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Paulo Freire e o Modelo de Educação Democrática Brasileiro

Por:   •  16/6/2019  •  Resenha  •  1.381 Palavras (6 Páginas)  •  331 Visualizações

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Em nosso percurso histórico ao longo da disciplina, vimos como o tema da educação foi tratado no período da Ditadura Militar; passamos pelo processo de redemocratização do Brasil, de 1985 a 1990, e, em seguida, pela tentativa de diversos governos em adotar o modelo de desenvolvimento neoliberal que se instalou no País a partir de 1990. Com base no conhecimento que você adquiriu a esse respeito, escreva um texto de até 25 linhas que relacione a teoria libertadora de Paulo Freire, que estudamos na unidade 19, à montagem de um sistema de ensino democrático no Brasil. Componha seu trabalho, de no máximo 40 linhas, de modo a percorrer a trajetória de Paulo Freire por meio dos períodos históricos sugeridos, chegando até os dias atuais. Boa reflexão!

Paulo Freire e o modelo de educação democrática brasileiro

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.”

Rubem Alves

Laurentino Gomes, diz em “1822” que na época da independência o Brasil possuía “ cerca de 4,5 milhões de habitantes — menos de 3% de sua população atual —divididos em 800.000 índios, um milhão de brancos, 1,2 milhão de escravos (africanos ou seus descendentes) e 1,5 milhão de mulatos, pardos, caboclos e mestiços.11 Resultado de três séculos de miscigenação racial entre portugueses, negros e índios, esta última parcela da população compunha um grupo semilivre, que se espalhava pelas zonas interiores e vivia submisso às leis e vontades dos coronéis locais”.Dessa população apenas 2% era alfabetizada, já naquela época José Bonifácio, diagnosticava que a educação seria um dos grandes desafios do novo governo brasileiro, e 196 anos depois, o Brasil continua campeão em desigualdade e ainda não erradicou o analfabetismo.

Com o advento da abolição da escravatura, da proclamação da republica e da modernização do  pais,  a nação precisou de novo cidadão, capaz de trabalhar nas fabricas, cumprir jornada de trabalho, executar suas tarefas, e os programas de educação governamentais foram neste sentido: uma “educação técnica”, a educação que forma apenas profissionais para o mercado de trabalho, uma educação de afirmação do modelo econômico e social vigente, de fomento do processo ideológico alienante e intencional,  assim a educação  pública, foi  formalmente estruturada, mantida e controlada pela classe dominante.

O cenário da educação brasileira permamece em essência o mesmo durante varias décadas. Ainda na década de 1960, começam as primeiras discussões para uma educação que “fale”, que seja importante para os círculos sociais excluídos, uma educação que de certa forma alcançasse  aquelas pessoas.

Curiosamente, o mais significativo dos per cursores deste periodo , Paulo Freire,  é advogado de formação não chegou a exercer a advocacia, antes, decidiu-se educador, aceitando trabalhar no Serviço Social da Indústria (SESI) Departamento Regional de Pernambuco, no período de 1947 a 1957. No SESI foi diretor da Divisão de Educação e Cultura e mais tarde superintendente do órgão. As experiências vividas nesse período foram imprescindíveis em seu posicionamento como educador, por meio de suas andanças estabelece contato com as primeiras comunidades, ouvindo-as, dialogando com as pessoas e com elas se comprometendo no intuito não apenas de alfabetizá-las, mas também de politizálas.

Ao elaborar uma proposta pedagógica, Paulo Freire, buscava uma crítica à educação brasileira. Com a alfabetização de adultos, instaura os círculos de cultura, que dão lugar as classes de alfabetização, intencionando chegar a lugares em que a educação formal ainda não havia chegado, estabelecendo novas relações entre quem ensina e quem aprende. A alfabetização popular é realizada por meio de palavras geradoras, pesquisadas e selecionadas a partir do universo vocabular da comunidade que se pretende alfabetizar, nelas são encontrados fonemas do vocabulário convencional, nelas estão contidas as experiências vividas pelas pessoas. Dessa forma, a alfabetização passa a ser algo significativo advindo da conscientização e da leitura de mundo realizada pelos integrantes do processo, estabelecendo uma relação dialógica entre o educando e o educador. Estabelecida a relação, o educador se coloca como povo, com ele aprende, com ele ensina. Na sistemática da pedagogia tradicional, criticada por Freire como educação bancária, tal condição é inexistente, pois o professor é que detém o conhecimento que é transmitido de forma estanque e autoritária, desconsiderando o que as pessoas já conhecem. A mudança de postura presente nos encaminhamentos de Paulo Freire permitiu que um grupo experimental de 300 trabalhadores em Angicos no Rio Grande do Norte, no ano de 1963, fosse alfabetizado em 45 dias.

A luta de Paulo Freire teve como marco estabelecer o direito à educação das camadas populares, que na década de 1960, era em sua maioria analfabeta e sem direito ao voto. Aliado a tal compromisso visa construir junto ao povo a passagem da ingenuidade para a criticidade o que pressupõe a liberdade e a autonomia, agindo assim, o educador representou uma ameaça ao poder vigente que após o golpe militar ocorrido no ano de 1964, obrigou-o a 16 anos de exílio, de 1964 a 1980.

“Para min,  o exílio foi profundamente pedagógico.Quando exilado tomei distancia do Brasil, comecei a compreende-lo”- Paulo Freire ( Paulo Freire contemporâneo)

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