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Sobre as Possíveis Colaborações dos Estudos Africanos para Uma Educação Antirracista

Por:   •  14/1/2022  •  Resenha  •  1.149 Palavras (5 Páginas)  •  79 Visualizações

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Sobre as possíveis colaborações dos Estudos Africanos para uma educação antirracista

“Uma civilização que se revela incapaz de resolver os problemas que o seu funcionamento suscita é uma civilização decadente. Uma civilização que prefere fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais é uma civilização enferma. Uma civilização que trapaceia com os seus princípios é uma civilização moribunda.” Aimé Cesaire, Discurso sobre o colonialismo, 1955

Num país com povo composto por negros (a), indígenas e brancos, discutir relações étnicos raciais no Brasil é fundamental. Pois está intrinsicamente relacionada as relações as questões da desigualdade social brasileira, como a fome, a miséria, ao racismo, ao preconceito, demonstrando uma complexa rede que exclui o direito a cidadania, ao acesso a políticas públicas (educação, saúde, ao trabalho, moradia). A luta dos movimentos negros, e sociais no país tenta de toda maneira combater o avanço dessa onda de desigualdade, e entendem que a educação é uma ponte para mudança.

Reconhecer o espaço de privilegio da escola para a construção de uma sociedade mais justa, e como principal fonte do conhecimento, é importante, para formulação de estratégias para a transformação da sociedade brasileira. E é nesse palco, de disputa de poder, e de conhecimento que a educação acontece. Disputar as narrativas e as fontes de onde esse conhecimento deve acontecer é de extrema importância.

Em uma sociedade plural como a nossa, de culturas diversas, de contribuições que nos enlaçam em todo o nosso cotidiano, o discurso de que vivemos em uma democracia racial, de povos amigos, vem sendo contado ao longo dos séculos, através da educação. É preciso romper com essa educação que nos cega, e nos adormece, e isso só será possível, se reconhecermos e reconstruirmos nossa própria história.

Uma história contada através dos “vencedores”, e de povos que foram massacrados ao longo dos séculos. Será que podemos contar nossa história através do descobrimento? Não existia nada antes das caravelas de Pedro Alves Cabral? E os indígenas dessas terras surgiram de onde? E as violências imposta aos povos africanos que foram escravizados no país? Eles nunca resistiram? E o Quilombo dos Palmares eram bandidos? Ou povos que lutavam pela sua liberdade contra as injustiças? O que aconteceu com a população negra no país recém libertadas no fim do século XIX? Para onde foram? Porque a desigualdade, a pobreza, a falta de oportunidade nesse país atingem mais a população negra, mestiça, e indígena desse país? Porque morrem mais jovens negros? Por que a maioria da população negra nesse país mora nas periferias? As vidas negras realmente importam nesse país? São tantas questões não respondida ao longo de todo a nossa história, que só através de uma educação realmente que inclua, em vez de esconder os verdadeiros problemas que nos cercam, seremos capazes de responder.

E começamos através do resgate da nossa memória, desenterrando o nosso passado, que foi escondido. E que a uma classe dominante eurocentrada e colonialista, usou durante muito tempo, para controlar a sociedade e os povos subjugados. Abdias Nascimento artista, diretor e escritor, autor do livro, “Genocídio do povo negro no Brasil”, nos diz:

O sistema educacional [brasileiro] é usado como aparelhamento de controle nesta estrutura de discriminação cultural. Em todos os níveis do ensino brasileiro – elementar, secundário, universitário – o elenco das matérias ensinadas, como se se executasse o que havia predito a frase de Sílvio Romero, constitui um ritual da formalidade e da ostentação da Europa, e, mais recentemente, dos Estados Unidos. Se consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória africana, parte inalienável da consciência brasileira? Onde e quando a história da África, o desenvolvimento de suas culturas e civilizações, as características, do seu povo, foram ou são ensinadas nas escolas brasileiras? Quando há alguma referência ao africano ou negro, é no sentido do afastamento e da alienação da identidade negra. Tampouco na universidade brasileira o mundo negro-africano tem acesso. O modelo europeu ou norte-americano se repete, e as populações afro-brasileiras são tangidas para longe do chão universitário como gado leproso. Falar em identidade negra numa universidade do país é o mesmo que provocar todas as iras do inferno, e constitui um difícil desafio aos raros universitários afro-brasileiros (NASCIMENTO, 1978: 95)

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