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Conceito de Dialogicidade em Paulo Freire

Por:   •  17/10/2019  •  Dissertação  •  1.871 Palavras (8 Páginas)  •  331 Visualizações

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Cinquenta anos se passaram desde que a obra Pedagogia do Oprimido foi escrita pelas mãos do educador/pensador Paulo Freire. Desde que foi escrita, ela continua sendo atual e polêmica. Atual enquanto trata a educação como um ato político pedagógico, onde quem aprende alcança sua plena liberdade e procura modificar a sociedade na qual está inserido. Polêmica, justamente porque continua a incomodar aqueles que lançam mão da opressão para continuarem dominando e colocando em prática seu plano de poder. Não desejam cidadãos conscientes e dispostos a lutarem por sua própria libertação, sua autonomia.

Paulo Freire propõe uma pedagogia baseada na numa educação problematizadora, justamente para que os oprimidos tenham a capacidade de confrontar, de questionar a situação de opressão em que vivem, não se conformando com as migalhas que os opressores deixam cair de suas fartas mesas, que os mantêm cativos; possibilitando a esses construírem uma sociedade onde não exista mais opressão, mas sim liberdade e justiça. Onde a vida prevaleça sobre a morte e a escuridão da ignorância seja vencida pela luz do conhecimento.

Ao rejeitar o que chamou de educação bancária, na qual o professor apenas transmitia conhecimentos aos alunos, o pensador valorizou a cultura e o conhecimento prévios dos estudantes e a ideia que se aprende na troca, seja entre professores e alunos, seja com outros professores, seja entre alunos. A educação está na vida, no nosso cotidiano e na nossa formação como um todo. Não acontece só na escola, mas em qualquer ambiente.

A educação, segundo o autor, visa à libertação, à transformação radical da realidade, para melhorá-la, para torná-la mais humana, para permitir que homens e mulheres sejam reconhecidos como sujeitos de sua história e não como objetos. Freire afirma que "Assumirmo-nos como sujeitos e objetos da História nos torna seres da decisão, da ruptura. Seres éticos”. Confirmando essa afirmação, Freire, realça a ideia de que:

O que, sobretudo, me move a ser ético é saber que, sendo a educação, por sua própria natureza, diretiva e política, eu devo, sem jamais negar meu sonho ou minha utopia aos educandos, respeitá-los. Defender com seriedade, rigorosamente, mas também apaixonadamente, uma tese, uma posição, uma preferência, estimulando e respeitando, ao mesmo tempo, ao discurso contrário, é a melhor forma de ensinar, de um lado, o direito de termos o dever de "brigar" por nossas ideias, por nossos sonhos e não apenas de aprender a sintaxe do verbo haver, do outro, o respeito mútuo

Uma educação bancária precisa ser substituída por uma educação que privilegie a criticidade do indivíduo, para que ele participando ativamente do processo de ensino/aprendizagem, alcance consequentemente sua autonomia, sua maioridade, e uma participação mais ativa na vida em sociedade, sendo sujeito histórico de sua transformação e da transformação do mundo. Uma das tarefas fundamentais da prática educativa é o desenvolvimento da curiosidade crítica, aquela que se aproxima do conhecimento sem se submeter a ele.

Para Paulo Freire, quando se analisa a diferença entre a ingenuidade e a criticidade, entre os saberes da experiência cotidiana e os conhecimentos científicos, observa-se que não há propriamente uma ruptura entre essas duas formas de conhecimento. Mas uma superação. Isso ocorre na medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, se torna mais e mais crítica através da educação.

E ao se tornar uma curiosidade epistemológica – ou seja, capaz de refletir sobre a natureza, as etapas e os limites do conhecimento – essa curiosidade se torna rigorosa em termos metodológicos e conquista as condições para uma compreensão mais ampla da realidade.

Paulo Freire indica os níveis de uma ação libertadora: o educador reflete com o educando sobre o modo como ele próprio trabalha, para a mudança ou para a reprodução do sistema? Nesse estágio, busca soluções para as crises, situações-limite e se superando se abre para o novo, para o não tentado anteriormente. Só então despe as velhas respostas e aprende as novas, substitui o velho por um novo modo de agir e atuar.

A transformação começa a partir dele e inicia-se no repasse ao educando a transformação coletiva. Num estágio intermediário, a experiência de se libertar precisa encontrar outros sujeitos de histórias similares, que vivem a mesma experiência da libertação. Na ideia trocada surge a reflexão, que por sua vez vai levar o educando a uma ação, que o levará a uma transformação.

Isso só se fará através do diálogo do educando com o educador, pois para Paulo Freire a palavra proferida é um ato libertador e a dialogicidade é a forma defendida pelo educador para se criar uma educação horizontalizada, livrando-nos de uma opressora educação vertical, onde o educador supostamente detêm o saber e o educando não tem conhecimento suficiente para dialogar com o educador.

A antidialogicidade é o instrumento utilizado pelo opressor como forma de manter o cidadão/educando acuado, amedrontado, favorecendo a dominação que teima em reinar em nossa sociedade desde que foi colonizada até os dias atuais, mas que têm seus dias contados a partir de uma proposta pedagógica que privilegia uma metodologia baseada na liberdade de pensamento e consequentemente da expressão desse pensamento. A reflexão o levará a uma ação, capaz de libertá-lo de toda opressão.

A antidialogicidade é um instrumento magnifico para que o opressor se sinta superior, tende a dividir os oprimidos, até que não encontrem forças para a reivindicação, manipula os oprimidos fazendo terrorismo para que se tornem verdadeiros objetos.

Freire defende que a libertação dos oprimidos só se pode dar através dos próprios oprimidos. Os oprimidos devem deixar de pensar que os opressores são superiores a eles e começarem a refletir as causas dessa situação e daí em diante irem à procura de se tornarem sujeitos de suas realidades.

A Educação Libertadora abre espaço ao diálogo, a comunicação, o levantamento de problemas, o questionamento e reflexão sobre o estado atual de coisas, na busca incansável por transformação. Segundo Freire, a educação problematizadora visa a uma transformação por ser uma educação crítica. Tanto

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