A Queixa da Psicanálise

Queixa

É através de uma entrevista inicial que se deve de fato ter acesso a queixa do cliente. Esse primeiro contato deve-se configurar em um momento de acolhimento e escuta ativa na busca de acolher o sofrimento do cliente.

Ieto e Cunha (2007) trazem a definição de queixa pela percepção consciente do sofrimento por parte do sujeito, ou seja, tudo aquilo que o paciente apresenta como relato de seus sintomas ou de seus sofrimentos ou motivos. Portanto por meio da psicanálise buscamos compreender esse processo de captar a queixa trazida pelo o cliente que possibilita ao terapeuta através da escuta ativa escutar além do que foi dito para que se possa compreender a demanda.

A enunciação da queixa.

Antônio demonstra insatisfação, desânimo e, em alguns momentos, fica inquieto quando fala sobre seu passado e sobre a situação atual da sua vida. Relata que, em alguns dias, não demonstra vontade alguma de alimentar-se e tem sofrido de insônia com bastante freqüência.

Zimermam (2004, P. 278) caracteriza a estrutura neurótica quando algum grau de sofrimento e de adaptação em alguma, ou mais de uma, área importante da vida, tais como familiar, a social, a sexual ou a profissional, incluída também o seu permanente e predominante estado mental de bem ou mal-estar consigo próprio de um maior ou menor auto-estima. Assim podemos dizer que a queixa de Antônio é de ordem sentimental relacionada a sua auto-baixa estima que se presentifica em um quadro de neurose e que por sua vez pode encaminhar para um quadro depressivo.

O que hoje constatamos é que a queixa inicial dos pacientes postulantes à análise recai freqüentemente em uma angústia existencial quanto ao sentido de por que e para que continuam vivendo, ou seja, quanto à validade da existência em si. Nos pacientes que sofrem da “patologia do vazio”, o eixo do sofrimento não gira tanto em torno dos clássicos conflitos resultantes do embate entre pulsões e defesas, mas, sim, o giro se faz predominantemente em torno das carências, provenientes das faltas e falhas que se instalaram nos primórdios do desenvolvimento emocional primitivo, e determinaram a formação de vazios no ego, verdadeiros “buracos negro” à espera de serem preenchidos pela figura do psicanalista, o que poderá ser feita pela figura do psicanalista. (ZIMERMAM, 2008, p. 19,20).

Zimermam (2004, P. 279) de forma mais diretiva apresenta a “neurose atual” onde o ego do sujeito não está conseguindo processar um excesso de estímulos, na realidade e na atualidade estão acossando o seu self. Por certo se deve apresentar o manejo técnico na “neurose atual” que cabe ao terapeuta, juntamente com o paciente, localizar qual está sendo o fator estressante, externo ou interno, que acresceu uma quantidade de angústia que ultrapassa a quantidade de o paciente poder enfrentar. Isso deve vir acompanhado do trabalho analítico de fazer re-significações aos significados alarmantes e que uma parte do psiquismo do paciente esteja atribuindo a algum trauma atual.

Diante das definições de queixa apresentadas sob a perspectiva na clínica psicanalítica podemos constatar que a queixa é e sempre será o ponto inicial e principal para que se busque uma investigação mais aprofundada através dos relatos emitidos pelo o cliente ou responsável. O caso fragmentado apresentado do Antônio é constituído de relatos riquíssimos e fundamentais para que se possa assim obter uma demanda.

O cliente se queixa da dúvida cirúrgica, e apresentam suas escolhas interligadas as identificações com o pai e um tio. Ele escolhera beber e fumar repetindo a demanda do pai. O que nos leva a refletir sobre como terá acontecido a fase de sua vida onde esta presente o complexo de Édipo, numa fase bem oralizada, ou seja, ele escolhe beber, fumar, e tem como escolha de profissão ser locutor, tudo acontece com a utilização da boca.

...