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Direitos Humanos e Educação para as relações étnico-raciais

Por:   •  12/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.900 Palavras (8 Páginas)  •  205 Visualizações

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TÍTULO DO PROJETO

Direitos Humanos e Educação para as relações étnico-raciais

1.1. APRESENTAÇÃO

Em uma escola particular localizada em um bairro de classe média da cidade de São Paulo e de maioria branca, onde em uma sala de aproximadamente 30 alunos, uma era negra.

Apesar do bairro não ser de classe média alta em sua grande maioria, a comunidade escolar se dividia entre aqueles que tinham poder aquisitivo suficiente para manter com tranquilidade os filhos na escola de ensino particular (a maioria) e outros que comprometiam boa parte do seu ganho mensal para manter seus filhos no referido colégio (minoria).

No início do ano letivo de 2014, uma nova professora do colégio ao ser apresentada à escola, que por coincidência a apresentação ocorreu no momento em que os alunos estavam no horário de saída, a mantenedora viu uma aluna negra descendo as escadas e comentou: “Aqui temos todos os tipos de alunos, sem pré-conceito”. Naquele momento a professora ficou indignada que sua expressão facial mudou ao ponto de ficar sem reação e se calar.

Ao começar a trabalhar naquela escola, a professora passou a observar que os negros eram minoria naquele ambiente escolar e que além de tudo, tinham complexo com relação a sua aparência, principalmente no que dizia respeito ao cabelo, já que a maioria das alunas era branca, de cabelos lisos (alisados ou não).

Foi observado também que meninas negras de 10 e 11 anos, ou seja, alunas do 5° ano, sonhavam em ganhar de presente uma progressiva, que as deixariam mais “parecidas” e as tornariam mais “aceitas” pelas colegas, que cotidianamente diziam: “Pede para sua mãe te dar de presente a progressiva, menina. Seu cabelo ficará lindo!”. “Prende esse cabelo”. “Olha os fios para cima!”. “Você precisa urgentemente de uma hidratação nesse cabelo”. “Passa chapinha”.

Em outra situação na mesma escola, duas primas negras, que usavam seu cabelo de forma natural, faziam penteados, colocavam turbantes, mas também sofriam pré-conceito principalmente por parte de professores que diziam: “Para que um cabelo daquele tamanho? Que exagero!” “Elas tem os rostos lindos, mas o cabelo tira toda a beleza”.

1.1. Contextualização da situação-problema

Pensando no acervo de livros que a escola dispõe aos professores, percebemos que os livros didáticos trabalham ilustrações estereotipadas sobre pessoas negras, trazem no material a inferioridade do negro, ocupando sempre papeis com pouco ou nenhum prestígio social, ou seja, e nunca como destaques nos livros.

Quase não encontramos uma ilustração em que o negro encontra-se em posição igual ou superior ao branco. Não encontramos uma situação em que o negro é um exemplo de sucesso profissional, social, modelo de família, cargo de prestigio, etc. Tal fato acontece, geralmente, com as pessoas de pele clara, que são sempre destacadas nos materiais, como exemplo de tudo que é melhor e deve ser seguido.

Encontramos este tipo de situação não somente nos livros didáticos, mas também nos corredores das escolas, nas salas de aula, quando os negros são alvos de diversas formas de discriminação como preconceitos e apelidos pejorativos.

1.2. Análise do tema

Os professores muitas vezes não possuem a capacitação adequada para lidar com este tipo de situação. No entanto, sabemos que com o estudo e aprimoramento cultural e de formação profissional através de pesquisas e trabalhos, essa situação pode ser superada e trabalhada de forma eficaz.

Com tal capacitação os professores podem trazer material para sala de aula como apoio para trabalhar de forma contextualizada com o aluno para que o mesmo compreenda o assunto abordado e entenda seu papel social. Podem ser feitos trabalhos valorização da cultura, de teatro, pesquisa, debate aberto sem preconceito. Trabalhar com o lúdico. Inserir nas atividades e desenhos atitudes que favoreçam o amor, o carinho e a amizade, independente da etnia, da religião ou dos costumes para que o assunto deixe de ser um processo de hierarquização, exclusão e discriminação contra o indivíduo ou toda uma categoria social que é definida como diferente com base em alguma marca física.

A escola não é o único lugar onde devemos trabalhar relações étnico-raciais, temos que trabalhar em casa, na comunidade, etc. Fazendo com que este trabalho escolar ultrapasse os muros da escola e desperte nas pessoas a vontade de conhecer, estudar e discutir sobre o assunto, pois é um direito que temos pelo simples fato de sermos seres humanos

Precisamos antes de querer encontrar uma solução rápida como forma de antídoto, repensar nosso processo histórico para entendermos melhor nossa situação-problema atual. Todos nós sabermos que por questões políticas, econômicas e culturais, o negro vem sendo há muito tempo marginalizado indireta e diretamente pela sociedade a qual ele pertence. No Brasil percebemos através de estudos que o negro por volta do século XVI trazido como escravo nas grandes navegações e sendo visto como moeda de troca e objeto. Por muito tempo foi considerado coisa pelos católicos europeus e sendo vistos como coisas não mereciam dignidade e humanidade.

Por mais que esse conceito carregado de pré-conceitos, interesses políticos e econômicos seja compreendido hoje como absurdo, seu fardo ainda é muito recorrente na nossa sociedade brasileira. Tendo em vista as alunas negras que anseiam “domesticar” seus cabelos “embranquecer-se” para que não fiquem tão diferentes das alunas brancas e aceitas pela escola que na verdade é a representação da sociedade atual. Enquanto que as outras alunas, incentivadas em casa a assumirem seus cabelos lutam constantemente para se impor e mostrar que o diferente também é belo, deve ser respeitado e aceito.

As mudanças nesse âmbito são lentas e gradativas, podemos perceber que tais mudanças só começaram a ganhar mais destaque quando o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso declarou em seu discurso de posse que havia um problema racial no Brasil e que era necessário saná-lo. A partir disso surgiram propostas a fim de dar continuidade na resolução do problema de racismo no governo do presidente Lula com o documento: “Brasil sem Racismo” nos anos 2000.

A escola é de fato o ambiente em que todas as diversidades culturais se manifestam por ser uma representação direta da sociedade, mas que muitas vezes só uma variedade é escolhida como a melhor e assim que

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