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Trabalho

Por:   •  19/5/2015  •  Monografia  •  26.726 Palavras (107 Páginas)  •  200 Visualizações

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CHAPEUZINHO VERMELHO AO LONGO DO TEMPO

Júnia Grazielle de Lima Souza

Natalia Teixeira Fogaça

Rosane Alexandre Alves

RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo mostrar a necessidade das adaptações literárias dos contos de fada para os dias atuais, e como este processo é necessário para que a criança consiga se desenvolver conforme sua faixa etária, mesclando o imaginário ao real em sua formação cognitiva. Os contos de fada procuram resgatar na criança contemporânea a magia infantil, que deve ser recheada de mistérios, sentimentos, perguntas, alegria, sorrisos e brincadeiras. Atualmente, a criança se vê cercada de muita tecnologia, mídia e culturas efêmeras que não permite que a criatividade se desenvolva no formato real conforme sua idade; e para isso os contos de fada e suas adaptações são necessários para seu desenvolvimento intelectual e social. Para esta pesquisa, utilizou-se com base teórica Bruno Bettelheim e autores como Barbara Vasconcelos Carvalho e Lucia Pimentel Góes, e os contos de Chapeuzinho Vermelho e suas várias versões.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura. Lúdico. Contos de fadas. Imaginário Infantil.

Durante século, os contos de fada passaram a ser recontados e adaptados, tornando-se cada vez mais refinados e direcionados ao público infantil e, também, fazendo parte da vida adulta. Nesta análise, percebe-se que o conto de fadas estimula a imaginação e a criação da criança propiciando a formação adulta. Os contos de fada enfatizam várias formas da personalidade humana, auxiliando a criança na identificação do maniqueísmo tanto do mundo imaginário como no mundo real. É através das histórias infantis que a criança começa a se encontrar como ser psicológico e emocional, extravasa seus sentimentos e busca explicações para fatos ocorridos em seu cotidiano, costuma fazer associações, aborda pressões internas que podem ser graves, e que de uma forma passa a compreender e associar soluções.

Esta é exatamente a mensagem que os contos de fada transmite a criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana – mas que se a pessoa não se intimida mas se defronta de forma firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominara todos os obstáculos e, ao fim, emergira vitoriosa. (Bettelheim, 1980, p14)  

As histórias infantis sofreram grandes mudanças durante séculos, tanto na evolução educacional, como no grande processo de democratização política, fatos que caminham juntos e se desenvolveram dentro dos padrões de cada época, por escritores que aos poucos ousaram ir difundindo a modernidade em suas literaturas. As histórias contemporâneas têm os traços de histórias antigas mescladas a fatos atuais, empenham-se na representação da realidade urbana sendo a porta-voz das denúncias das crises sociais e suas consequências.

Nas épocas mais remotas, as crianças assumiam cargos de sucessores de impérios, como se essas crianças tivessem a maturidade necessária para tal função. Apesar de serem regras a serem seguidas devido a sua linhagem familiar, essas crianças eram privadas de sua infância, dando um salto cronológico em suas vidas. Durante séculos, as pessoas contavam histórias baseadas em fatos locais, ou em mitos criados por religiões, costumes e tradições, mas como saber ler e escrever não era comum, as histórias eram somente verbalizadas e passadas de geração em geração. “Na antiguidade, como é sabido, os homens não escreviam. Conservam suas lembranças na tradição oral; (...).” (Góes198,- p.63-64).

 No séc. XV, as crianças tinham como leitura diária as cartilhas, catecismos e catões, O catão era um livro composto de frases curtas e graduadas para exercícios dos principiantes da leitura que recebiam o nome de Christus, pois era a primeira palavra que neles aparecia livros, as literaturas que existiam retratavam as batalhas e conquistas da época. O sec. XVI é marcado pelo Renascimento e grandes conquistas para a história como; grandes navegações, os descobrimentos dos portugueses e espanhóis, a invenção da pólvora, a colonização, as conquistas de Galileu e Copérnico, a reforma de Lutero, período lastimável da inquisição, a criação da imprensa e o aparecimento da bíblia. Portanto, a literatura infantil surgiu por volta do século XVII e XVIII e início do século XIX, com a ascensão da burguesia surgiram escolas e alunos, mas escola, que só eram frequentadas pelos bem nascidos. Foi por volta do século XVII, na França que houve a separação das crianças e dos adultos, sendo que a faixa etária das crianças era de cinco-sete a dez-onze anos facilitando o ensino a diversas classes sociais. Neste período, surgiu Charles Perrault, o primeiro escritor literário infantil que publicou contos de fada, procurou retratar, em seus livros, a sociedade de seu tempo e da sua época, fazendo desfilar nela os nobres, os poderosos, os humildes e os fracos compensados e os fortificados pelas qualidades morais e espirituais. Destaca-se na obra de Perrault, o livro “Mamãe Gansa” e “Histórias do Tempo Passado com Moralidades”, foram as estórias infantis que fizeram da França o reinado da fantasia, sendo Perrault o mago do reino, com isso, se imortalizando na história.

“A Literatura Infantil tem seu início através de Charles Perrault, clássico dos contos de fadas, no século XVII. Naturalmente o consagrado escritor Frances não poderia prever, em sua época que tais estórias, por sua natureza e estrutura, viessem constituir um novo estilo na Literatura da Criança”.(Carvalho,1987- p.77).

Mas foi por volta do século XVIII que houve a descriminação social, separou-se o rico do pobre, o ensino da burguesia e o ensino para o povo, neste período a literatura deixa de ser um jogo verbal para ser caracterizada a busca pelo conhecimento. Instruir era a palavra de ordem do Iluminismo, sendo o pedagogo o educador didático, que poderia transmitir a didática em forma de ciência, sendo que esse período caracterizou-se como a época da razão. Foi nessa sociedade burguesa que se descobre a criança como um ser especial, era uma sociedade que se falava tanto de individualidade, de liberdade e de direito, que a partir desses princípios também a infância teria sua individualidade e seus direitos. Com a ruptura da tradição oral, os burgueses passaram a frequentar espaços para ouvir os contadores, assim se estabelece o hábito de ler individualmente ou para grupos distintos. Apesar de todos os avanços literários, a burguesia era privilegiada, tendo em suas casas livros e acesso à educação, enquanto que as crianças mal nascidas exibiam falta de formação escolar, retratado na sua miséria, como limpadores de chaminés ou faxineiros. Mas, foi Rousseau que reconheceu a individualidade da criança, reconheceu o homem na criança, intensificando que a natureza da criança deve ser respeitada antes de se tornarem adultos.

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