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O analfabetismo no Alto solimões

Por:   •  17/9/2017  •  Artigo  •  1.507 Palavras (7 Páginas)  •  240 Visualizações

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O HISTÓRICO DO ANALFABETISMO NA REGIÃO AMAZÔNICA: dados e registros do município de Fonte boa como exemplo

Felipe Gomes dos Santos

RESUMO

O termo analfabetismo originou-se com a chegada dos colonizadores na região amazônica, que passaram por cima de diversas culturas com o objetivo de unificar as mais setecentas línguas dos povos indígenas, para isso impuseram os seu idioma nessas culturas para fins de exploração desses habitantes nativos. Diversos acontecimentos surgiram para que os analfabetos da língua imposta pudessem aprender, porém alguns fatores, como a alta exploração ou a preocupação com dinheiro, fizeram com que o desinteresse pela educação aumentasse a partir do momento que a educação não gerava lucros e era vista somente para as pessoas ricas. O ciclo da borracha na região amazônica aumentou a taxa de analfabetos devido o alto numero de imigrantes na região em busca de trabalho. Diante de todo esse cenário, a cidade de Fonte Boa no Estado do Amazonas, foi o exemplo da implantação da educação na região, mostrando a origem até aos tempos contemporâneos sobre as taxas educacionais vistas na região, com o objetivo de controlar e diminuir o analfabetismo.

1. INTRODUÇÃO

A chegada dos portugueses no Brasil foi marcada por diversas mudanças, entre elas as transformações forçadas de diversas culturas de tribos indígenas. A necessidade de mão de obra pelos colonizadores para explorar os recursos naturais da Amazônia era grande, forçando os índios da região a trabalhar ativamente. No entanto, para facilitar a comunicação entre eles, os portugueses impuseram seus costumes, inclusive o idioma, quebrando com diversas culturas entre os nativos da região. Após esse cenário, diversas ocorrências surgiram com o objetivo de unificar a língua imposta, que mais tarde virou uma preocupação do estado e do país. A análise do analfabetismo é direcionada a uma cidade do estado do Amazonas, conhecida como Fonte Boa, usada como modelo, dela vieram os registros para avaliar e encontrar soluções para acabar com o número alto de analfabetos na região, ou seja, a cidade de Fonte Boa foi usada como um exemplo dessa pesquisa sobre analfabestimo.

2. DESENVOLVIMENTO

O século XVIII na região amazônica é marcado pela interação dos colonizadores portugueses com os povos que habitavam esta terra, na qual enxergaram nesse território as grandes riquezas naturais importantes para a época. A relação entre eles era difícil devido às línguas serem diferentes, mas que para os colonizadores a língua indígena não era adequada, afirmando, portanto que os índios eram analfabetos. Esse fator trouxe problemas para eles, pois não havia uma comunicação certa com esses povos, logo os mesmos precisariam da ajuda dessas tribos indígenas para explorar as terras amazônicas, conforme relata Evandro Barbosa: “O analfabetismo dos habitantes da Amazônia no século XVIII era um problema social para os colonizadores, não para os índios, porque esses haviam desenvolvido relações de interação com o meio natural, onde a cultura indígena era oral e secular” (2011, p.49).

Os colonizadores buscaram meios para contornar o problema de comunicação e analfabetismo, passando por cima da cultura dos índios, que inicialmente gerou conflitos, mas os indígenas não conseguiram impedir essas mudanças. Os jesuítas foram os responsáveis por alfabetizar esses povos, que começou voluntariamente, que depois foi imposto ditatoriamente para que os portugueses pudessem usar esses nativos como mão de obra. Conforme relatado:

Ignorando os valores culturais dos índios, desconhecendo-lhe as línguas e com o objetivo de sujeitá-los, os portugueses, através do trabalho dos jesuítas, viam na catequese dos nativos, inicialmente, mais um instrumento de dominação. [...] A educação no Brasil inicia-se com o trabalho realizado pelos jesuítas na catequização dos índios; posteriormente instituíram-se os colégios com o objetivo de formar os novos missionários em terras brasileiras (BARBOSA, 2011, p. 49-50).

A interação entre os indígenas e os portugueses era de exploração então à inserção do seu idioma para essas tribos era crucial a partir do momento que a região amazônica possuía mais de setecentas línguas entre os povos, para poder adquirir os recursos naturais da Amazônia. Para facilitar o ensino, uma língua tupi era usada tanto pelos colonizadores como os colonizados, essa língua era o Nheengatu, mas esse idioma alternativo não mudou o objetivo dos exploradores de portugalizar o idioma na Amazônia. Com a chegada do Marquês de Pombal, na administração das colônias portuguesas, o trabalho de alfabetização dos jesuítas chegara ao fim. A partir de então o problema de alfabetização torna-se de responsabilidade do governo da época, após esse evento, medidas foram implantadas para educar os analfabetos.

Depois de diversos eventos nesse século acerca da solução para o analfabetismo, chega o século XIX que foi marcado pelo ciclo da borracha no estado do Amazonas. A vinda de muitos imigrantes para trabalhar com as seringueiras da região, na extração de látex para fabricação da borracha, gerou um aumento na tava de analfabetismo no estado, conforme afirma Barbosa:

A primeira inserção da Amazônia na economia mundial ocorreu na última década do século XIX, provocando a hegemonia da língua portuguesa na região; não porque tenha havido uma ampliação do número de escolas, melhor qualificação dos professores ou colaboração dos nativos, mas devido à grande quantidade de imigrantes, principalmente nordestinos, que através do trabalho e do comércio nos seringais praticavam o idioma Português entre os habitantes da Amazônia (2011, p. 58).

Com o ciclo da borracha o estado do amazonas teve um enorme crescimento econômico, porém o setor da educação continuava a cair, nenhum investimento era feito nessa área e a obsessão de garantir mais dinheiro tornava-se maior. Ate final do século XIX o ensino educacional ainda estava em fase de estruturação. No auge desse ciclo o número de analfabetos é extraordinário, conforme explica Barbosa: “Acolhendo 83,8% de analfabetos no seu território, o Estado do Amazonas convivia com a riqueza da borracha e a pobreza educacional” (2011, p. 63).

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