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A Psicoterapia Humanista Fenomenológica Existencial

Por:   •  27/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.397 Palavras (10 Páginas)  •  403 Visualizações

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Faculdade Uninassau

Disciplina: Psicoterapia Humanista Fenomenológica existencial

Profª Mª Priscila Albuquerque

Aluna: Luciane Guimarães Castelo Branco

Fichamento Textual

Referência: LIMA, Beatriz F. Alguns Apontamentos sobre a Origem das Psicoterapias Fenomenológico-Existenciais. 2008. Revista da Abordagem Gestáltica – XIV (1): 28-38.p    

  • A psicologia foi desenvolvida durante sua história fundamentada em correntes de pensamento e teorias filosóficas.
  • Uma nova forma de se trabalhar e conhecer o ser humano foi introduzida pela Fenomenologia, o Existencialismo e o Humanismo.
  • A Fenomenologia de Husserl foi uma das maiores contribuições de embasamento filosófico para a Psicologia, mais precisamente para as psicoterapias com base Fenomenológico-existencial.  
  • Husserl argumenta que o estudo experimental denota a essência de forma disfarçada, mas que, no entanto, o papel da psicologia seria revelar e compreendê-la, só sendo possível por meio da remoção de preconceitos advindos do naturalismo que fundamenta o experimentalismo.
  • O século XVII, anterior a Husserl, foi marcado pelos efeitos racionalistas de Descartes, onde neste período predominava o Mecanicismo, doutrina filosófica, que concebia a natureza como uma máquina.
  • Ainda no século XVII, neste período a intersubjetividade das ações humanas não era reconhecida.
  • Em meados do século XIX, o atomismo e o pensamento mecanicista foram destaque em estudos humanos. Nesse sentido, a medida que a ciência foi se desenvolvendo e avançando na percepção de mundo, novas matrizes despontavam.
  • A matriz funcionalista, por exemplo, trouxe uma representação sistemática com relação a apreensão do mundo, considerando as inter-relações disciplinares e as ações humanas.
  • Novos conceitos são produzidos assim como vários questionamentos emergindo, no caso do positivismo que foi questionado devido a incapacidade de existir um sujeito completamente livre de sua subjetividade.
  • Franz Brentano introduz seus estudos acerca do ato fazendo com que uma nova fase cientifica suscitasse naquele momento, argumentando que a realidade está na consciência individual, na forma como cada um vivencia o mundo, como se vê, sente, toca, ouve e percebe.
  • No final do século XIX, na Alemanha contemporânea, Edmund Husserl (1883-1969) estabelece o movimento conhecido como Fenomenologia.
  • Para Husserl, a Fenomenologia nada mais seria que o detalhamento dos fenômenos como eles são, na intencionalidade da consciência, afastando assim o elementarismo, o naturalismo.
  • Husserl e Brentano partilhavam da mesma ideia de conceber a intencionalidade do ato. Para Husserl a intencionalidade propiciaria investigar às coisas mesmas, ou seja, ao fenômeno. Husserl daria a origem ao método de acesso ao fenômeno: a “redução fenomenológica” expressão que se constitui em suspender todo preconceito, valores e teorias científicas pré-existentes.
  • O método fenomenológico abriria a possibilidade de “suspendermos” nossos valores indo de encontro a verdade, ao fenômeno.
  • Husserl em 1913 publica a apresentação da redução transcendental, uma nova forma de concepção da fenomenologia, onde a mesma promove uma total redução dos próprios valores, prejuízos e crenças, onde o homem é o autor de tudo.
  • O teórico Merleau-Ponty questiona a ideia de redução completa e introduz ideias da fenomenologia existencialista, pois, de acordo com sua visão ninguém está livre de seus valores e crenças, e a consciência é composta por intercorrências do mundo assim a fenomenologia existencial se constituiria na relação “homem-mundo” (consciência-objeto).
  • Com o surgimento da Fenomenologia existencial, o homem é percebido como real em sua existência (com suas crenças e valores) sendo que a consciência é influenciada pelo mundo que o cerca (em incessante mudança) não sendo algo por si só.
