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A INVENÇÃO DE SI E DO MUNDO

Por:   •  16/4/2022  •  Resenha  •  1.173 Palavras (5 Páginas)  •  100 Visualizações

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APRENDIZAGEM E INTERVENÇÃO

                              HUGO ROBERTO MORAES GUIMARÃES

                                                         RESENHA CRÍTICA

         

Cariacica - ES

2022

A VERDADE ANALÍTICA E A ONTOLOGIA DO PRESENTE NO PROCESSO COGNITIVO DO SUJEITO

A obra de Virgínia Kastrup que traz como um dos temas centrais a inexistência de uma psicologia da invenção no campo dos estudos cognitivos, terá como base a resenha crítica aqui inserida. Aprofundaremos o que fora escrito na introdução de sua obra “A invenção de si e do mundo”, estendendose e focando no seu primeiro capítulo, intitulado: “A bifurcação da modernidade e a situação da psicologia cognitiva”, (KASTRUP, Virgínia. 2007). Kastrup inicia sua obra fazendo a afirmação da inexistência de uma psicologia da invenção no campo psicológico da cognição. Tal afirmação baseia-se em um compilado de estudos, sobretudo filosóficos, de diversos autores. A autora ainda vai trazer a filosofia da ontologia do presente como base para tentar preencher essa lacuna obscura da origem da invenção. Vale ressaltar aqui a diferenciação entre o que autora tenta explicar como “invenção” e o que a psicologia cognitiva denomina de “criatividade”, sendo esta última algo que pode ser mensurado e possui certa limitação se comparada com a invenção, (explicação mais adiante). Durante a leitura do primeiro capítulo, Kastrup vai apontar ao pensamento pós-Kantiano, as duas vertentes filosóficas divergentes, que são base de sua obra, a analítica da verdade e a ontologia do presente. É exatamente aqui, que vão repousar as ideias debatidas nesta resenha. Compreende-se como analítica da verdade toda forma e condição de conhecimento que possa vir a ser mensurado e comprovado, algo como Auguste Comte e sua ideia sociológica positivista vão dizer que: “Só a ciência possui conhecimentos verdadeiros”, (COMTE, Auguste. 1822). Sob essa máxima que a psicologia cognitiva vai atuar. A busca para compreensão do comportamento dos sujeitos a uma condição invariável de leis. De uma forma genérica para explicar; A psicologia cognitiva irá refutar todos os aspectos intrínsecos dos sujeitos, o que vai contra outras vertentes psicológicas como a psicanálise Freudiana por exemplo. A psicologia cognitiva e sua sub vertente a TCC, vão surgir através de uma pesquisa científica do Behaviorismo, destacam-se os autores: Aaron Beck, Albert Ellis e George Kelly. Destaca-se também como um dos principais representantes dessa teoria, Jean Piaget 3 (PIAGET, Jean. 1976) e sua contribuição com a teoria do desenvolvimento mental humano. Seu estudo mais importante é denominada de “os seis estágios do desenvolvimento” e estão inseridas no livro “Seis Estudos da Psicologia” (PIAGET, Jean. 1985). Como o foco da resenha não é uma explicação aprofundada sobre essa ciência, fica aqui apenas a citação dessas obras. O que esse e diversos outros autores da vertente cognitiva afirmam é que o comportamento do sujeito e sua interação com o meio são um processo mecanizado e deveras estruturado. A título de exemplo, cito o autor Hilary Putnam e sua “Teoria Computacional da Mente” (PUTNAM, Hilary, Razão, Verdade e História. 1992, pp.28-29), onde o mesmo afirma que embora o cérebro e um computador sejam diferentes em sua forma física, em relação aos seus respectivos funcionamentos, a uma similaridade importante. A mente nada mais é que um supercomputador, capaz de processar, armazenar, codificar e reproduzir tudo aquilo em que o sujeito está envolto, trabalhando assim como uma espécie de algoritmo complexo. Logo, a invenção é um termo que não se encaixa de forma adequada nessa filosofia, sendo a criatividade seu representante imediato. Já a vertente filosófica que trata sobre a ontologia do presente, sobretudo sob a perspectiva de Henri Bergson, vai introduzir o conceito da invenção de problemas como uma espécie de ponto chave para romper os limites da ciência, sobretudo no campo cognitivo. Antes de prosseguirmos, vale a pena destacar o conceito de metafísica segundo a filosofia. Segundo Kant: “É todo um conjunto de leis constitutivas da razão para além de qualquer elemento do mundo sensível ou prático” (KANT, Immanuel. 1785). A ontologia do presente é uma crítica direta a todas as leis invariáveis e isso inclui tudo aquilo que rege o campo da ciência e até mesmo da metafísica. Vai afirmar que a transformação do conhecimento vai se dar através do tempo presente. Bergson vai trazer um novo conceito que servirá de base para essa construção de problemas e por assim transcender aos limites da ciência, o surgimento da “intuição” definido da seguinte forma segundo próprio Bergson: “Uma faculdade e um modo de conhecimento que se opõe a inteligência e que não cabe a interpretação metodológica” (BERGSON, Henri. 1922). Logo, para Bergson a intuição e a inteligência divergem entre si, sendo que a inteligência está ligada diretamente a ciência das categorias invariáveis 4 e que não podem ser ultrapassadas. A intuição está para algo que é compreendido de forma direta e absoluta, cuja experimentação vai se dar como uma realidade metafísica. Bergson também vai introduzir um importante conceito ao termo “duração” tentando redefinir tempo, espaço e causalidade. "A duração é o progresso contínuo do presente que rói o futuro e aumenta avançando." (WORMS, Frederic. 2000). O filósofo explica que esse tempo vivido no presente é indivisível e que também não pode ser mensurado pela ciência devido suas propriedades qualitativas. É uma oposição direta ao tempo físico. De uma forma bastante resumida ao que o capítulo estudado aborda, as contribuições filosóficas de Bergson e outros autores nesse campo ontológico do presente, tem por objetivo, apontar que a transposição dos limites impostos pela ciência “tradicional e experimentativa”, se dará pela constante transformação e ressignificação do sujeito para com o meio. A invenção de novos problemas em face das questões discutidas da ciência absoluta de Kant. Bergson vai propor que para atingir tais metas, é necessária uma ajuda mútua entre a filosofia e a ciência. Mais do que encontrar soluções para problemas existentes pela ciência moderna, inventar novos problemas. Para concluirmos a diferenciação de Bergson para demais autores da ciência absoluta e palpável e consequentemente da psicologia cognitiva, Bergson tenta propor um modelo oposto ao do conhecer e transformar, propõe, uma transformação constante, uma ideia de evolução como processo de criação. O que Bergson tenta propor com sua filosofia é uma antítese ao modelo tradicional da ciência e da psicologia cognitiva. Para estas, é bastante improvável uma adequação a sua forma de pensar com o modelo tradicionalista cientifico. A espiritualidade de Bergson sobre a intuição e suas experiencias imediatas, sobre essa ideia de duração do tempo e as transformações continuas do sujeito, não podem ser mensuradas pela ciência tradicional, restringindo-a ao campo filosófico. Não podemos afirmar também, que uma filosofia é superior a outra. São apenas divergentes.

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