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A Psicologia Social

Por:   •  20/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.602 Palavras (7 Páginas)  •  112 Visualizações

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A psicologia durante muito tempo se pautou em princípios individualistas e elitistas norte-americanos, esse estilo tradicional se tornou inviável diante do contexto socioeconômico brasileiro, desta forma, surgiu a Psicologia Comunitária que trouxe a possibilidade do psicólogo atuar em novos cenários que não o clínico, entre eles podemos citar as instituições públicas que realizam trabalhos de atendimento à comunidade com o objetivo de promover a saúde e o bem estar social.

Podemos observar esse fenômeno com clareza quando a entrevistada diz “Eu entrei na psicologia não querendo clinicar [...] O que é muito difícil por que a gente é formado para clinicar”, é notável que a ciência psicológica ainda carrega uma parte da visão da hegemonia clínica, segundo Senra e Guzzo (2012) No Brasil esta ciência tinha a imagem de um profissional liberal com foco no indivíduo fora do seu contexto social. Logo em seguida a entrevistada deixa claro que pensava desta forma devido a sua formação “Tive dificuldade na faculdade por que eram poucas as possibilidades de me aprofundar.” Atualmente o curso oferece um viés bem mais abrangente em relação a possibilidades de aprofundamento, a criação de políticas públicas voltadas para a sociedade em geral é um grande facilitador destas possibilidades. Atualmente a presença de psicólogos comunitários tem crescido nos espaços públicos e nas organizações não governamentais. E estes números só vem aumentando depois da implementação do SUAS. (Senra e Guzzo, 2012)

A Psicóloga também expõe que “A gente não faz atendimento psicológico aqui, não é terapêutico” sustentando o que foi dito acima em relação ao modelo tradicional da psicologia que é descartado nesse contexto coletivo, pois, ao invés do individualismo, foca-se no individuo dentro dessa comunidade, pertencente a esse meio social, e como ambos se influenciam mutuamente.

O artigo Psicologia Comunitária e Política de Assistência social aborda à respeito do trabalho do Psicólogo Comunitário dentro da área de assistência social, mais precisamente, na realização da proposta de proteção social básica.

A Proteção Social Básica é o conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social estruturados para prevenir situações de vulnerabilidade e risco social, buscando a inserção de famílias e indivíduos na rede socioassistencial e em outras políticas setoriais, visando ao fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a superação dessas situações. (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, Proteção Social Básica)

Segundo a Psicóloga “Muitos procuram, não vem procurar a psicologia, vem procurar o serviço, para as questões de acesso a ... a benefícios assistenciais, né. Então a gente tem uma demanda grande de benefícios assistenciais [...] Questão de segurança alimentar, ganhar cesta básica né.”

Quando questionamos sobre seu dia a dia na instituição Marcela respondeu “Então a gente faz essa acolhida, essa primeira acolhida, essa acolhida particularizada, para entender um pouquinho qual a demanda dessa família [...] Se é uma demanda que vai ficar aqui, a gente faz essa escuta, entende (silêncio). A família vai embora, a gente faz um... estuda um pouquinho o caso, a família retorna e a gente faz um plano de acompanhamento com essa família [...] a gente faz visita domiciliar em alguns casos” tornando evidente a presença do diálogo entre psicólogo e comunidade para que esse conheça a realidade em que as pessoas estão inseridas e as queixas que trazem, e , partindo disso, apanhar soluções junto à ela para transformar essas situações problemas, aplicando políticas de proteção social.

“A práxis psicológica apresentada pode se orientar pelos seguintes eixos: familiarização com o contexto comunitário, identificação conjunta de necessidades e potencialidades, elaboração de perspectivas de ação e trabalho coletivo pautado na avaliação processual e na sustentabilidade das ações (Montero, 2006). Para tanto, utiliza aportes participativos, como a observação-participante (Góis, 1994; Montero, 2006), a pesquisa-participante e a ação-participante (Góis, 1994), bem como o acompanhamento de grupos comunitários (Góis, 1994; Montero, 2006). Esse aporte metodológico da Psicologia comunitária pode contribuir com a pretensão do CRAS de “realizar trabalhos com grupos de famílias ou seus representantes, fortalecendo a socialização e a definição de projetos coletivos” (Brasil, 2005b, p. 18, apud Y, XIMENES, V; COLARES DE PAULA, L; BARROS. Psicologia Comunitária e Política de Assistência Social: Diálogos sobre atuações em comunidades, 2009, p.9).”

A psicóloga nos informou que “O carro chefe do CRAS são ações comunitárias”, sendo grupos e oficinas realizadas no próprio local. A criação de vínculos entre os membros da comunidade e a construção de planos de ação a partir de necessidades específicas e expectativas do grupo para o futuro, são de extrema importância para alavancar o desenvolvimento dos participantes por meio da cooperação e do diálogo.

Assim, no desenvolvimento das ações da Proteção Social Básica, o profissional de Psicologia pode utilizar algumas estratégias a fim de conhecer a vida e a dinâmica das famílias e do seu contexto e de estabelecer vínculos imprescindíveis com estes. Cotidianamente, tais estratégias envolvem, por exemplo, a realização de entrevistas individuais e/ou coletivas (Montero, 2006), visitas domiciliares (Barros, 2007), participação em atividades da comunidade, registros de acontecimentos e/ou episódios significativos em diários de campo (Freitas, 1998; Montero, 2006), conhecimento sobre a história do lugar através de conversas informais com moradores, de contatos com lideranças formais e informais e do levantamento de documentos e de outras produções locais (Góis, 1994, 2005) e acompanhamento de grupos (Lane, 2003; Montero, 2004, 2006), entre outras.

A respeito da promoção da autonomia a entrevistada relatou que trabalha com o fortalecimento do sujeito para que ele consiga resolver as questões objetivas alcançando assim autonomia e protagonismo, objetivo de todo trabalho desde a acolhida até as oficinas. Em certo momento declarou que “[...] O principal foco de todos os grupos é a questão do protagonismo e autonomia dessas famílias, né? Só que pra isso a gente… é… conta com uma rede né, a gente sozinho não é muita coisa, a gente só é parte dessa rede e não necessariamente a gente consegue garantir né, que essa família de fato fique dentro dessa rede de proteção, então a autonomia dela depende disso, de alguns atendimentos, depende de acesso a alguns serviços que não necessariamente ela tem [...] não é responsabilidade da família, nem responsabilidade do profissional, é responsabilidade de um todo que vai além dos nossos planejamentos estratégicos .”

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