AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

SAVIANI, Dermeval. As Concepções pedagógicas na História da Educação Brasileira. In: LOMBARDI, J. C.; SAVIANI, D.; NASCIMENTO, M. I. M.. (Org.). Navegando pela História da Educação Brasileira. CampinasSP: Graf. FE:HISTEDBR – UNICAMP, 2006. Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Dermeval_Saviani_artigo.pdf

1- Introdução

A pedagogia é a teoria da pratica educativa, que busca resolver problemas da relação eduacador-educando. Existem duas grandes tendências de concepções pedagógicas na educação:

- A que dá prioridade à teoria sobre a pratica, onde estão as modalidades da pedagogia tradicional (vertente religiosa ou leiga) e a ênfase são as ‘teorias do ensino’.

- A que dá prioridade a pratica sobre a teoria, onde estão as modalidades da pedagogia nova e a ênfase são as ‘teorias da aprendizagem’

A primeira tendência foi dominante até o final do século XIX, e no século XX começa a se tornar predominante a segunda tendência.

Assim, o eixo foi mudado da compreensão intelectual para a atividade pratica, dos conteúdos cognitivos para os métodos de aprendizagem, do professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade.

Até o século XIX a ênfase eram os métodos de ensino formados a partir de fundamentos filosóficos e didáticos, a partir do século XX a ênfase se tornou os métodos de aprendizagem.

2- A concepção pedagógica tradicional religiosa (1549-1759)

Em 1549, com a chegada dos jesuítas ao país e o incentivo e subsídios para os colégios vindos da coroa, foi implantada a pedagogia católica.

A primeira fase foi a do plano de instrução elaborado por Nóbrega, sua filosofia educacional era a tradicional religiosa na versão católica da contrarreforma.

Anchieta dominou a língua falada pelos índios e organizou a gramatica desta para que fosse usado no processo pedagógico, suas ideias educacionais tinham a mesma finalidade da filosofia educacional da contrarreforma. A marca é a ‘civilização pela palavra’, onde a Igreja se associou a monarquia para através da palavra, implantar a civilização deles na nova terra. Para seu trabalho pedagógico, Anchieta usava do idioma tupi tanto para se dirigir aos nativos, como aos colonos que já entendiam a língua geral usada.

Anchieta produziu poesias e teatros onde expressava o dualismo, tendo o lado bom e o mal. Para os jesuítas, a religião católica era o Bem, obra de Deus, enquanto que as religiões dos índios e dos negros vindos da África eram obra do demônio, o Mal.

Essa pedagogia brasílica acabou encontrando oposição dentro da própria ordem jesuítica e assim foi criado um plano geral pela Companhia de Jesus, o Ratio Studiorum. Neste plano há um conjunto de regras que cobre todas as atividades dos agentes ligados ao ensino (Provincial, reitor, prefeito de estudos, professores, matérias, provas escritas, distribuição de prêmios, regras dos alunos). Estas ideias do Ratio são as que hoje são conhecidas por pedagogia tradicional.

3- Coexistência entre as concepções pedagógicas tradicionais religiosa e leiga (1759-1932)

Com base nas ideias laicas inspiradas no Iluminismo, o Estado tem privilegio em matéria de instrução. Assim, se tem a influência da pedagogia do humanismo racionalista, mas o Estado ainda era vinculado estreitamente com a Igreja católica.

Após 1808 começou o método de ensino mutuo (monitorial, lancasteriano), onde os alunos mais adiantados serviam como auxiliares do professor em salas numerosas.

Esse método mutuo foi sendo abandonado e foi entrando em uso o método intuitivo, que se baseia no ensino pelo aspecto, lição de coisas, e exige o oferecimento de dados sensíveis à observação e à percepção dos alunos. Exemplos disso são caixas para ensino de cores e formas, quadros do reino vegetal, gravuras, objetos de madeira, cartas de cores, aros, mapas, diagramas...

4- Emergência e predominância da concepção pedagógica renovadora (1932-1969)

Sendo a escola um retrato da sociedade a que serve, as transformações sociais levam à transformação escolar. Como a civilização tem a ciência como base do progresso, a escola se baseia em três tendências, a primeira tendência é a mudança continua, a segunda o industrialismo e a terceira a democracia. Isso tudo

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