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A CLÍNICA ESTRUTURAL: UMA PERPERCTIVA DAS PSICOSES

Por:   •  10/1/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.373 Palavras (6 Páginas)  •  259 Visualizações

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O presente trabalho tem o intuito de discorrer sobre a psicose na perspectiva da clínica estrutural psicanalítica com base no texto “Freud e a Invenção da Clínica Estrutural” de autoria do professor Marco Antonio Coutinho Jorge.

Na teoria psicanalítica, o conceito de estrutura clínica foi inserido por Lacan a partir da sua leitura e estudos dos textos de Freud. Segundo Lacan, o inconsciente tem estruturas assim como a linguagem. A estrutura de linguagem que define o lugar do sujeito no discurso. Ao pensar nessa lógica, Lacan estabeleceu uma associação das estruturas clínicas com os mecanismos de defesa. Tais mecanismos são: o recalque para a neurose, a renegação para a perversão e a foraclusão para a psicose. (JORGE, 2017)

Nas psicoses, o eu foraclui e isso é implicado à uma negação ao recalcamento. Quando isso ocorre, há um contato com uma demanda que não é conciliável ao sujeito e sua consequência é uma “confusão alucinatória”. A alucinação/delírio é uma defesa a uma ideia incompatível que está enlaçada com o contato com uma experiência sexual traumática.

O delírio é uma tentativa de reconstrução da fantasia na realidade psíquica. Assim, o objetivo é fazer uma nova realidade, mas, que busca a realidade externa. Para Lacan, a psicose não é somente a criação de um mundo imaginário, porque o que está subvertido na psicose é a ordem simbólica que é aquela que forma a realidade. (JORGE, 2017)

O psicanalista Leader (2013), em seu livro “What is madness?”, aborda sua visão sobre a psicose e, tendo vista seu notório saber sobre o assunto, será exposto alguns pontos sobre essa temática. Segundo Leader, delírio tem três funções: tratar do problema do sentido, da libido e do lugar do sujeito em relação ao Outro. É um processo de construção e não de deterioração do sujeito. O que costumava tomar como sintomas da loucura são, na verdade, respostas à loucura. Segundo Freud, o delírio não é um sintoma primário da psicose, mas uma tentativa de curar a si mesmo. Quando se abre um buraco no mundo da pessoa, o delírio oferece um conserto por fornecer significação. Assim sendo, o delírio é um fenômeno positivo, e não negativo, uma tentativa de cura, e não uma patologia em si, mesmo que possa falhar com frequência.

Os delírios tendem a se classificar em dois grupos: as tentativas de encontrar sentido, que são passageiras, e os sistemas mais metódicos, construídos ao longo do tempo, que costumam ser mais sólidos. O neurótico soluciona esse processo de significação em sua passagem pelo complexo edipiano: seus horizontes se estreitam quando ele entra no mundo fálico dos pais. Esse processo cria a grade que chamamos de complexo de Édipo, que consolida os significantes e significados, juntando-os para organizar o mundo. (LEADER, 2013)

Existem três estruturas mentais mutuamente exclusivas – neurose, psicose e perversão – e, dentro das psicoses, outras três: paranoia, esquizofrenia e melancolia.

Para Leader (2013), a metáfora paterna tem objetivo de regular os que estão na neurose, no entanto, na psicose esse processo não ocorre. Resta a cada sujeito psicótico inventar a própria solução para esses problemas e os estilos de respostas podem nos permitir diferenciar e definir as diversas formas que podem ser assumidas pela psicose.

Na paranoia, a pessoa constrói algo, cria um sistema de ideias como resposta a sua vivência de desmoronamento. Envolve a criação de um saber, de um sistema de crenças centrado numa falha ou num perseguidor com alto nível de poder explicativo e que vai além da simples suposição de que está sendo perseguido ou denegrido pelos outros. O esquizofrênico pode acreditar que seus pensamentos e até sentimentos não lhe pertencem, mas que de algum modo foram postos dentro dele, ou são experiências de outra pessoa. Por outro lado, o paranoico vê as forças externas atuando contra ele, não dentro dele, e nunca existe a ideia de que seus pensamentos tenham sido roubados de sua mente ou inseridos nela, a culpa é sempre do outro.

Na melancolia, a culpa é sempre do sujeito. Apesar das argumentações em contrário e até da inocência proferida em juízo, a pessoa acredita com uma convicção delirante que fez algo errado, a significação é fixa. Seja correto ou não o conteúdo de uma ideia delirante, o que importa é a relação que a pessoa tem com ele.

Os sujeitos esquizofrênicos, geralmente, mandam mensagens que se mostram contraditórias e confusas. Há uma espécie de “duplo vínculo”, os sujeitos ficam paralisados entre uma mensagem conflitante. As posições que o sujeito se coloca – atribuir outra mensagem para a que foi recebida, rir ou ignorar - indicariam, respectivamente, as formas paranoide, hebefrênica e catatônica da esquizofrenia. Em contraposição, a dificuldade do sujeito paranoico se encontra no fato de ele não receber mensagens contraditórias. (LEADER, 2013)

         A antiga psiquiatria dava especial importância ao momento em que o paranoico dá nome a seu perseguidor ou ao que ele designa como sendo o Outro. Pois, os paranoicos buscam constantemente dar seu próprio sentido do desejo do Outro, denominando-o. Na esquizofrenia, o sujeito deixa em aberto, tentando apenas atribuir algum sentido. Assim, a significação neste último oscila enquanto na paranoia é quase fixa.

         A falta de instabilidade de significação do sujeito esquizofrênico o faz recorrer à linguagem para tentar compreender o que está havendo consigo ou com o Outro. Geralmente suas queixas no consultório podem evidenciar alguma mudança na qual ele sente a necessidade de que ela seja caracterizada por outros, enquanto que o paranoico sabe exatamente o que está ocorrendo ao ponto de delirar tentando denominá-las.  

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