria da Fé”, poeta portuguesa que se dedicou a ler e a escrever desde muito nova, e que era admiradora de Antero de Quental e de Fernando Pessoa.

A terceira estrofe inicia-se com uma exclamação: “Incrível!”, expressão que constrói o sentido de ironia, voz sempre presente quando diante de situações aparentemente sem solução. Depois de apresentar um rol de escritores na estrofe anterior, o sujeito enunciador ironiza, afirmando: “Incrível! É melhor fazer uma canção/ Está provado que só é possível filosofar em alemão/ Se você

tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção”.

Neste caso, ele parte da referência a um filósofo alemão: Friedrich Nietzsche. Segundo o filósofo alemão (1978 apud Gama, 1995), a linguagem, dada a sua própria natureza de lei, estará sempre a demonstrar o poder dominador sobre o grupo de falantes dominados. Dessa forma, retoma novamente o tema das lutas de classes e o tema de que a língua nacional é tão superior quanto à língua

estrangeira.

Tomando a referência anterior, é possível

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