  • Para Husserl no Existencialismo, a consciência era pura e a redução fenomenológica seria algo dentro do possível, porém, para a Fenomenologia existencial, a suspensão não seria possível tampouco não levar em conta valores e preconceitos, haja vista, Merleau-Ponty afirma que a consciência seria estabelecida por intercorrências continuas do mundo, numa correlação intersubjetiva em incessante indefinição.
  • O Existencialismo emerge como corrente filosófica onde se tem uma visão de homem como ser-no-mundo. O homem se torna valorizado, constituído de sua própria subjetividade, liberdade e responsabilidade por suas escolhas.
  • Principais pensadores existencialistas são: Sören Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger e Jean Paul Sartre. Cita-se também, Buber e Binswanger que também contribuíram com suas ideias e pensamentos existencialistas.
  • Considera-se por estudiosos que Kierkegaard (1813-1855) foi pioneiro do Existencialismo, onde se fala da busca pela existência autêntica, ou seja, para este pensador todo conhecimento deve-se ligar à existência, à subjetividade, e de maneira alguma ao abstrato, ao racional.
  • Kierkegaard expõe seu pensamento sobre estágios da existência humana, sendo eles: O estético (voltado para o prazer) o ético (onde se concilia paixão e razão, readequando-se ao social) e o espiritual (onde se dá o encontro com a espiritualidade para se alcançar a existência humana) o pensador buscava encontrar uma explicação para a sua existência.
  • No estágio estético o homem estará em busca de um sentido para sua existência vazia. Ao se deparar com frustrações e descontente com esse buscar, o homem cai no desespero. O desespero inconsciente de ter um eu.
  • Para Kierkegaard (1979) o ato de desespero seria um ponto alto da angústia, mas que, no entanto, não seria exatamente uma desvantagem para o homem, estar em angústia seria uma possibilidade de cura, nesse sentido, o desespero seria proveitoso e ao mesmo tempo uma imperfeição, estabelecendo dessa forma uma dialética.
  • Kierkegaard afirma que não seria possível encontrar realização existencial absoluta no estágio Ético. Neste estágio o ser humano demonstra-se consciente de tornar-se responsável, e ao mesmo tempo se torna consciente do peso universal, da necessidade de tomar para si a forma de existência que a coletividade lhe é imposta, haja vista ele seja subserviente à lei em toda a sua generalidade.
  • É somente no estágio Espiritual que o homem se encontra com seu existir completo. (Apud PENHA, 2001, p.19). “Deus torna-se a regra do indivíduo, a única fonte capaz de realizá-lo plenamente”.
  • Nietzsche (1844-1900) expressou pensamentos conforme os de Kierkegaard. Onde se expõe o fato de que ciência afasta o indivíduo de si mesmo, de maneira que a vida poderia não ser apenas um acidente desprovido de algum significado, nesse caso, para ele Deus estaria morto e o homem seria um super-homem.
  • Nietzsche sugere promover a “vontade de poder” como maior propósito da vida humana, ou seja, uma capacidade de realização. Nesse sentido, o indivíduo se afirma em seus próprios direitos, efetivando suas próprias potencialidades. O que seria se auto realizar.
  • Heidegger (1889-1976) acredita que anterior a consciência há o próprio homem: isto é, Dasein (ser-no-mundo). (Apud SPANOUDIS, 1981. p.16) “o mundo, no qual o ser humano existe, é anterior ao mundo espacial, topográfico, interior”. O existir enquanto totalidade se anteverá a qualquer separação entre eu e o mundo.
  • Para Heidegger, “enquanto ser-para-a-morte”, o ser humano é um transcendente, o morrer não seria apenas um dado, mas sim algo natural passível existencialmente de ser entendimento num ponto de vista preferencial, haja vista ser delimitado mais perto.
  • Heidegger colaborou com o Existencialismo ao desfazer ideias do homem como objeto e algo material pertencente à natureza.
  • Martin Buber com seu conhecimento desempenhou um papel bastante relevante no começo do século XX, evidenciando atitudes de grande entendimento à liberdade interior e fé no humano.
