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Práticas supervisionadas na língua materna

Por:   •  27/9/2023  •  Ensaio  •  4.188 Palavras (17 Páginas)  •  38 Visualizações

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Práticas supervisionadas na formação de professores de português como língua materna a atuar nos anos finais do EF ou EM.

Quando pensamos na formação docente em curso, as práticas supervisionadas estão relacionadas ao trinômio prática-teoria-reflexão, onde se misturam e são materializadas no fazer educativo. Sendo assim, os cursos de formação continuada e inicial de professores de Língua Materna (LM) estão sendo (re)pensados, uma vez que constitui parte essencial da experiência curricular da educação básica, não apenas nos anos iniciais do ensino fundamental – período oficialmente associado ao processo educacional de alfabetização – como também nos anos subsequentes do nível fundamental e médio. A formação de professores de Português como LM requer a implementação de práticas supervisionadas que façam com que os futuros docentes adquiram conhecimentos teóricos e desenvolvam habilidades práticas, fornecendo assim experiências e oportunidades de aprendizagem ativa.

Documentos oficiais, como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação de Professores (BRASIL, 2002), demonstram a intenção de discutir a formação docente para viabilizar formações mais eficientes, no que diz respeito aos saberes e à realidade educacional em que os futuros professores irão atuar, compreendendo também a organização de diversos saberes. Conforme essas diretrizes, os profissionais da área de Letras devem ter domínio do uso da(s) língua(s) que sejam objeto de seus estudos, em termos de sua estrutura, funcionamento e manifestações culturais. Todo processo articulatório entre habilidades e competências no curso de Letras pressupõe o desenvolvimento de atividades de caráter prático durante o curso, priorizando uma relação constante entre a teoria e a prática que propicie uma reflexão e sintonia dos saberes disciplinares, curriculares, pedagógicos, experiencial e da ação, desde o início do curso, e que essa relação seja efetivada através do currículo. Outro documento que indiretamente prescreve as ações do professor é o conjunto de Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), pois ele nos informa, de modo mais específico, quais os saberes e capacidades de uso da linguagem (dentre outras competências e objetivos) que se esperam do aluno nos diversos segmentos do Ensino Fundamental e Médio.

Mediante esse contexto, a  formação  e  a  atuação  de  professores  da  educação  básica  têm  merecido, sobretudo ao longo das últimas décadas, investimentos de pesquisa voltados, dentre outros, ora para a análise das bases teórico-conceituais e metodológicas em que se assentam projetos de formação inicial, ora para os efeitos desses percursos na construção identitária do professor, ora, ainda, para a relação, no curso dessa etapa inicial da formação, entre os saberes didáticos e científicos e os objetos de ensino/estudo com os quais o professor passará a operar em sua atividade profissional. Dentre esses trabalhos, faz-se menção àqueles que, fugindo à lógica da valorização depreciativa que muitas vezes marcou e ainda marca a circulação de ideias sobre o professor em várias esferas sociais da atividade humana, nascem de investigações de pesquisadores – também professores formadores – que, implicadas com a mudança da realidade de ensino, em seus diferentes níveis, visam à produção de saberes que efetivamente cumpram a tarefa de promoção de impactos sociais.

Nesse sentido, a formação de professores tem sido uma questão debatida pelas pesquisas na área da educação e, também, pela Linguística Aplicada. Grande parte desses estudos tem se preocupado em discutir aspectos referentes à identidade profissional e à relação que esses profissionais estabelecem entre teoria e prática, ou seja, se eles são capazes de fazer uso do embasamento teórico oferecido pelo curso ao desenvolverem sua atividade docente. No entanto, pouco tem se dedicado à discussão de um segmento importante que constitui a formação - prática supervisionada - na qual os estudantes de licenciatura em LM terão a real possibilidade de vivenciar a complexidade da prática, lidando com as incertezas e os desafios inerentes da profissão.

Nóvoa (2013) em sua obra “ Formação de professores e profissão docente” relaciona a formação de professores com o desenvolvimento pessoal (produzir a vida do professor), desenvolvimento profissional (produzir a profissão docente) e com o desenvolvimento organizacional (produzir a escola). Sendo assim, para este autor, a formação de professor é o lugar em que se configura a profissão docente. Porém, nesse percurso de formação, muitos são os impasses que dificultam a elaboração de conhecimentos relativos à sua formação. Por exemplo, a desarmonia entre teoria e prática tem repercutido de modo negativo no âmbito dos cursos de formação de professor de LM. O currículo se organiza de modo a separar o pensar a prática pedagógica do agir: pensa-se durante todo o curso de formação inicial de professores e age-se no momento do exercício profissional como experiência, na fase da prática supervisionada.

De acordo com as novas legislações as práticas supervisionadas têm ganhado um espaço cada vez mais significativo nos cursos de licenciatura, no sentido de garantir que se estreitem os vínculos entre a formação teórica e a atuação profissional docente. Trata-se, portanto, de uma atividade acadêmica em que os diferentes saberes construídos se transformam em capacidades específicas para atuação profissional, sendo considerado um desafio, e ao mesmo tempo uma oportunidade para o seu desenvolvimento profissional, considerando a aquisição de referências práticas que alimentem sua formação. Sendo assim, se torna necessário tratar das relações entre teoria e prática na formação dos professores, sendo que, a partir dessas relações, é possível tratar três tipos de conhecimento: o conhecimento para/na/da prática, produzindo conhecimentos e saberes e promovendo modificações na ação docente com uma postura prático-reflexiva frente aos desafios da profissão e às mudanças nos contextos educativos, culturais e sociais. Com isso, a prática supervisionada se nutre a partir de questionamentos que venham a promover diálogos frutíferos entre os saberes teóricos e os saberes da prática, de modo que a articulação entre ambos possibilite ao aluno-mestre, daqui por diante futuro professor, a ressignificação da ação docente.

Dessa forma, não se espera da prática supervisionada uma postura tecnicista, e sim preocupada com o treinamento de habilidades e a construção de saberes diversos e relevantes para a formação desses profissionais. A aproximação com o espaço escolar permitirá ao futuro professor uma melhor compreensão da realidade onde atuará e uma ampliação da consciência acerca do ser e do fazer docente. Nesse sentido, as atividades sob a forma de prática supervisionado permite o contato com a complexa natureza da atividade docente e com as reflexões provocadas pelo incessante diálogo entre teoria e prática.

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