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A História da criação da teoria psicanalítica

Por:   •  12/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  4.911 Palavras (20 Páginas)  •  164 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é sobre a história da criação da teoria psicanalítica, mais concretamente sobre os filósofos e teóricos antecedentes a Sigmund Freud, que questionavam a existência do inconsciente e utilizavam a hipnose para conhecer a natureza humana. Também será explicitada o caminho de Freud, até se tornar médico neurologista e o caminho para o desenvolvimento de sua própria teoria dentro do exercício da profissão.

Sendo objetivo mostrar a trajetória da descoberta do inconsciente humano relacionado aos conteúdos e conflitos reprimidos e de como Sigmund Freud o iluminou, da transição do paradigma médico de descoberta da causa dos sintomas e os avanços da sua teoria da sexualidade, que evidencia o desenvolvimento psicossexual desde a infância, a partir das diversas situações que vivenciou nesse processo.

A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica, realizando uma síntese do filme “Freud Além da Alma” e o capítulo do livro “O livro de Ouro da Psicanálise” destinado a Freud, com a proposta de realizar um contraponto entre estas duas referências, que apresentam informações complementares.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1. Antecedentes

É certo que Freud, através do uso da hipnose, foi o pioneiro no estudo e aprofundamento das neuroses e do inconsciente humano que propiciará, mais além, o surgimento da Psicanálise com seu método de cura pela palavra. Porém, deve-se atentar ao fato de que há uma continuidade no curso da história com seus precursores de uma determinada ideia, nesse caso, a loucura e seu caminho para a cura.

No capítulo “As origens da cura pela psicanálise”, Manuel da Costa Pinto apresenta vários precedentes, sendo o médico Franz Anton Mesmer (1734-1815) um dos mais pertinentes devido seu pioneirismo na hipnose. Mesmer, em 1766, partiu da teoria da gravitação universal de Newton e Kepler, do século XVII, que marca o inicio da ideia que o mundo e o homem não são mais reflexos de Deus, devendo se apropriar das próprias explicações das causalidades de si e do mundo e trazendo as patologias ao âmbito humano. Mesmer acreditava que a atração universal que ocorre entre os corpos celestes tem a mesma influência sobre o corpo e alma humana, influência esta denominada pelo médico de “magnetismo animal”. Segundo ele, os seres vivos possuem um “fluido universal” carregado de energia que pode ser transmitido de uma pessoa à outra através de um ímã (que representa a forma do órgão deficiente), assim, o processo terapêutico se dá na estimulação e “livre circulação” do fluido bloqueado neste órgão doente. Durante esses tratamentos, os pacientes entravam em estado de transe (ou “sonambulismo artificial”), mas que continuavam com uma fala coerente, e voltavam à realidade se sentindo melhores.

Um aprendiz de Mesmer, o marquês de Puységur (1751-1825), vai além e propõe que o paciente guie as sessões em estado de sonambulismo, sendo que o magnetizador apenas o conduz ao seu autoconhecimento, antecedendo, assim, a psicanálise de Breuer e Freud. Além disso, segundo Puységur “o magnetismo animal não apenas cura a doença: ele provoca as doenças das quais possuímos o germe, e por esse caminho cura-as sem seu próprio princípio” (apud. Pinto, 2007), nos remetendo ao futuro método catártico proposto por Breuer, em que reviver o trauma fazia o sintoma sumir.

Joseph Deleuze (1753-1853), aluno de Puységur, propõe o modelo de magnetizador-espelho e traz à prática organização e cautela. Para ele, doenças graves tem origem, muitas vezes, em sofrimentos, dores e sentimentos ocultos e estabelece certa objetividade no processo de sonambulismo para não prejudicar o paciente. Além do mais, lembra o hipnotizador do seu papel de espelho, ou seja, deve-se tomar cuidado em não ser afetado nocivamente pelos sintomas do paciente. Observa-se, também, a importância que Deleuze dava ao efeito tranquilizante do toque, da “pele com pele” que revela a dependência do sonâmbulo (que se ausenta do mundo) com o hipnotizador. Josef Breuer e Freud utilizarão o toque nas situações de resistência do paciente: colocam a mão na testa deste e afirmam que ele pensa em algo (Pinto, 2007, pg. 23).

Outro precursor importante da psicanálise foi o abade Faria (1756-1819) que critica os métodos de Mesmer e propõe uma análise sobre a influência sugestiva da palavra do terapeuta, inaugurando, assim, a psicoterapia verbal.

Destaca-se, também, o médico Liébeault (1823-1904), que dá ênfase na influência do hipnotizador no hipnotizado, sendo que este está sempre pensando daquele. Assim como Deleuze, valoriza o toque no processo terapêutico. Sua grande influência à Freud se dá em sua concepção do sono/sonho: para Liébeault, o sono “abriga uma inteligência, um pensamento que pode ultrapassar o pensamento da vigília”, investindo nos pensamentos latentes (Freud apud. Pinto, 2007) e, tudo que está no sono, no pensamento e na inteligência, já passou pela percepção e pelos sentidos, além do determinismo das experiências passadas.

Por último, mas não menos importante, o texto traz Joseph Delboeuf (1831-1896), que diz que esquecer não prova que se apagaram traços das experiências e que um sonho constituído de elementos da realidade pode ser lembrado se possui uma relação com esta.

2.2. Diálogos possíveis entre “Freud: Além da Alma” e “O livro de Ouro da Psicanálise”

“Freud: Além da Alma” (1962) se inicia com uma questão interessante de três grandes revoluções de pensamento acerca do homem: o heliocentrismo, a teoria da evolução de Darwin e o inconsciente regendo a vida do homem.

O filme começa a partir de 1885 no serviço de psiquiatria de Theodor Meynert no Hospital Geral de Viena, mostrando a vivência do início da carreira de Sigmund Freud como médico neurologista, o qual, neste período, publica seus últimos artigos de histologia. No livro, Manuel da Costa Pinto ressalta que neste período Freud estudava o bulbo raquidiano e publica seus últimos trabalhos de histologia.

O longa-metragem tem um enfoque inicial na contradição que Sigmund Freud possuía com a visão médica vigente (que privilegia apenas a experiência fisiológica) e isto é visualizado quando aceita uma paciente com histeria (com os sintomas de paralisia na perna e cegueira), mesmo quando o professor Meynert não tolera esse tipo de caso no departamento por acreditar que a natureza da histeria seria de fingimento, mentira e fuga da realidade, sem um possível tratamento, já que se trata de fenômenos mentais que desafiam a ciência

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