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O Pensamento de Paulo Freire na Trajetória da Educação Popular

Por:   •  24/7/2021  •  Artigo  •  5.990 Palavras (24 Páginas)  •  245 Visualizações

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O pensamento de Paulo Freire na trajetória da educação popular

Karen de Fátima Maciel*

Thought of Paulo Freire in trajectory of popular education

[pic 1]

* Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

RESUMO: Este artigo investiga as principais contribuições do educador e mi- litante Paulo Freire na história da Educação Popular no Brasil. Freire influencia diretamente o campo teórico-metodológico-epistemológico da Educação ao fo- mentar a questão política da educação. Pauta-se na cultura popular como elemento fundamental para emancipação da classe trabalhadora. Por entender as classes po- pulares como detentoras de um saber não valorizado e excluídas do conhecimento historicamente acumulado pela sociedade, mostra-se, neste trabalho, a relevância de se construir uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo, provocando uma leitura da realidade na ótica do oprimido que ultrapassa as fron- teiras das letras e se constitui nas relações históricas e sociais. Refletir-se-á sobre a importância do seu pensamento na construção de uma teoria pedagógica liberta- dora, que se faz primordial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Popular, Cultura Popular, Paulo Freire.

ABSTRACT: The paper investigates the main contributions of  the educator and activist Paulo Freire in the history of popular education in Brazil. Freire directly influences the theoretical and methodological-epistemological Education to promote the issue of education policy. It is guided in popular culture as key to emancipation of the working class. By understanding the classes as having a knowledge not valued and historically excluded from the knowledge accumulated by society, shows the importance of building an education based on knowledge of the people and the people causing a reading of reality from the perspective of the oppressed in excess the border of the letters and is constituted in the historical and social relations. We will reflect on the importance of thinking to build a liberatory pedagogical theory, which is paramount in building a more just and egalitarian society.

KEYWORDS: Popular Education, Popular Culture, Paulo Freire.

  1. INTRODUÇÃO[pic 2]

educação, no atual contexto da ideologia neoliberal, tem sido vista, pelo viés da Economia, como formação do capital humano. Segue- se um modelo de formação, de sujeitos produtivos para o mercado,

que se torna hegemônico, constituído pelas competências necessárias à empregabilidade.

Nesse sentido, pensar uma educação que venha na direção oposta a essa ideologia, que atenda às necessidades da população excluída dos direitos básicos da existência humana e dos princípios da formação de sujeitos críticos

– conscientes e construtores de sua história – requer um aprofundamento complexo sobre os fundamentos dessa educação a ser direcionada e construída para atender as necessidades do povo, a partir da sua realidade.

É fato que a educação popular se configura e reconfigura como algo próprio à história da Educação, porém, pelo seu viés de atuação com as classes populares, não tem tido a relevância necessária por estar dirigida aos sujeitos excluídos do processo educativo, não tendo aparecido como área do conhecimento de importância primordial em Universidades.

Nesse sentido, falar em Educação Popular é falar impreterivelmente do legado do Educador Paulo Freire (1921-1997) que trouxe importantes reflexões sobre os sujeitos postos à margem da sociedade do capital. Por entender as classes populares como detentoras de um saber não valorizado e excluídas do conhecimento historicamente acumulado pela sociedade, nos mostra a relevância de se construir uma educação a partir do conhecimento do povo e com o povo provocando uma leitura da realidade na ótica do oprimido, que ultrapasse as fronteiras das letras e se constitui nas relações históricas e sociais. Nesse sentido, o oprimido deve sair desta condição de opressão a partir da fomentação da consciência de classe oprimida.

A partir de uma pesquisa bibliográfica, buscaremos, em um primeiro momento, traçar o histórico das experiências de Educação Popular no Brasil, compreendendo as especificidades que adquiriram em cada tempo e lugar, assim como refletir em relação à influência que os movimentos de cultura popular tiveram na construção de uma concepção de mundo dos sujeitos que sempre estiveram relegados a 2º plano. Finalmente, refletiremos sobre a importância do pensamento de Paulo Freire na construção de uma teoria

pedagógica libertadora, que se faz primordial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

  1. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO POPULAR

Segundo Brandão (2002), existem quatro posturas visíveis quando se

trata de refletirmos a respeito da educação popular.

A primeira postura está ligada ao não reconhecimento da educação popular como escolha da educação que queremos, por não ser considerada como uma visão de mundo, de práticas pedagógicas que aconteceram num dado momento histórico. É entendida como práticas não científicas, primitivas, superadas, enfim, distante de um conhecimento científico, o qual é privilegiado em nossa sociedade.

A segunda postura está ligada à importância do viés cultural da educação popular. Encontra-se mais associada ao campo dos movimentos sociais do que à própria educação, pelo fato e como o senso comum prega não ser vista como tendo um viés político, militante, mas apenas como prática profissional. A terceira postura está direcionada à educação popular como um fenômeno datado na história da educação de alguns países da América Latina, principalmente no Brasil, tendo como referência principal o educador Paulo Freire. Esta se construiu por meio de experiências de alfabetização popular direcionadas aos jovens e adultos das classes trabalhadoras, e dos Movimentos de Educação de Base, associando projetos de alfabetização à ação comunitária. Configurou-se, assim, como um momento em que esta passou a ser reconhecida e estendida a nível internacional, vista como uma prática educacional relevante. A quarta postura explicita que a educação popular não foi uma experiência única, mas que “é algo ainda presente e diversamente participante

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