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A Construção Teórica Da Psicologia Do Trabalho.

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Por:   •  16/9/2014  •  2.666 Palavras (11 Páginas)  •  274 Visualizações

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A construção teórica da Psicologia do Trabalho.

O psiquiatra e psicanalista inglês Wilfred R. Bion, discípulo e admirador da obra de Melanie Klein desenvolveu em sua obra uma teoria sobre a dinâmica de grupos.

Do ponto de vista teórico, suas principais influências são a psicanálise freudiana com destaque para os trabalhos de Freud e seus interlocutores sobre a psicologia das massas; a teoria das três pulsões do Dr. Hadfield (da clínica Tavistock); e as contribuições kleinianas. Do ponto de vista empírico, suas principais fontes são os grupos terapêuticos que desenvolveu em diversas instituições.

O presente trabalho visa apresentar de forma sucinta a pesquisa e as principais conclusões de Bion sobre a psicologia dos grupos, fazendo a seguir uma análise crítica do emprego desta teoria à compreensão dos problemas do mundo do trabalho. Ele indica ao leitor os principais herdeiros de Bion no contexto dos estudos sobre as organizações e a Psicologia do Trabalho.

A Trajetória dos Grupos de Bion

Psiquiatra militar durante a segunda guerra mundial e ex-combatente da primeira guerra, Bion iniciou seus trabalhos com grupos na ala de reabilitação de militares do Hospital Northfield (durante a segunda guerra mundial) e, depois, estudou inúmeros grupos terapêuticos na Clínica Tavistock e em seu consultório.

Bléandonu (1993) identifica a evolução da obra de Bion a partir de seus interesses centrais. Ele a divide em períodos: o período grupal, o período psicótico, o período epistemológico e o último período.

O Grupo de Northfield

Bion foi designado como psiquiatra para a ala de reabilitação do Hospital Northfield, durante a segunda guerra mundial. Neste pavilhão ele contava com pacientes que já haviam passado pelo pavilhão de tratamento e, sua função original era apenas de supervisão.

Ele iniciou seu trabalho rompendo com a função e o papel que desempenhava, baixando regulamentos para os internos que seguiam as seguintes diretrizes:

a) Haveria uma hora diária de treinamento físico;

b) Os internos se organizariam em um ou mais grupos de atividades determinadas;

c) Novos grupos poderiam ser formados mediante o interesse dos internos;

d) Os internos que se considerassem incapazes iriam para a sala de repouso, onde haveria leitura, escrita, jogos de damas e conversas em voz baixa para não perturbarem os demais;

e) Haveria uma formatura de 30 minutos às 12:10 horas onde Bion esperava que os pacientes pudessem se tornar expectadores do que estava acontecendo.

Bion adotou a postura de evitar resolver os conflitos que começassem a surgir e a de evitar interferir até que os reclamantes tivessem amadurecido os problemas e suas soluções. Ele também fazia uma "ronda" pelos grupos formados e passou a convidar membros dos grupos a acompanhá-lo, como uma estratégia de disseminar o conhecimento sobre o que estava se passando, por todos.

A experiência de Northfield foi muito bem avaliada pelo seu autor. Criou-se um grupo de limpeza (que ele avaliava como uma manifestação neurótica) e um grupo de dança (que ele entendeu estar associado a uma sensação de inferioridade com relação às mulheres). Ele afirmava que após um mês, os grupos funcionavam bem fora da hora da formatura; houve apenas um afastamento sem permissão e os pacientes com alta médica de tratamento mostravam-se ansiosos por participar da ala de reabilitação. Ele considera que se havia restaurado o "esprit de corps"2 que era percebido quando, por exemplo, os militares ficavam corretamente em posição de sentido ante a entrada dos oficiais nas reuniões de 12:10 horas.

Os Grupos Terapêuticos

A leitura de Bion (1975) e Bléandonu (1993) nos permitiu identificar os seguintes grupos terapêuticos estudados pelo psicanalista inglês: um grupo de diretores de empresas na clínica Tavistock, um grupo de analistas que haviam trabalhado com grupos em consultório particular, um grupo composto por terapeutas da clínica Tavistock e, posteriormente, grupos de pacientes psiquiátricos, em 1948.

No grupo terapêutico, Bion não estabelecia nenhuma regra de procedimento e não adiantava qualquer agenda. Ele procurava convencer "grupos de doentes a aceitar como tarefa o estudo de suas tensões".

Como, aparentemente, o grupo não tinha nada a fazer, tinha tempo para observar um fenômeno análogo ao da associação livre. Os participantes se voltavam a ele esperando que ele fizesse alguma coisa. Baseado na psicanálise, Bion enfrentava esta espera com uma interpretação. Transformado no centro do grupo, ele comunicava aos outros participantes o que sentia na situação. (Bléandonu, 1993, p. 75)

Ele se expressava em uma linguagem clara e direta, fazendo-se compreender por todos os membros do grupo. Eric Trist (citado por Bléandonu, 1993) afirma que suas intervenções eram raras e concisas e poder-se-ia guardá-las na memória, porque ele esperava um volume de evidências razoável antes de fazê-las. Se um membro do grupo as fizesse, ele se abstinha de fazê-la.

Destes grupos Bion retirou o material empírico para constituir a sua teoria de funcionamento dos grupos.

A Teoria de Funcionamento dos Grupos

A teoria dos grupos de Bion parte de uma distinção inicial. Existe o que o psicanalista inglês denominou de grupo de trabalho ou grupo refinado e os grupos de base, ou mentalidade grupal ou ainda grupos de pressupostos básicos.

Grupo de Trabalho

Por grupo de trabalho entende-se a reunião de pessoas para a realização de uma tarefa específica, onde se consegue manter um nível refinado de comportamento distinguido pela cooperação. Cada um dos membros contribui com o grupo de acordo com suas capacidades individuais, e neste caso, consegue-se um bom espírito de grupo. Por espírito de grupo, Bion (1975, p. 18) entende que se trata de:

- A existência de um propósito comum;

-

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