  • Buber trará dois posicionamentos que o indivíduo pode ter perante o mundo, representados pelo EU-TU, onde se dará uma total incorporação ao mundo, sensação de vida árdua do homem no mundo.
  • (APUD BUBER, 2003, p. 6) “O mundo como experiência diz respeito à palavra-princípio EU-ISSO. A palavra princípio EU-TU fundamenta o mundo da relação”
  • Para Buber, o homem nasce num encontro sendo no vínculo EU-TU que cada ser se estabelece como ser singular e um ser de relação, dessa forma, atenua a relevância da escuta, assim como do olhar e da disponibilidade para com o outro, consequentemente o que influenciará mais adiante as psicoterapias fenomenológico-existenciais.
  • Psicoterapeutas como Ludwig Binswanger e Medard Boss, nos trazem muitas contribuições ao Existencialismo assim como para as psicoterapias Fenomenológico-existenciais. Segundo eles, é de muita importância para o ser humano, ter a possibilidade de viver situações e partilhar a vida com as outras pessoas, exercendo dessa forma, a habilidade de amar e ser amado.
  • Um outro grande pensador não poderia deixar de ser mencionado devidamente sua grande importância, Sartre teve destaque por exercer influência no Existencialismo e assim como também colaborou com o humanismo, evidenciando sua maneira de compreender o homem. De acordo com Sartre, o Existencialismo é Humanismo.
  • Para Sartre, (APUD NOGARE 1981, p. 151). “O homem está constantemente se projetando para fora de si mesmo, construindo-se, realizando-se no mundo”. Seria para Sartre um Humanismo Existencial.
  • Para Sartre, o ser humano é capaz de se reinventar, constituindo seu legado em comum acordo a suas escolhas e a direção a qual seguir. Ele fala também em liberdade, responsabilidade, assim como da capacidade de escolha e da angustia que tudo isso possa ocasionar, além de os indivíduos estarem sujeitos a serem livre e totalmente responsáveis por suas ações.
  • (APUD PENHA, 2001, p. 46) essa concepção existencialista do homem vai fazer com que cada um construa a sua própria definição de homem, cada um passa a ser aquilo que ele faz dele mesmo. “É a escolha que faz entre as alternativas com que se defronta que constitui sua essência”
  • Para a corrente existencialista o homem nada mais é do que um ser provido de liberdade, e essa liberdade verdadeira o faz completamente responsável por suas escolhas, além de também ser uma escolha para além de si, isto é, seria uma escolha para todos os homens, e nessa perspectiva de liberdade de escolha, da responsabilidade tomada para si sobre suas ações e da humanidade toda, a angustia irá surgir.
  • Diante da valorização da existência humana como acima de tudo, aparece o pensamento humanista, pensamento no qual o homem é um ser com capacidade de se perceber e refletir sobre si, ou seja, sobre sua existência.
  • O humanismo, realmente desponta a partir do auge do Cristianismo e as novas percepções que a corrente renascentista a qual foi promovendo ao homem na arte, na religião bem como na literatura. Este movimento visa uma recuperação dos valores humanos deixados de lado, reedificando um novo ponto central enquanto ser concreto, singular repleto de valores e potencialidades.
  • Vale destacar importantes pensadores humanistas dentre eles: os psicólogos americanos Carl Rogers (1902-1987) e Abraham Maslow (1908-1970), os quais colaboraram grandemente com seus aportes teóricos, fundamentalmente com suas crenças no potencial humano de crescimento e atualização.
  • Para Rogers, os indivíduos são constituídos internamente de recursos capazes de realizar a auto compreensão, alterando seus auto-conceitos, suas atitudes e comportamentos.
  • Tendência atualizante conceitua-se na visão de Rogers como uma expressão importante na Psicologia humanista. Ela se refere ao que o sujeito percebe como valorizador e enriquecedor. Porém esses conceitos somente serão colocados em prática se houver um clima facilitador.
  • Para Rogers, os indivíduos compõem-se de capacidade para crescer, promovendo mudança e desenvolvimento pessoal. (APUD ROGERS, 1994, p. 39) “O ser humano tem a capacidade, latente ou manifesta, de compreender-se a si mesmo e de resolver seus problemas de modo suficiente para alcançar satisfação e eficácia necessárias ao funcionamento adequado”.
