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OS SENTIDOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA DOCÊNCICA COM JOVENS E ADULTOS

Por:   •  15/2/2017  •  Artigo  •  3.431 Palavras (14 Páginas)  •  259 Visualizações

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OS SENTIDOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA DOCÊNCICA COM JOVENS E ADULTOS

Autora: Pâmela Rodrigues Altamor

Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Resumo:

O presente trabalho refere-se à pesquisa de mestrado que apresenta como temática principal discussões acerca da formação continuada para educadores de jovens e adultos. Tal estudo está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEDU, da Universidade Federal de Rio Grande – FURG. A pesquisa foi realizada junto a docentes da EJA da Rede Municipal de Educação de Rio Grande-RS e tem por objetivo compreender qual a percepção dos professores de jovens e adultos acerca da formação continuada, bem como das ações de educação continuada das quais participam. São sujeitos da pesquisa três educadores municipais que atuam na Educação de Jovens e Adultos. A abordagem metodológica é qualitativa, tendo como corpus de análise: questionários, entrevistas semiestruturadas e escrita em diário de campo. A análise dos dados deu-se a partir do entendimento da chamada Análise Textual Discursiva – ATD, de Moraes e Galiazzi, constando de processo iniciado pela impregnação do material produzido pelos sujeitos, unitarização, construção de categorias analíticas que dão origem aos metatextos. Como resultado desta investigação apresentamos discussões trazidas à emergência pelos professores entrevistados, os quais apontam a precária infraestrutura para atender aulas noturnas, escasso respaldo teórico e pedagógico, falta de recursos financeiros, desvalorização dos professores. A necessidade de uma formação continuada específica para os educadores que atuam com jovens e adultos é apontada pela maior parte dos educadores, sujeitos da pesquisa, que expressam não ter suporte adequado para atender as discussões da EJA. A conclusão deste estudo, ainda, denuncia a escassez de políticas públicas permanentes para a formação dos educadores da EJA e expressam a necessidade de priorizar essas políticas de forma que garantam condições para a realização do trabalho docente.

Palavras-chave: formação continuada - Educação de Jovens e Adultos - constituição docente

CONTEXTUALIZANDO O PROBLEMA DE PESQUISA:

A busca por aprimorar a qualidade de ensino na educação básica exige repensar diversas variáveis que compõem a educação brasileira. Uma dessas variáveis é a formação continuada, que se configura como uma importante estratégia pedagógica, uma vez que, quando realizada de formar construtiva e reflexiva, possibilita aos educadores pensar sobre os significados da sua prática docente, e construir coletivamente sugestões para superar o conjunto de problemas que os educadores são chamados a resolver no cotidiano escolar.

Essa concepção de formação é chamada por  Nóvoa (1991) de modelo construtivo. Trata-se de uma formação voltada para o professor reflexivo e apresenta a escola enquanto eixo central do processo de formação, ou seja, desloca-se o eixo da formação de professores da universidade para o cotidiano escolar. Esta perspectiva entende a formação continuada enquanto um processo reflexivo da prática docente, como uma construção permanente da identidade profissional que deve estar em constante interação com a cultura escolar.

Francisco Imbernón (2009) vem ao encontro da ideia de Nóvoa frisando que a profissão docente comporta um conhecimento pedagógico específico, seguido de uma necessidade de compartilhar e de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais. O processo de formação continuada aparece como uma vertente prioritária do desenvolvimento profissional, no qual os professores se tornam “protagonistas” de seu processo formativo.

Na mesma perspectiva Bernadete Gatti (2003) considera que um projeto de formação continuada não pode ser construído ignorando-se o conjunto das dimensões que estão envolvidas, a natureza e as características psicossociais do ato educativo. Para Gatti (2008, p.8), a “formação continuada abriga toda oportunidade de conhecimento, reflexão, debate e trocas que favoreçam o aprimoramento profissional”. 

        No que se refere especificamente à formação continuada de profissionais que atuam na EJA, é interessante destacar a ideia de Soares (2008, p.85) quando expressa que “o educador da EJA tem o direito de participar de uma formação continuada permanente, que considere, valorize e estude as especificidades de sua ação docente”. Entra em questão, aqui, a ênfase em tais especificidades, sendo estas valorizadas enquanto característica própria do docente atuante na EJA e, por isso mesmo, merecedora de uma especial atenção.

Neste contexto, cabe destacar que tais características encontram-se relacionadas às particularidades que os desafios na docência em EJA oferecem, entre outros aspectos, o desafio de atuar com uma grande diversidade de educandos na mesma sala de aula acompanha a EJA desde sua criação. Arroyo (2005, p.29) ao escrever sobre a diversidade que envolve os estudantes da EJA, afirma que, “desde que a EJA é EJA, os jovens e adultos são os mesmos: pobres, desempregados, vivem da economia informal, negros, vivem nos limites da sobrevivência”. O autor ainda chama atenção para o discurso escolar que os trata, a priori, como os repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos, ou seja, desconsiderando as condições sócio-históricas que os constituem.

Diante deste perfil apontado por Arroyo (2005), a docência na EJA depara-se com jovens e adultos acompanhados de baixa estima, desmotivação e cansaço, o que contribui significativamente para sua pouca frequência em sala de aula, provocando, muitas vezes, índices altos de evasão. A avaliação também se configura entre essas especificidades, ou seja, a “rotatividade” dos estudantes em sala de aula dificulta o processo de avaliação: Como avaliar a aprendizagem do estudante se ele não está presente? Outro aspecto é a juvenilização que vem atravessando a Educação de Jovens e Adultos atualmente, o ingresso cada vez mais antecipado dos jovens nas classes de EJA é mais um dos desafios que o educador de jovens e adultos vem encontrando. É um novo perfil da EJA que se apresenta e com ele se constituem diferentes práticas educacionais, vivências, demandas, especificidades, ressaltando a relevância de um processo formativo constante.

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