  • Maslow acredita que o homem está em busca constante de suprir suas necessidades, sendo direcionado a uma auto-realização
  • O Humanismo enfatiza como valorizador a perspectiva das relações, a existência da humanidade onde a mesma se dá através do ambiente interpessoal. Essa nova perspectiva conduz em especial os valores de respeito, igualdade que buscam promover um encontro autêntico terapeuta-cliente.
  • Na psicoterapia, o humanismo manifesta-se enquanto postura e atitude, ou seja, é traduzido na experiência vivida no aqui agora, haja vista, somente no viver atual, interagindo com o outro, é que se dará o conhecimento e o alcance a significação da experiência vivida.
  • Vários psicoterapeutas foram envolvidos por conceitos advindos do movimento fenomenológico existencial bem como pelos valores trazidos pelo humanismo, como consequência disso surgem novas maneiras de relações terapeuta-cliente, originando dessa forma, às psicoterapias fenomenológico-existenciais também chamadas psicoterapias humanista-existenciais ou existencial humanistas.
  • No que se refere a perspectiva fenomenológico-existencial, cita-se as principais e mais conhecidas abordagens terapêuticas, sendo elas: Abordagem Centrada na Pessoa, Gestalt Terapia e Logoterapia, ambas com representação do homem como ser consciente, autônomo, afetivo e envolto as suas emoções, sentimentos, sonhos, anseios, crises e desejos.
  • Ressalta-se que na relação terapêutica, o cliente é visto como um alguém que detém a capacidade em ampliar sua consciência e poder de decisão no direcionamento de sua vida.
  • O terapeuta fenomenológico-existencial, tenta não somente conceber melhor a pessoa do cliente, mas também direcioná-lo a uma auto compreensão que o possibilite reestruturar seu futuro, de maneira a aceitar a responsabilidade associada a liberdade de se orientar a própria vida, ou seja, encontrar um sentido para sua vida.
  • É desenvolvida uma atitude dialógica aliada a uma posição de aceitação para com a pessoa na relação terapêutica, ou seja, o encontro autêntico (EU-TU).
  • (APUD LESSA & SÀ, 2006, p. 395) “A perspectiva existencial valoriza o encontro no aqui-agora, onde o outro comparece com sua alteridade própria, afetando e sendo afetado, e não apenas enquanto uma representação”
  • Ao ser constituída a relação autentica com o cliente, o aceitando e se dispondo a escutá-lo o acolhendo com seus sentimentos e atitudes, o terapeuta ocasionará a ele um espaço facilitador para desvendar, vivenciar e acolher seus próprios sentimentos e atitudes.
  • A relação autêntica ocorre a partir do momento em que o terapeuta detém e sabe deixar em evidência a empatia pelo cliente, demonstrando-se um profissional verdadeiro que se empenha na relação, aceitando o outro como ele é.
  • Por meio do sentimento de empatia que o terapeuta nutre pelo cliente, o profissional favorece o ser do cliente, suas sensações e pensamentos, ou seja, o seu viver naquele momento.
  • O cliente ao reconhecer a si mesmo, se aceitando e estabelecendo sua realidade, ele torna-se uma fonte de criatividade, mudanças e incentivador do processo de psicoterapia e da sua própria vida.
  • Empatia, aceitação e autenticidade são conceitos representados por Rogers como atitudes fundamentais para se obter uma boa relação terapêutica, foi o fundador da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) e utilizou esses mesmos conceitos na fundamentação teórica de sua abordagem.
  • As fundamentações teóricas e filosóficas essenciais da visão humanista e a perspectiva fenomenológico existencial mostram-se presentes tanto na ACP como na Gestalt terapia e na logoterapia.
  • As psicoterapias fenomenológicas existenciais estabelecem suas teorias e formas de atuação com base nos processos da empatia, autenticidade, respeito e crenças no potencial humano, princípios que se originaram nos fundamentos da Fenomenologia, do existencialismo e do movimento humanista, onde ambos passaram ao longo de toda história da psicologia até a atualidade.

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